sábado, 27 de março de 2010

Você não acha que sua forma de ver as religiões é um pouco relativista? Do tipo: misturo 100g de catolicismo, com 2 pitadas de judaísmo, mais 3 colheres de espiritismo, etc... Isso não é "reduzir" a fé ao tamanho do seu intelecto?

Mas vem cá, você não acha que vendo a tolerância religiosa e universalismo dessa sua maneira tão "receita de bolo" assim, você não está reduzindo o universalismo e à capacidade do intelecto humano ao tamanho do seu, e da sua fé? ;-)

Você descreve o ecumenismo pasteurizado, e não o universalismo ativo ou a filosofia da religião. Estudo no Seminário Paulopolitano, Filosofia da Religião, Cosmologia, Teodicéia Religiosa, e garanto que nem os padres e teólogos pensariam assim. Mas não dá para explicar as bases disso em poucas linhas, nós mesmos lá - seminaristas, espiritualsitas, budistas, ateus e presbiterianos, todos harmonicamente juntos - precisamos de muito tempo para começarmos a formatar nossas experiências e pensamentos...

Existe uma Filosofia da Religião. Me parece que você defende uma fé absolutista, uma aposta em "escolha uma ou nenhuma". Pois qualquer que escolhesse teria, ainda assim, uma essência por trás. Uma carência de sentido, uma resposta à angústia existencial humana. Somos nós quem criamos deuses à nossa imagem e semelhança, saciando o futuro de nossa ilusão. Você escolhe cultuar um desses mitos, eu como filósofo e universalista prefiro me ater ao ponto comum - belíssimo - que une todas essas fés. O que não me impede de pegar aquilo que há de bom em cada uma - sem precisar pagar dízimos, reduzir meu intelecto ou tomar chás alucinógenos para experimentar Deus em meu coração (o que já é de foro íntimo, e não discussão intelectual).

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Disse para o psiquiatra: o antidepressivo me deixa sem libido. Ele perguntou: - O que vc prefere, a depressão ou a libido? E você o que responderia para ele?

Eu diria que "excessos sexuais" (ou alimentares) em um período em que se está tremendamente depressivo não de chamam "libido" (ou apetite), mas sim compulsão. Com meus pacientes, quando é esse o caso, INSISTO que aquilo do que estão sentindo falta não é a LIBIDO natural e normal.

Já reparou que muitos portadores de psicopatologias as mais variadas tem "fama" (ou acreditam ter) de "bons de cama"? Porque será? De onde estaria vindo toda essa "energia libidinal" reprimida? Não podemos esquecer que a teoria psicanalítica apoia-se JUSTAMENTE nessa questão de recalques da libido, e neuroses que a dão vazão... A relação entre sexualidade e psicopatologia é evidente, portanto, o paciente deveria aceitar - ainda que temporariamente - experimentar um pouco da NORMALIDADE libidinal. Na cama ou na psiquê. O problema é que quem quer ser "intenso" não quer ser "normal". Mas assumo que quem buscou o psiquiatra e o psicanalista tem algum interesse em reestabelecimento da normalidade. É possível viver bem nela, acredite!

Pacientes usuários de alguns Inibidores Seletivos da Recaptura da Serotonina tem relatos de leve diminuição de atividades compulsivas. Incluem-se aí as compensações da depressão que eram feitas com compulsões alimentares e libidinais. A serotonina está ligada também a recompensas por esforço.

Para saber mais, vide artigo da Mente & Cérebro sobre neurociências e neuropsicanálise, entitulado "Freud está de volta":
http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/freud_esta_de_volta_5.html (Artigo com 7 páginas)

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

quinta-feira, 25 de março de 2010

Lázaro, uma amiga tomou o Daime e viu que em suas vidas passadas era uma assassina. Até que ponto isso pode influenciar a vida dela, e até que ponto isso pode ser real?

Até onde sei, o Daime não é uma máquina do tempo. Ele intenta abrir as portas da percepção, facilitar o simbólico, ajudar a pessoa a SE conhecer internamente. E para isso, usa substâncias psicoativas que alteram o funcionamento cerebral. Ótimo.

Logo, ela viu sim algo, mas viu dentro de sua própria cabeça. Uma representação, que pode ATÉ ser de uma vida passada, dela ou de outra pessoa, dentre infinitas outras possibilidades.

Simbólico ou real? Bem, dentro da mente dela, era REAL. Um sonho, mais que lúcido. Mas para os outros, mesmo para quem estava no daime, não era real. Não visitou essa realidade compartilhada por todos 6 bilhões do planeta, não deixou nada sensorial e coletivo. LOGO, é algo interno, simbólico, e portanto infinito. Se a gente fala em REAL no mundo de todos, não há nada que garanta isso, nem é importante que seja. Ela não tomou daime para saber de fuxico astral, né?

Então, verdade ou não, ela precisa interpretar o simbolismo disso. Quem foi que matou o que é bobagem, fuxico astral do passado. Importa que ela precisou ver ESSA imagem, e isso é INTERPRETÁVEL psicologicamente. Em fuñção de coisas que ela está matando ou deixando de matar NESSA vida aqui agora. Se ela viu nela, há uma porção dela - manifesta ou reprimida - que ela considera uma assassina de algo. Por isso a miração. Se eu fosse ela, TRABALHAVA isso. Não adianta a gente ver assassinos internos com daime, liberá-los e deixar sem terapia. Cadu que o diga.