segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Será que meditação transcendental na maioria das vezes atrapalha bem mais do que ajuda? Pelo menos todos que eu conheço que fazem isso são, de certa forma, os donos da razão e não vão mais reencarnar por causa que meditam.

Há perguntas que parecem mais querer afirmar algo do que sinceramente perguntar. Não podem ser respondidas, pois isso implicaria em de algum modo validar o que está nas entrelinhas da questão. Neste caso acima, nem houve a sutileza das entrelinhas, aquilo que se quer afirmar está explícito na frase seguinte. Isso faz com que a pergunta não seja uma pergunta, mas sim uma afirmação (sua), e bastante falaciosa. Mesmo se fossem os donos da razão, e mesmo se não mais reencarnassem não necessariamente a meditação atrapalharia mais do que ajuda.

Aliás, existe reencarnação? E você foi ao futuro no final dos tempos atestar se esses não reencarnaram nunca mais? De que ajudas e prejuizos está falando? Como mensurá-los para dizer que este "bem" aqui é pior do que aquele "mal" acolá? Na ótica de quem, aliás? E de quais meditadores estamos falando? Todos são sempre iguais? A meditação teria este poder, de tornar o caráter de todos os milhões que a praticam completamente iguais, a seu critério?

Talvez você tenha desejado dizer que nota que certos grupos que parecem ser os "donos da verdade" ou que acreditam que podem escapar das reencarnações tem em comum praticar meditação como um de seus procedimentos. Não dá para afirmar daí que a meditação seja a causa do comportamento deles (há inumeras pessoas boas que não são de grupo religioso algum e praticam meditação), e muito menos que "meditação faz mal". Falácia grave, né? Além do mais, há grupos religiosos nocivos que NÃO meditam, e também há grupos não reencarnacionistas e não fundamentalistas que meditam. Então me parece que você elege algum símbolo do grupo que não gosta e ataca ao símbolo (no caso, a meditação) de modo deslocado, em vez de apontar críticas consistentes ao grupo ou pessoa em particular. Isso é melhor explicado pela psicanálise do que pela religião. Se tem problemas com os monges tibetanos e com a seleção da Holanda, deixar de chupar laranjas não vai ajudar.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Ao dizer que o livro branco do Waldo é apenas uma coleção de preconceitos e exigências fundamentalistas, não acha que está agindo conforme a figura que condena? Não está colocando todo o livro branco sob um mesmo rótulo? Não visualiza nada útil

Há coisas ali que ferem a constituição e o respeito MÍNIMO a outras denominações e caminhos, dentre eles ordens iniciáticas, hinduistas, astrólogos, rosa-cruzes, maçons, hinduistas, espiritualistas, cristãos, etc. Muitas vezes, de forma explícita e sistematizada. 

Eu não disse que o livro é APENAS uma coleção de preconceito e exigências fundamentalistas, é VOCÊ quem disse isso quando EU apontei que sim, há preconceitos e fundamentalismo DEMAIS ali, mais que em QUALQUER outra obra espiritualista que já vi em toda a minha vida. A generalização foi sua, e não deve ter sido sem motivo. Mas a meu ver, e isso é apenas minha opinião, é sim um livro desnecessário, creio que a própria projeciologia seria muito melhor sem ele.
Há coisas boas em qualquer livro, e o Waldo tem conhecimento e preparo para isso. Mas quando se mistura tanta coisa grave em meio a algumas coisas boas, o perigo é grande, e não acho que inserir algumas coisas boas no meio de tanto preconceito salve a obra, talvez até pelo contrário - o risco de se tomar preconceitos como "conscienciologia" é muito grande, e de fato ocorreu na história do movimento. Portanto, neste tipo de má intenção com a qual o livro fala de Osho, ufólogos, esotéricos, espíritas, etc, haver coisas boas confundindo só o torna pior.

Por favor, com sinceridade, qual seria a finalidade da experiência de União com o Todo para aquela pessoa que tem consciência exata de que deve amar o próximo como a si mesmo, não julgar, orar por seus traidores e aceitar essa cruz até o fim?

Sinceramente, como pede:

1) Experiências místicas, percepção do divino, integração ao Todo e a experiência direta da Deus não tem "finalidade", não é algo que "serve para", não é uma troca. Em geral, quem busca isso de modo "utilitarista" comete equívocos.

2) Escrevo para relatar, não para provar ou convencer. Falo de Deus apenas porque o coração está cheio dele, mas não quero jamais impor ou convencer os outros de minha experiência íntima. Não tenho uma doutrina ou religião "minha" que eu queira que "o outro" siga, ainda mais se já está feliz no caminho dele.

3) Não creio que o objetivo da vida, se é que há objetivo na vida, seja aceitar e carregar "cruzes até o fim". Nem para ateus, nem para cristãos. Se é seu caminho, respeito; mas a experiência como filósofo, psicanalista e espiritualista me leva a afirmar e alertar que há muitos outros caminhos mais felizes, dentro e fora da religião. 

4) Sei lá, mas se você ama o próximo MESMO, se de fato compreende os seus motivos e alteridade como se fosse você mesmo, e se ainda por cima não os "julga", então porque os chama de "traidores", "carentes" de oração e de cruz a ser carregada? Céus, me parece uma opção de quem se coloca muito acima dos tais traidores miseráveis. Se isso é "amor a si mesmo", talvez haja algo de você naquilo que tanto condena nos outros.

5) Não considero meus caminhos espirituais superiores a nenhuma religião - parece que seus preceitos repetem literalmente o que aprendeu em uma religião. Falo do que vivencio, não do que disseram que deveria ser o meu caminho. Mas nem todos conseguem fazer seu próprio caminho, e por isso as religiões são importantíssimas. Mas vice e versa também, há quem tenha suas próprias experiências diretas do divino, que não cabem em nenhuma pré-formatação. Até chegar onde estou, e tenho muito a caminhar, precisei muito das religiões, mestres, professores, dogmas e livros, inclusive do Evangelho e outros. Não eram Deus, mas eram um caminho até ele. Faça o seu, sozinho ou com a ajuda que precisar.

6) "Ah, como é difícil tornar-se herói, só quem tentou sabe como dói vencer Satã só com orações" (Aldir Blanc & João Bosco, in Agnus Sei)


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Sonhei que uma mulher que eu amei e seu namorado abriram uma locadora. Tentei encontrar sentido nessa palavra e achei "louca dor". Eu evitava essa locadora, mas entrei e conversei com ele. Dentro parecia igreja. Vi uma mandala. Será o self?

Sonho interessante, com muitas possibildades analíticas e junguianas. Se você acha que uma mandala dentro de uma igreja em um sonho é o Self para você, então eu digo que É o Self para você. Foi a SUA associação. Provavelmente seria também a minha e a de Jung, mas isso não é relevante. Se é para você, é para você. Interprete assim. Se quiser, leia as obras de Jung sobre psicologia da religião, são áridas mas vão bem nessa linha do simbolismo do altar como metárora da individuação, e o Cristo (não o da religião, nem o da história, mas o do universo simbólico presente nos altares) enquanto símbolo do Si Mesmo. Jung tem ótimos trabalhos sobre o simbolismo da missa, do Cristo e da Santíssima Trindade.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Sobre crença e verdade íntima. Há umas três ou quatro semanas sonhei que fui convidado a ser goleiro do Cruzeiro. Bem, tenho certeza absoluta (opa!) que tive tal sonho. Como provar cientificamente que tive tal sonho? E se não, isso é crença?

Parece que você caiu no comum equívoco de confundir epistemologia com teoria do conhecimento, mais ampla, que engloba a primeira. O conhecimento dito "científico" é de fato um conhecimento possível e temporário, devido às certezas e incertezas da indução (pesquise por David Hume).

Há vários modos de se obter conhecimento. Se esse é consensual ou não, é outra história. Posso aprender por poesia por exemplo, e obter dali uma transmissão de informações emocionais do poeta, e até mesmo inteligência emocional ou filosofia (a filosofia nasce em um poema de Parmênides), e nem por isso é conhecimento epistemológico ou demonstração empírica de variáveis FÍSICAS, como requerido pelo método científico baconiano (excelente onde ele atua, e só). A religião também tem seus métodos. Experiência Íntima, conversas, recuperação de memórias... E já que citou, sonhos também, porque não? Inúmeros livros foram ditados em sonhos (Robert Louis Stevenson e Stephen King escrevem assim). Inúmeros inventos e composições nasceram de sonhos (a máquina de costura, a genial tabela periódica e a descoberta dos anéis aromáticos de benzeno são exemplos clássicos e famosos, mas há inúmeros em qualquer bom livro sobre histórico de sonhos). De algum modo, é CONHECIMENTO, mas certamente não é conhecimento científico. O sonho não fez um experimento mensurável com objetos empíricos repetidas vezes tentando provar uma teoria. Ainda assim, houve algum tipo de acesso à informação. Mas tampouco foi crença, também. A neurociência moderna talvez dissesse ser a função "intuição" (a séria, não a misticóide), uma inteligência de síntese, uma vez que todos os inventores e escritores que criavam com ajuda de sonhos tinham já antes longo esforço no sentido do que criavam, cabendo ao sonho apenas sintetizar coisas que o intelecto racional não teria condição de organizar sozinho.

Então, vamos ao seu caso. Como provar "cientificamente" que você TEVE o sonho? Sabendo então que é um sonho, a pergunta melhor seria PORQUÊ você precisaria "provar cientificamente" ATÉ MESMO que teve um simples sonho, que você mesmo reconhece como tal? Como psicanalista eu diria que isso parece uma tentativa exagerada de controlar racionalmente "todas as variáveis" até mesmo de um simples sonhos, do PRÓPRIO mecanismo intuitivo e onírico, e suspeitaria que talvez não tivesse obtendo o mesmo sucesso ao tentar "controlar" o mundo externo, voltando uma exigência paterna interiorizada de característica neurótico obsessiva agora contra si. Mas não lhe conheço para tanto. Mas se por acaso as pessoas acham mesmo você muito controlador, ou pouco, ou se tem algum traço obsessivo e/ou compulsivo, ou se é visto como racional demais, ou emocional/intuitivo de menos, eu sugeriria procurar ajuda antes que vire prejuizo.

Como filósofo, eu já pensaria fenomenologicamente nesse caso. Ora, você não sabe se viveu o dia de ontem, a não ser como fenômeno. (agora pesquise por Husserl). Sua memória nunca foi fato científico, nem ela mesma está dentro de você. Tudo está externo à sua consciência, INCLUSIVE suas memórias! Você acessa uma realidade que acha que toca, você acessa uma lembrança de quem você acha que ama, você acessa uma crença em algo que você acha que explica seu mundo, mas você mesmo, consciência, é COMPLETAMENTE VAZIO de conteúdo e significado!!! (é sério, pesquise Husserl, risos). Não somos NADA, não podemos ter certeza nem mesmo de que tudo seja ilusão, como querem alguns, e menos ainda da realidade. No fundo, você não prova cientificamente nem mesmo que comeu ontem tal coisa. No máximo você mostrará algumas fotos, apelará para algumas lembranças comuns de alguém. Assista "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças", é uma boa metáfora hollywoodiana para as nossas limitações fenomenológicas.

Então, se você(s) entendeu(ram) um pouco do que falei, vamos vendo como vai ficando sem sentido "ter que" provar que se sonhou o próprio sonho. Provar PARA QUEM? POR QUÊ? O sonho é uma instância fenomenológica SUA também, e tanto é que às vezes, quando está nele, ele se torna imediatamente a sua realidade. Talvez esse momento agora aqui seja algo parecido. Como costumo brincar com pacientes e alunos, se estou aqui vivo bem aqui, se a parede me disser bom dia Lázaro eu respondo bom dia parede, e se amanhã eu me ver no inferno... abraço o capeta, oras! Acho esse ditado "está no inferno, abrace o capeta" de uma sabedoria fenomenológica exemplar.

Quanto à natureza do sonho, há várias teorias e funções, eu explico isso melhor em um artigo completo em minha página (http://www.voadores.com.br/lazaro). Nenhuma delas depende de uma "comprovação" e menos ainda "científica" e para o OUTRO de que VOCÊ tenha sonhado. É sua realidade interna, e é o seu inconsciente que está em análise. Porque essa necessidade psíquica de colocar O OUTRO nisso?

Bem, uma explicação freudiana poderia ser a de manifestação de um desejo. É uma dentre várias. Depende do que você é, do que almeja, do que Cruzeiro e Goleiro significam para você. Para um pode ser a possibilidade de um sonho, utópico ou não. Se fosse meu, entretanto, que não jogo mais bola, tenho 46 e estou acima do peso, certamente teria OUTRA interpretação, já que sou cruzeirense, assisti a quase todos jogos importantes de Raul no Mineirão, jogava sempre no gol com minha camisa amarela, e fui criado em subúrbios de Belo Horizonte, em uma época de cruzeiro invencível. Eu investigaria questões de minha infância. Isso porque eu era, de fato, goleiro. Se não fosse, eu já pensaria em porque eu teria me colocado, no meu próprio sonho, como o responsável pelo possível fracasso de meu time de coração, caso eu não cumpra as exigências alheias. E uma torcida inteira te olhado e cobrando pode ser a projeção de uns 50.000 pais observando atentamente seus sucessos e fracassos. Multiplique por mais 50.000 se seu pai também for cruzeirense. E nessas hipóteses últimas, voltamos à possibilidade de neurose obsessiva, uma vez que esta começa com uma exigência excessiva dos pais (reais ou sociais), de tal modo que o superego ao invés de apenas se voltar contra os desejos do id (o que geraria depressão) se rebela e transforma-se, ele mesmo, em uma espécie de militar que dá ordens para o EGO consciente, obrigando o neurótico a TER QUE fazer sucessivas atitudes repetitivas ou reorganizadoras de um grave conflito intersistêmico que se volta agora contra o mundo externo (fazer coisas compulsivamente, coleções, comida, masturbação, arrumar coisas neuroticamente, conferir 10x se algo está fechado, só pisar em pisos brancos de um quadriculado, etc, etc). Mas note que se você for atleticano, há outras leituras.

Talvez você queira dar a isso um ar de premonição, ou talvez de prospecção junguiana. A última é um tipo de premonição lógica, algo que parece adivinhação, mas na verdade é intuição do inconsciente em relação a possibilidades já semeadas, como um supercomputador que consegue antever diversas jogadas no xadrez (mas se você não as jogá-las, NADA acontecerá). É uma possibilidade, Se você for bom goleiro, E estiver fazendo testes, E merecendo, etc, etc. Senão, não. De todo modo, acho curioso o fato de, num sonho assim, você QUERER que haja uma comprovação "científica". Parece uma necessidade de converter, diante dos olhos alheios (olha o pai aí outra vez), algo que era "sonho" (ou desejo) em "realidade". E não uma realidade qualquer, mas aquela auferível a um observador crítico externo (sai daqui, papai).

Dá pra falar muito mais, mas creio que para uma pergunta tão difusa, já há mais aulas de filosofia e saber psicanalítico aí em cima do que me foi solicitado - ou o que o meu tempo, agora, me permite. Continuarei se houver repercurssões desta mensagem na Voadores ou no Facebook.

Apenas para concluir, o método científico sequer é um só, há o de Francis Bacon (derivado da filosofia), mas também os de falseabilidade (pesquise por Poper), as propostas de Jung para um método de investigação acausal (baseado em estatísticas e probabilidades, uma vez que há eventos onde não podemos reproduzir as causas) - e a recente física quântica (a séria, não a de filmes esquisotéricos), que demonstra que em outras escalas nem sempre os nossos princípios lógigos de identidade e outros são aplicáveis.

E SE POR ACASO VOCÊ FOR MESMO CONVIDADO A SER GOLEIRO DO CRUZEIRO, OLHA LÁ O QUE VAI FAZER, PORQUE SE TRATA DO MEU TIME DE CORAÇÃO, E VOCÊ VESTIRÁ O MANTO SAGRADO DE RAUL PLASSMANN, DIDA, GOMES E FÁBIO, OS MELHORES GOLEIROS DO BRASIL!!! :-D

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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Em uma de suas respostas você citou "dogmas e crendices do espiritismo federativo cristão, em especial seus pensamentos neocatólicos". O que mais especificamente viria a ser isso?

Que o espiritismo brasileiro não é necessariamente o mesmo de Kardec, que sofreu sincretismos poderosos, em especial do catolicismo e cristianismo, e mais ainda influências do jogo de poder, ego e dogmas que aqui se organizou na forma de federações, as quais tantas vezes foram mais censoras do que difusoras e incentivadoras da evolução que Kardec preconizava para o seu espiritismo.

Digo também que o espiritismo não escapou de vários dogmas comuns a outras crenças, com o agravante de muitas vezes se achar superior e imune a eles. E digo também que o que muitas casas fazem, na prática, é algo híbrido, cheio de crendices, onde a estrutura do catolicismo é mantida, especialmente em crenças e dogmas tomados por osmose como sendo "de Deus", mas nem sempre o lado bom da organização e teologia católica.

E assim, para muitos, sai o demônio e entra o obsessor, sai o anjo da guarda e entra o mentor, sai a homilia e entra a preleção, sai a Bíblia e entram as obras de Kardec confundidas com "livros sagrados", sai o inferno e entra o umbral, sai o paraíso e entra Nosso Lar, sai Chico de Assis e entra Chico de Uberaba, sai a comunhão do final e entra o passe, sai a reza e entra a prece, e os ditos "espíritas" continuam batizando seus filhos na igreja do bairro, às vezes até mesmo se casando de véu e grinalda, isso quando não visitam "os mortos" (sic) no cemitério no dia de Finados...

Nada contra, acho que esse sincretismo todo é mesmo a cara do Brasil. Só não é mais o espiritismo de Kardec, um universalista que usava nome de druída. Trata-se de um neocatolicismo reencarnacionista, que aliás faz muito bem para a mãe de muitos de nós, um progresso leve, uma escala, que está mais para uma evolução do catolicismo antigo do que para uma identidade verdadeiramente original e espiritual, como arrogam seus mais radicais dirigentes e defensores.

Ficou mais claro agora? ;-)

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Como ser espiritual sendo cético? Acredito num mundo de energia invisível que interfere para o bem e para o mal, mas é só. Não acredito em religiões, não me entendo bem com o culto aos símbolos (como santos, patuás, lugares), sou desconfiado de m

Defina "espiritual" e "cético". Eu creio que só dá para ser "espiritual" de fato sendo "cético", no sentido pirrônico original. Caso contrário, seremos no máximo dogmáticos, religiosos.

Há vários caminhos para resolver esse seu impasse. O budismo é uma delas, uma espiritualidade no aqui agora, sem santos, deuses, astrais ou "além". Outra possibilidade, mais mental e filosófica, que vejo com bons olhos, é o DEÍSMO: http://pt.wikipedia.org/wiki/De%C3%ADsmo

O ceticismo original jamais negaria a espiritualidade, apenas tampouco a afirmaria. Quem nega tudo e afirma a matéria não é "cético", mas sim materialista, um outro tipo de crente. Se acredito que algo não existe, já não sou mais cético. Um verdadeiro cético, que não seja radical, simplesmente suspenderá o juizo. Pode ser um bom passo para ir além do senso comum, abrindo espaço para uma futura transcendência, se esta existir ou for possível: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pirronismo

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Você acredita, como psicólogo, que é possível não envolver suas crenças e juízos de valor no processo terapêutico?

É impossível anular o meu inconsciente, mas há técnicas para identificar e TRABALHAR a transferência e a contra-transferência. Essa é, aliás, a grande diferença da psicanálise para todas as outras técnicas. Não há psicanálise sem transferência - e seu manejo.

Infelizmente, muitas outras boas técnicas de psicoterapia, psicologia e principalmente "terapias" (alternativas, não acadêmicas, espiritualistas,etc) sucumbem justamente aí, acreditam (indevidamente) que ser "terapeuta" é dar conselho, ou interpretar o simbolismo alheio a partir da própria associação, crença ou julgamento. As consequências são desastrosas, por motivos transferenciais.

Por fim, não sou psicólogo, sou psicanalista e filósofo de atuação clínica. Não é a mesma coisa! E muda tudo, especialmente em relação à sua pergunta, uma vez que filósofos são treinados para lidar com a alteridade, e psicanalistas com a transferência - ao passo que muitos terapeutas, infelizmente, se perdem nas próprias inferências, julgamentos e "modelos prontos", enxargando o outro da mesma cor dos óculos escuros que usa.

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oi, há algum mal em espiritual em fazer sexo anal? isso não é uma brincadeira. nas igrejas me falam que isso não é de Deus. Vc teria alguma informação que confirmasse isso? Obrigada. Vanúscia

Se os dois querem, não vejo problema, ainda mais espiritual. Aliás, há alguns episódios de homossexualismo e de sodomia relatados na Bíblia, no Velho Testamento, embora em outras passagens a mesma Bíblia condene, Questão da teologia de cada um. Na minha opinião, quem sabe o que Deus quer para a minha vida não é o outro, a conexão com o divino é pessoal e intransferível, você não está fazendo mal a ninguém se quiser e gostar de fazer. A função da igreja, a MEU ver, deveria ser outra, congregar os crentes e fiéis, permitir trocas de experiências, juntar dois ou mais para celebrarem algo maior, e não invadir a intimidade (ops) dos demais com seus julgamentos e condenações.

Curioso é que já vi grupos evangélicos defendendo o sexo anal (é sério também), uma vez que, segundo eles, o que o casal legitimamente casado faz em sua intimidade sempre serve a deus, uma vez que o corpo é divino e perfeito em todas as suas partes. O tema é polêmico, uma vez que culturalmente muitas esposas evangélicas são submissas, ou acham equivocadamente que devem ser, e há riscos deste tipo de ato não ser tão "consentido" quanto aparenta, mas sim um estupro silencioso. Aí não precisamos de Bíblia para deduzir não ser algo bom.

Para mais informações sobre as opiniões controvérsas dos evangélicos a esse respeito, vide: http://www.google.com.br/search?q=evangelicos+sexo+anal

Mas como perguntou a MINHA opinião, que não sou evangélico, não tenho nada contra, muito pelo contrário (ops). Claro que cabem aí as recomendações todas sobre cuidados, higiente, vontade mútua - não a ponto de ser algo por demais esterilizado e politicamente correto, o que não faria sentido nesse tipo de sexualidade, mas também não a ponto de ser irresponsável, compulsivo ou forçado. Com bom senso e consentimento mútuo, tudo na vida se encaixa em seu lugar. Ops again. :-)

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Tudo o que somos é fruto do que vivemos ao longo da nossa existência??Traumas, medos, culpas...?

Tudo o que somos é multifatorial, somos a confluência de muitas causas, inclusive as psicológicas. Hoje falamos em um paradigma bio-psico-sócio-espiritual. Obedidade, por exemplo, pode ter fatores nutricionais, genéticos, compulsivos, compensatórios, metabólicos, hormonais, culturais, familiares, psicanalíticos, etc.

Se por "tudo", em "tudo o que somos", você se refere a "traumas, medos, culpas" e essa categoria de emoções e marcas psíquicas, aí sim nossas vivências contam muito, por definição. Medo e culpa são emoções, são importantes para nossa sobrevivência, assim como a raiva, ciumes, alegria, tristeza, etc. Todos mamíferos tem, e há vantagens evolutivas nisso, desde que não se tornem patológicas devido a excesso ou a causas inconscientes (aí o medo vira fobia, o ciume zeloso vira delírio psicótico imaginativo, restritivo e agressivo, etc). Já TRAUMA, a palavra que escolheu, por definição implica no registro de uma situação emocional dessas de modo profundo, ao longo do desenvolvimento (muitas vezes o infantil), de modo que passamos a ter reações inconscientes em relação a tudo que se aproxime daquilo, mesmo indiretamente. Inclusive o esquecimento. Ora, por definição, "traumas" no contexto que você coloca, associado a emoções e culpas, certamente está ligado ao desenvolvimento DESSA existência, e cercado de esquecimentos e neuroses, essas coisas que psicoterapia séria tenta encontrar e tratar.

Há quem acredite, contudo, que a origem resida em vidas passadas. Eu respeito, mas a experiência me mostra que, se supostas vidas passadas influenciam, elas então devem determinar em que casa você nasça, com que pessoas vivenciará situações, a que carências e traumas você será submetido - e se isso é verdade, não é campo para a terapia. Mas note que os problemas que você encontra NESSA vida terão sempre explicação psicanalítica NESSA vida, mesmo se, em sua crença, o motivo de você e não eu tê-los passado tenha ocorrido por outros motivos que agora não podemos ver. Prefiro crer que Deus nos coloca no mundo por motivos d'Ele, que não me cabem questionar, mas que a partir do momento em que estamos aqui, por qualquer razão que seja, temos que dar conta AQUI de nossos problemas, traumas e soluções, sem culparmos tanto o invisível, as vidas passadas, a espiritualidade ou até mesmo "Deus". Em havendo justiça, tudo está certo, e temos aqui recursos suficientes para lidar com o que somos e estamos. Cada um em seu campo, o sacerdote, o psicanalista e o médico são três deles.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

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Bom, eu quero chegar na academia logo mais para cuidar de meu corpo, depois à clínica para ajudar 9 pessoas hoje e amanhã bem cedinho na escola para dar aulas de filosofia. E quero fazer tudo isso com alguma consciência, amor e felicidade. Acho que estou chegando bem, pois nunca vivi tão leve, tranquilo, resolvido, amado e feliz. ;-) E você?

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

O que fazer quando mesmo com psicanálise o sofrimento continua muito grande e percebemos que, mesmo depois de anos, continuamos sofrendo com as mesmas coisas? Chega uma hora que tanto sofrimento e energia gasta tentando superá-los cansa tanto!

A psicanálise é uma boa TÉCNICA. Não a única, mas um auxílio, e como tal tem seus limites, parte deles dado pela própria pessoa. Costumo lembrar aos pacientes que nada muda se você não mudar. Não é o desejo do analista que faz diferença, a psicoterapia é um constructo a dois. Eu não tenho a ilusão ou pressão de ter que resolver a vida do paciente, ele mesmo a construiu, e é ele quem a viverá fora de minha sala, onde passou poucos 45 minutos de sua existência. ENTRETANTO, procuro sempre lhe dar algo, mesmo que eu não possa intervir no passado dele, nem viver seu futuro. Pego as pessoas em um estado, dou consciência e as levo a outro. Estou em uma transição, somos ponte, bastante significativa, e ainda por cima móvel (se ele caminhar, estarei como ponte em outro lugar). Mas não tenho dúvidas de que a caminhada é individual, e sei de muitos pacientes que, embora já tenham consciência de suas questões, no fundo ainda repetem reações, pessoas e padrões. E sofrem com essa repetição. Não acho isso necessariamente "errado", cada um tem seu tempo, e creio fortemente que essa fase em que se sofre por notar que ainda comente os erros que já conhece não deixa de ser uma EVOLUÇÃO. Antes, sequer havia consciência! Agora já conseguem se autocriticar, ainda que uns dias depois! Em breve - e espero que seja breve mesmo - conseguirão enfim ter a voz do Self em tempo real. E certamente alguns vão errar mesmo assim. No próximo passo, terão crítica e não farão; e, posteriormente, quem sabe, sequer adentrarão a situação, compreendendo ENFIM que somos nós quem atraimos. Nada muda se você não mudar, e se as atitudes ainda são as mesmas, as mesmas pessoas e situações se repetirão.

Eu respeito todos os tempos que as pessoas pedem para si mesmas, mas costumo lembrar que 3 dias é muito pouco para se esquecer um grande amor, 3 semanas não farão muita diferença profunda ainda, mas 30 anos já é tempo demais. Quanto cada um precisa? 3 anos? 3 horas? 3 meses? 3 estações? Eu respeito qualquer timing, cada um é que sabe de sua dor, o quanto precisa repetir o mesmo sofrimento para aprender algo com isso em um nível profundo e reorganizador da própria existência. Mas sempre lembro que tempo de menos gera equívocos e dores maiores, e tempo demais pode significar sofrimento desnecessário e atraso existencial.

E você, quanto tempo ainda precisa permanecer na vivência do mesmo padrão - do qual parece já ser consciente - para perceber enfim que é preciso mudanças não só no outro, mas nas coisas mais simples e complexas de você? O que mais é preciso para você compreenda que podemos reescrever nosso passado a partir do futuro, e vice-versa? Eu respeito qualquer tempo, como eu disse, mas às vezes 3 dias é muito pouco, e 30 anos tempo demais. ;-)

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Como evitar que a busca pela realização do self se torne uma desculpa para o exercício do mero egoísmo?

Se você diz "self", fala de conceitos junguianos ou winnicottianos. Isso implica em um inconsciente de ação COLETIVA, com um profundo senso de "ecossistema" humano, uma ética de ETHOS grego original, ou seja, a sensação de pólis, de bem comum, de expressão do indivíduo consciente enquanto célula de um ser maior. Egoismo? Como o próprio nome já diz, Ego não é Self, se fosse não haveria o conceito maior. O ego é importantíssimo, mas é apenas a pequena porção individual que julgamos conhecer sobre nós, a ponta de um iceberg. Portanto, se o contato com o "self" faz de alguém mais EGOista, menos ético, cumprindo menos seus papéis no mundo, certamente não deve ser atrás do Self que a pessoa está indo.

O ego tem sua função, e assim como a ponta visível no iceberg, não pode ser "matado", a não ser que se dissolva TODO o iceberg existencial no oceano maior. Pense no iceberg: Quem tenta equivocadamente matar o ego (sic) acabará apenas por reduzir seu próprio tamanho, incorrer em perigos para si e para os demais e, pior, fará com que outra ponta antes submersa reapareça no lugar. Não há ego maior do que o daquele yogue ou místico que se acha sem ego, e diz que "eu me uni ao Todo, e vocês mundanos não". Ora, que Todo é esse que exclui os demais? Se o sujeito for matando ego por ego, derretendo o próprio iceberg a cada vez que algo visível de sua existência se manifesta aos outros, não estará fazendo trabalho espiritual algum, ao contrário, apenas negando sua condição de manifestação existencial temporária no aqui-agora, o que pode ser até mesmo o CONTRÀRIO de ser espiritual.

Quando falamos em Self, falamos de um todo, que inclui todos os arquétipos e inconsciente, e que se comunica e harmoniza com o oceano onde nosso iceberg flutua, imponente, mesmo que na maioria das vezes só percebamos uma pequena ponta externa. Realizar-se no Self não é ficar iluminado nem tornar-se um guru clarividente sabe-tudo, mas apenas conseguir mudar a sede da personalidade do EGO para o SELF. Você não pensará com o SELF, mas conseguirá de algum modo perceber seus sinais. Seja em sonho, psicoterapia ou contexto espiritual.

Eu, particularmente, continuo vivendo com meu EGO consciente e PERSONA (aparência, máscaras sociais), uma vez que atuo no mundo. Mas faço terapia, observo meus sonhos, sou atento a sincronicidades, e por experiência SEI que quando há caminhos realmente importantes para mudar em minha vida, consigo receber recados de algum modo, as pessoas ou sonhos certos chegam até mim, e eu de algum modo consigo traduzir. Isso, até onde percebo, é se aproximar da realizaçao do Self: Ele continua externo a meu ego, mas já o reconheço como diretor da empresa, com mais capacidade de percepção e ação coletiva, e consigo receber e reconhecer suas comunicações. ( Agora só falta eu conseguir cumprí-las melhor... ;-)

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Já passou por alguma catarse?

Desde pequeninho, a cada gol que aquele time de Raul, Piazza, Dirceu Lopes, Tostão e Natal marcava no mineirão! Depois que eu descobri a sexualidade, então, aí é que tive mais um monte. E jogando bola, então? Especialmente no time da empresa, quando botamos os bichos para fora? E os transes mediúnicos? E as meditações ativas que já coordenei (quem fez meditação comigo sabe que uso muito metallica, satriani e cia, e muita muita atividade física e tarefas non-sense antes do STOP a la Osho)?

O problema (a meu ver) é quando psicoterapeutas deixam de fazer seu trabalho analítico e passam a promover catarses clínicas, algumas com desculpas espirituais. Respirações estranhas, transes, hipnoses, técnicas de grito ou porra-louquice, etc. Alguns chegam a dar alucinógenos indígenas para pacientes, alegando intenções "terapeuticas". E, pior, às vezes ainda misturando crenças e espiritualidade nisso! Dá sensação de alívio? Bem, claro, pode dar. Ajuda a liberar tensões? Bem, errr, pode ser. E exatamente por isso pode NÃO SER terapêutico, mas sim ilusório, paleativo. Dando a falsa impressão de que a pessoa sempre saiu "bem", mas sem dar compreensão sobre a raiz do problema.

Explquemos: a catarse, seja no mineirão, seja em um transe anímico, seja no palavrão que se solta no trânsito, tem características de "liberação" de pulsões. Vai libido ali. E muito, muito inconsciente. Acontece que esta espirradinha, por mais forte que seja - e há riscos quando é forte - no fundo é insignificante diante de tudo que há lá dentro das profundezas, onde os contextos foram represados.

Além do mais, o inconsciente tem seus mecanismos de DEFESA em relação a conteúdos, e não usamos a palavra "defesa" à toa. Exposição direta a algumas questões traumáticas podem nos levar inclusive à psicose, e é consenso analítico de que as nossas neuroses, antes de serem uma "doença" como querem alguns psicólogos e psiquiátricas, é antes de tudo uma "cura", a melhor expressão que aquela psique conseguiu organizar. Cabe a um bom psicoterapeuta compreendê-la (em sua raiz) e ajudar para que o remédio da defesa não mate o paciente, ou seja, para que possamos conviver socialmente com quem somos, e arrumemos outras soluções e sublimações para nossos problemas e traumas, um pouco melhores do que a repetição neurótica das respostas infantis. Portanto, técnicas profundas de liberação da tampa da chaleira sem o devido manejo e mudança consciencial podem ser enganosas e estéreis, e ainda correm o risco de se tornarem,,,, perigosas.

Mas e as religiões, não promovem catarses há tempos? Isso não é bom? Bem, note que uma catarse religiosa, como fazem alguns ritos, geralmente tem um contexto ético ou iniciático associado, ninguém "faz a cabeça" ou "desenvolve mediunidade" da noite para o dia ou sem compromisso com os preceitos daquele grupo ou religião. Antes de um índio participar das beberagens e fumos sagrados, precisa dar provas sucessivas de sua coragem e maturidade, às vezes se adaptando por anos. Observe que o que pseudo-xamãs e terapeutas menos responsáveis (ou, talvez, menos informados e com menor base acadêmica séria) fazem NÃO É isso, já que às vezes colocam o sujeito em contato com regressões, respirações holotrópicas, renascimentos profundos e até mesmo alucinógenos já nos primeiros contatos. Embora alguns possam talvez entrar em contato com seus complexos conseguindo ter algum insight e organização disso, o risco não compensa, uma vez que para a maioria será apenas pirotecnia fenomenológica com sabor (temporário) de alívio; e, para uma minoria, infelizmente um risco altíssimo e bem real de induzir estados de surto, por expor o sujeito violentamente a algo que a sabedoria de sua psique elaborou uma vida toda para bem se defender.

Se fosse mesmo tão terapêutico assim, a torcida da Gaviões da Fiel apresentaria o maior nível de equilíbrio psíquico e normalidade do planeta. A catarse pela catarse é, no máximo, "gostosa". Claro que a pessoa terá a sensação de ter colocado seus bichos para fora, e muito terapeuta menos técnico encherá os bolsos com isso. Mas os bichos sempre estarão lá, aguardando o novo jogo ou nova sessão.

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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Vc ja trabalhou com médiuns em consultório? Me parece que médiuns estão em constante alteração de sintonia é normal dizerem não saber se certos comportamentos são seus mesmo, quando inexperientes. Poderia o analista tratar a entidade ao invés do

A maior parte de meus pacientes me procura devido a questões espiritualistas. Eu trabalho fenomenologicamente ENTRE o psíquico e o dito espiritual. O analista NÃO TEM que tratar a "entidade", uma vez que não nos compete julgar o que EU, em minha crença (que pode ser diferente da dele) acho que causou o efeito psíquico no paciente, mas sim compreender o efeito psíquico, o que ele tem a dizer, quais efeitos, qual a atitude necessária a partir daí. E por não julgar digo não acreditar mas também não desacreditar. Se você notar bem, tanto faz o paciente acreditar que a causa de seu problema é um obsessor, ou a sombra de Jung, ou o demônio do evangélico, ou o inconsciente recalcado de Freud - observe que as quatro "explicações" no fundo atuam do mesmo jeito, dão o mesmo tipo de recado, e pedem mais ou menos o mesmo tipo de providência para modificar a sintonia. Então podemos tratar disso de modo TRANSPESSOAL e ao mesmo tempo ESTRUTURAL, fenomenológico, lidando com as dinâmicas, e não fazendo conversão do paciente às minhas crenças.

Se isso fica bem compreendido, dá para perceber também porque eu NÂO concordo com terapeuta ALGUM tratando de espírito em sessão clínica, e porque isso jamais tem como ser sério, nem como psicoterapia (que pede outros métodos), nem como espiritualidade autêntica (que pede outro cenário e não depende desta distorção). Nada pessoal com as boas pessoas que praticam isso com boa intenção, mas perceba que ao fazer isso, eu contaminei o setting terapêutico com as MINHAS crenças pessoais, o que de algum modo sobrepuja as do paciente, e o que infelizmente me fará fazer inferências MINHAS sobre "o que" pode estar causando o problema do paciente. Isso seria um absurdo em termos analíticos e transferenciais, uma vez que, ao dizer o que EU acho que seja, estou perdendo a oportunidade de garimpar o simbolismo interno do paciente, além de adentrar em um terreno transferencial praticamente inevitavel. E transferência é sempre uma via de duas mãos, portanto há um risco da sessão se tornar palco lamentável para carências mútuas, projeções psíquicas poderosas e até paixões e ódios (afinal, um dos dois está em um papel de pseudo-saber), ou seja, dependência - no caso bem remunerada. Acho TEMERÁRIO. Para entender melhor o porque, recomendo a leitura dos Artigos Sobre Técnicas de Freud, em especial em relação à transferência. Deveriam ser lidos por terapeutas de QUALQUER abordagem, mesmo se não adotarem os conceitos psicanalíticos. Talvez até mesmo professores de idiomas pudessem se beneficiar dessa compreensão desses mecanismos transferenciais.

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Professor, minha amiga tem crise de pânico, fuma maconha etc e ela faz tratamento com psicológco e psiquiatra. Vc que passou por isso, como conviver com uma pessoa que esta passando por isso, o que fazer? O que não fazer? Qualquer recomendação será

Eu já passei por isso? Por qual ISSO eu passei? Pânico, Maconha, Tratamento Psicológico ou Psiquiatria? :-)

Não sofro de pânico, não sou paciente de psiquiatria, e as vezes que experimentei drogas seriam contadas nos dedos da mão, a última delas há uns 30 anos. Já convivi com uma namorada que tinha síndrome de pânico, é disso que está falando? Ou dos pacientes que atendo? Já tive muitos e muitos sucessos lidando com pânico, mas em todos os casos o paciente precisou se ajudar - e não foi fumando maconha em lugar de se tratar.

Se o que me pergunta é como lidar com a crise de pânico de sua amiga, infelizmente só falando com a sua amiga mesmo. Mas se for síndrome de pânico mesmo, a meu ver o tratamento psicológico _E_ psiquiátrico é indispensável. E, evidentemente, fumar maconha não vai ajudar muito, ela precisa de outro tipo de drogas, bem mais específica e controlada, ministrada por gente especializada.

Há alguns livros e sites com relatos de pacientes de pânico, e a internet tem alguns sites com a fenomenologia do pânico. Prefira os sérios e acadêmicos.


A India é um país com vasta cultura espiritual, ao mesmo tempo miserável, e sujo, e com uma tradição de "desleixo" para com o mundo material. O que acha disso? Vê inconsistência?

Creio que Yin e Yang se complementam. O Oriente tem muito a aprender com o Ocidente, e vice-versa. Espiritualidade sem pé no chão tente a ser psicótica, aterramento sem transcendência pode ser neurótico.

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Amor é aconchego, paz. Sexo é inquietude, perturbação que pede para ser resolvida. O excesso de amor cria atmosfera contrária ao sexo?

Eu não concordo com a intenção da primeira parte da formulação, e a "pergunta" parte do pressuposto que a premissa anterior seja uma definição precisa... Fica difícil responder assim, perguntas que parecem mais querer afirmar uma visão particular. Se eu disser o que acho sobre excesso de amor (?) e afetividade "contrária ao sexo" (???), poderia ser compreendido com base nas SUAS crenças sobre amor e sexo - as quais, parece, são bem distintas do que eu penso.

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As pessoas costumam ter sonhos com lugares agradáveis? Os lugares nos meus sonhos são sempre estranhos ou assustadores, mesmo quando bonitos escondem algo terrível. Nunca há paz. É comum?

Tanto sonhos agradéveis quanto desagradáveis são comuns. Se as situações são repetitivas, sejam boas ou más, é altamente provável que haja um recado do inconsciente nisso. As variações dependem da psique do sonhador, e somos todos únicos. Não posso generalizar sem te conhecer, nem ter detalhes do sonho, por internet seria impossível - mas, talvez, haja algum trabalho de sombra no sonho, a metáfora de que mesmo em situações aparentemente "bonitas" há uma porção da personalidade que se comporta de modo sombrio. Na impossibilidade de consultas analíticas, sugiro fortemente que leia MAGIA INTERIOR, de Robert Johnson, lhe dará elementos para compreender melhor a sombra possivelmente retratada. A seguir, sugiro o CAMINHO DOS SONHOS, de Marie Louise Von Frans. De posse dos dois, creio que terá uma boa possibilidade de tradução do recado que seu Eu maior tanto quer lhe passar. Vale MUITO a pena escutar.

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Li uma entrevista de uma ginecologista dizendo que em casos graves de TPM pode se receitar antidepressivos. O que você pensa disso?

Me parece apropriado. Até porque o que chamam popularmente de "antidepressivo" dificilmente será um remédio-para-depressão, ou só para depressão. Talvez estejam querendo dizer "inibidores seletivos da recaptura da serotonina", e se foi isso, alguns deles tem indicação regular para lidar com transtornos menstruais. É usual, não é sequer off-label.

Medicamentos ISRS (essa categoria) são usados para várias finalidades, e NÃO atuam no sistema nervoso central, mas sim na MAO. Não se esqueça, finalmente, que muitas mulheres NÃO TEM "tpm", em geral há uma predisposição psiquiátrica que é agravada pelos hormônios e humores do período menstrual. Ter o que chamam popularmente de "crises de tpm" não é o normal e saudável, psiquicamente, a meu ver. Não somos escravos de nossos hormônios assim, é perfeitamente possível ser equilibrado. Se isso não é possível devido a uma questão orgânica temporária, porque não usar uma medicação? Os mesmos ISRS são usados, na Europa, para a depressão sazonal de inverno.

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Láz, segundo a Gnose, o ser humano não possui individualidade e, quando morremos, a personalidade vai se dissolvendo em poeira cósmica. o que continua mais além do sepulcro é o ego, o eu pluralizado que a seu tempo reincorpora. O que você pensa dist

Penso que cada um faz seu mito, exatamente porque nenhum de nós possui a verdade. Cada um acredita naquilo que pode, quer e consegue. Acho válido. São aproximações do que só saberemos quando chegarmos lá, talvez até tenha uma pontinha de verdade, assim como os espíritas, budistas, cáticos. hinduistas e evangélicos tenham outras. Tenho a impressão de que quando chegar o dia, daremos risada e diremos "ah, mas era isso o tempo todo?" (hehehe). Algo muito mais simples do que nossas complicações, e ao mesmo tempo algo que ninguém tivesse pensado perto.

O que acho complicado, em algumas correntes, é a apropriação equivocada de alguns termos de outras áreas, como "ego", "arquétipo", "dimensões", "dna" ou "quântico". Geralmente, quem faz isso em espiritualidade acaba dizendo besteiras, mesmo que bem intencionadas. Como costumo dizer, matar o ego é o mesmo que viver em psicose, os manicômios estão cheios de gente que abdicou do ego. Mas tanto faz, porque o uso que fazem dessas palavrinhas "da mora" é completamente inapropriado, a ponto de ser inofensivo.

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Você acredita na vida após a morte?

Se o que temos após a morte é vida, então o que temos após a vida não pode ser chamado de morte. Acredito na possibilidade de VIVER a vida, aqui ou lá, mas parece que a maioria mortificada não consegue fazer.

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Se quem está vivo não tem como saber o sentido da vida, que cobrança a espiritualidade pode fazer dos encarnados?

Espiritualidade não COBRA. Religiosos dizem que "a espiritualidade" está cobrando dos seus discípulos aquilo que eles, os "mestres", acham que OS OUTROS é que deveriam fazer... E que na maioria das pessoas, eles, os mestres, não fazem.

Se devessemos reagir ao invísivel e por ele ser "cobrado", teriamos certamente instrumentos claros para isso. Mas, ao contrário, se considerarmos a possibilidade de vida além da vida, parece que temos esquecimentos e deficiências propositais. Nesse caso, a proposta de Deus me parece muito clara: Você está aqui para viver ESSA experiência daqui, para cuidar de sua própria vida, para enxergar BEM aquilo que está diante de seu nariz, para parar de culpar o passado e projetar tudo para o futuro. Eu, Aqui, Agora. Viver apenas e bem essas três coisas é TÃO difícil para a maioria que precisamos de um estágio cego e pesado aqui. E para a maioria, nem assim adianta.

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Oi Lázaro, tudo bem? Gostei muito de sua explicação sobre carma e darma. Minha questão é, sei que não é nada trivial, mas como poderemos buscar/reconhecer qual o nosso darma? O simples fato de fazermos o que fazemos já seria o cumprimento do mesmo? Abs

Teste básico para ver se sua missão na Terra está definida e cumprida: Se você está vivo, ainda não está.

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Lázaro, qual a diferença entre carma e darma?

KARMA é uma palavra em sânscrito que significa, simplesmente, AÇÃO. Para um hindu, a reação já faz parte da própria ação, as coisas são uma só. Não há, portanto, contexto de pecado, punição ou recompensa, como um ocidental traduz. A causa e sua consequência são o mesmo ato, o karma. Se você semeia vento, colhe tempestade, não porque Deus castiga, não por expiação e provas, não por moralismo divino, mas apenas porque não se colhe morangos dos espinheiros. Se fiz o "mal", colho o "mal", não por haver códigos divinos de certo e errado, mas por simples causa e consequência. E tudo isso é KARMA. Mas se recebo presentes bacanas no meu aniversário, por ter sido uma pessoa bacana também, isso também é KARMA, no sentido hindu. Se alguém busca a Deus através do serviço filantrópico desinteressado, se sua espiritualidade e "união" com o divino (yoga, em sânscrito) se faz através mais de AÇÕES do que de conhecimento ou devoção, isto é chamado de KARMA YOGA, ou seja união através das AÇÕES (karma). Note que a maneira com que o senso-comum ocidental se apropria da palavra é completamente diferente - e equivocado.

Já o DHARMA tem dois sentidos principais, no hinduismo e no budismo. Dharma pode ser sua missão no mundo, o papel que ocupa, a proéxis da conscienciologia, o "sonho de morte" de Winnicott, o seu papel sócio-existencial, a sua possibilidade de auto-realização, o que seu inconsciente deve cumprir para se individuar. Para cumprir seu dharma, é preciso karma (o que não parece nem um pouco com o uso equivocado da palavra).

Não precisa ser algo estereotipadamente espiritual; para muitos, cumprir seu dharma é ser uma boa mãe e avó. Meu dharma tem sido divulgar a espiritualidade e discernimento, levar senso crítico às pessoas, eu ficaria sem ar se não fizesse isso. Meu dharma hoje é dar aulas de filosofia (inclusive em escolas do estado, que não pagam nada) e atender pessoas na clínica, não faço isso por "profissão" ou dinheiro, ao contrário, mudei minha vida para poder fazer isso, porque faz sentido para mim, e me DÁ sentido também. Às vezes, após fazer os olhos de adolescentes pobres brilharem por perceberem que podem pensar e questionar, ou após uma sessão de psicanálise em que REALMENTE fiz diferença na vida de uma pessoa, costumo pensar, em silêncio, sem reconhecimento ou publicidade alguma por isso (já tive mais em outros dharmas), que se eu tivesse nascido naquele dia pela manhã e morrido no final da noite, AINDA ASSIM minha passagem pelo planeta teria feito sentido - e mudança - por ter levado evolução e transformação. O mundo não será mais o mesmo após aquele meu dia. Isso é cumprir o dharma. O que o Donald Winnicott chama de "sonhar o sonho que nos permite morrer".

O conceito de dharma no hinduismo nos remete a Arjuna, o arqueiro do Baghavad Gitá, que interpela Krishna com suas dúvidas existenciais, uma vez que para cumprir seu papel de guerreiro na sociedade precisará matar pessoas que antes eram amigas, em uma guerra que não é necessariamente sua. Como conciliar a espiritualidade com o assassinato? Naquela bela metáfora, Krishna lhe explica sobre o cumprimento de seu dharma, o de ser guerreiro (a sociedade hindu era dividida em castas rígidas), e de como qualquer trabalhador, poder oferecer o fruto de seu trabalho a Deus. Nenhuma flecha mataria o espírito imortal daquelas pessoas, e as mortes não viriam da maldade de Arjuna (o que lhe geraria o karma disso, ação e reação). Por outro lado, Arjuna tinha um DHARMA nessa vida, por mais estranho que pareça: o de ser guerreiro. Então que fosse um bom guerreiro, executasse o seu papel na sociedade, oferecendo o fruto de seu trabalho para Deus. Se isso soa estranho para os valores ocidentais (um avatar divino aconselhando um discípulo a matar as pessoas como sendo a coisa mais espiritual a fazer), ilustra de maneira intensa a necessidade de se cumprir o dharma, seja qual for. A situação extrema é proposital, para dizer que, por mais difícil que pareça, não podemos / devemos nos furtar a cumprir o nosso dharma - e que o façamos bem, oferecendo o fruto desse trabalho para o criador. Belíssimo.

Já em alguns contextos budistas, a palavra DHARMA é usada como sinônimo de uma benção do Buda. Fala-se mais em "receber" o dharma (benção) do que em "cumprir" o dharma (missão de vida). Embora seja uma apropriação linguística, uma evolução e extensão metafórica da palavra em outro contexto, como ocorre em qualquer idioma, AINDA ASSIM é coerente. Ora, como alguém poderia receber o dharma, a benção, em um contexto expiritual? Simples, cumprindo sua missão de vida (dharma), e executando boas ações (karma). No fundo, os três conceitos estão completamente interligados, embora tenham significados diferentes. Não há dharma sem karma, e a benção ou sintonia que encontramos é produto direto de nossos pensamentos, sentimentos, energias e ações.

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Lamento dizer que o Lúcio Packter nunca está em Porto alegre e que já fiz terapia com um filósofo clínico aqui. A coisa é bem fraca. Em 3 meses para mim foi a mesma cisa que conversar com uma amiga, nada tarapêutico. Ele cochilava ás vezes. Decepção.

Bem, psicanálise não é para todos, filosofia clínica tampouco. Indiquei o Lúcio e seu Instituto porque me PEDIRAM Filosofia Clínica e em Porto Alegre. A escolha já havia sido feita. Mas note que EU não trabalho com Filosofia Clínica, e sim com Psicanálise Transpessoal. E em meu cartão está Clínica Filosófica, e não Filosofia Clínica, exatamente porque compreendo que podemos (e devemos) utilizar Filosofia na prática clínica, mas não necessariamente com as mesmas ferramentas e escolhas do Lúcio, que também são boas, mas são as dele. A filosofia é muito maior do que só isso. Eu uso outros autores e pressupostos, mais kantianos e heiddegerianos por exemplo, e ainda assim é filosofia - só que com técnica clínica de psicanálise. Mas não é a Filosofia Clínica de Packter, embora eu também aprenda com ele.

Concordo que Filosofia Clínica, embora seja uma proposta interessante, ainda precisa se desenvolver mais especialmente na questão de experiência clínica, contratos, e lida com a transferência. Digo isso porque já frequentei seus congressos nacionais, e vi como há dúvidas que são básicas em outras modalidades terapêuticas, que a psicanálise já resolveu há décadas, e que para eles ainda é muita novidade, sem documentação de postura adequada para o terapeuta. Também creio que, do modo que é proposto - analista trabalhando e escrevendo horas antes e depois de cada sessão - fica quase inviável.

Quanto a analistas cochilarem, isso daria um tratado. No técnica freudiana clássica, não seria um erro, já que ambos deveriam estar neste estado de atenção flutuante. Mas concordo que é estranho, até porque raramente o analisando / partilhante está neste estado "alpha" de deixar falar via devaneio. Como às vezes dou aula das 7 às 12 e ainda atendo das 13 às 22, segunda a sábado, resolvo essa questão de um jeito mais prosaico e pragmático: Há SEMPRE uma garrafa e caneca de bom chá Twinnings inglês do lado, com a cafeina necessária. Gauchos poderiam usar chimarrão, rs.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Dizem que o ambiente molda o homem mais do que o homem molda o ambiente. Assim, não seria mais coerente mudar o ambiente antes de tentar mudar a si mesmo?

Uma coisa é função da outra, e vice-versa. Se não posso fazer um sem fazer o outro, nem o segundo por não ter feito o primeiro, a soluçao torna-se simples e lógica: fazer um pouquinho de cada. Atue em si mesmo _E_ no mundo, equilibradamente. O esforço que fez em si refletirá e auxiliará na mudança que faz no mundo, assim como a mudança e construção que faz no externo repercurte simbolicamente no trabalho interno e consciencial. Qualquer pessoa que já tenha arrumado o guarda-roupas, jogado fora o velho e doado peças que usa pouco sabe do que falo. O que está em cima é como o que está embaixo, dentro e fora são faces da mesma moeda,há sempre yan no yin e yin no yan, e NADA MUDA SE VOCÊ NÃO MUDAR.

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Há alguma evidência de que a carne vermelha impede a entrada no estado de Samadhi? Com as carnes brancas isso não acontece? Gostaria de saber se o Sr. sabe se o consumo de ovos também podem atrapalhar. Muito obrigado mesmo,se puder responder. Forte ab

Já tive samadhis enquanto comia carne vermelha. Embora os estados alterados de consciência sugerissem, por si só, que eu não devesse me orgulhar de minha então alimentação. Na verdade, fiquei seis meses com dificuldades alimentares sérias após a dissolução dos primeiros grantis do manipura. Só conseguia tomar shakes, vitaminas e congêneres. Nada sólido ou líquido parava no estômago. O simples fato de PENSAR em carne morta, naquela época, seria capaz de me fazer passar vergonha, e desagradar bastante quem estivesse no ônibus ou metrô comigo, hehehe. Note que não foi, porém, um pré-requisito, tendo sido antes uma consequência. Hoje, bem mais mundano (no bom sentido disso, inclusive), voltei a connseguir comer. Se você consegue comer, você ainda pode comer, infelizmente. Mas sabendo do caminho de muitos, sugiro não exagerar.

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Gostaria de saber onde posso conseguir um atendimento psicológico a preço bem popular em SP. Me disseram que tem um lugar próximo ao metrô Ana Rosa e que os profissionais são bons, mas não consigo encontrar. Você poderia me ajudar com essa informa

Creio que você esteja falando de nossa clínica e sindicato. A clínica fica na Rua Fabrício Vampré, 267, e quase todos os profissionais de lá são ligados ao Sindicato de Psicanálise, tem atualização constante e critérios sérios e rígidos em sua atuação. Temos analistas de vários preços lá.

O Sindicato - SINPESP - em si fica no mesmo quarteirão, na Rua Arthur de Godoy, e possui uma Clínica Social que atende a população a preços bem mais baixos ainda. Os profissionais que atendem lá são analistas que doam horas ou formandos supervisionados. Em qualquer dos casos, o atendimento é sermpre muito bem embasado, posso recomendar.

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Em um dos seus textos sobre clarividência, você fala pra cortar carne vermelha totalmente? Por que? e não há nenhuma restrição quando à bebidas alcólicas ou cigarros? Em que medida isso pode ou não influenciar? Muito Obrigado.

O texto embute uma ironia, e é propositalmente rigoroso, como forma didática de mostrar que as pessoas querem muito do além sem se preocuparem com o próprio crescimento indispensável para tanto. A maioria dos que exigem clarividência em geral não querem sequer fazer terapia para começar a enxergar suas sombras psíquicas. Os que falam tanto em refinar sintonias não conseguiram sequer refinar o que colocam dentro de seu próprio corpo, o que dirá as relações com seus semelhantes. É nesse sentido minha ironia no texto, como expliquei no próprio texto. Acho curiosíssimo como as pessoas não lêem. :-)

Acrescente o cigarro à lista de exigências, ficaria coerente também. Eu não a coloquei lá porque qualquer criança consegue perceber o ÓBVIO dos malefícios do cigarro, qualquer fumente conhece seu próprio equívoco e SABE de sua incoerência, e a assume - enquanto que a sutilização alimentar ou o emagrecimento é assunto menos óbvio e mais polêmico, para o qual as pessoas evitam olhar porque sabem que poderão incorrer em contradições se forem examinar. (Em tempo, ainda como carne e estou acima do peso - mas não muito, nem sem consciência e vontade de mudar).

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Segundo Waldo Vieira, sonhos lúcidos não passam de projeções semi-conscientes. Procede?

Nâo. Segundo outros, as projeções é que não passariam de sonhos lúcidos. Eu vejo com reservas ambos os extremos, dificilmente a verdade reside em radicalismos, reduções e generalizações.

O que pode ocorrer é que tenhamos sonhos lúcidos que possam ser transformados em projeções, ou projeções que se misturam com onirismos nossos e são percebidos como sonhos mais vívidos. Nesse sentido, concordo com ele, mas nem sempre.

Creio que o "não passam de", "sempre", "nunca", "todo", "jamais" são palavras que um filósofo, investigador ou professor responsável deveria, com a experiência de vida, ter um pouco mais de cuidado antes de utilizar. Se não por sabedoria, pelo menos por experiência, uma vez que a vida desconstrói uma a uma cada uma de nossas generalizações. O próprio Waldo se reconstruiu tantas vezes, o que é ÓTIMO, mas sua própria reinvenção é prova (saudável) que ele sucessivamente não tinha a certeza absoluta (que, muitas vezes, arrogava ter, mas não é intenção desta resposta fazer juizo pessoal, até porque eu tenho meus próprios defeitos e personalismos também). Mas o fato é que nunca vi certeza absoluta que durasse para sempre, mas, ops, acabo de usar "nunca" e "sempre" eu também. ;-)

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(cont) em relação à Psicologia, ainda não achei "o" livro. Qual você indicaria? Gosto muito das idéias de Jung (muito influência sua). Ele tem escreveu algum que se enquadre nesse contexto? Abraços!

Respondi na sequência uma pergunta aqui e na voadores dando várias dicas de livros de psicologia em "abordagem voadora". Confira. A questão é que a gente faz uma visão multidisciplinar, você não encontrará UM livro que resuma tudo o que falamos de psicologia lá. Psicologia é uma área muito instável e polèmica, numa mesma faculdade podemos ter doutores cujas teorias praticamente acham bobagem tudo que o doutor da sala ao lado pesquisa - e vice-versa.

Para a sua pergunta acima, especificamente, você já leu o PSICOLOGIA INTEGRAL, do Ken Wilber? Também seria bom ver o JUNG E OS FENÕMENOS PSÍQUICOS. Nenhum dos dois encerra o tema, mas ambos podem ser uma boa porta de entrada para a compreensão deste universo mais junguiano. Outras dicas estão na mensagem anterior.

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Após livros introdutórios de Filosofia indicados na Voadores, quais ler para fazer a ponte com os de Psicologia?!

Hummm. Depende muito do interesse. Psicologia não é um campo, são muitos, nem todos eles coerentes ou harmônicos entre si.

Na voadores, temos em geral uma visão mais transpessoal, junguiana, winnicottiana ou psicanalítica da PSICOLOGIA. Isso é só uma pontinhazinha de um universo muito, muito maior. Mas nessa linha, algumas leituras possíveis seriam:

VISÃO TRANSPESSOAL: Psicologia Integral e Espiritualidade Integral, do Ken Wilber. O "Uma Teoria de Tudo" pode ser uma introdução.

VISÃO JUNGUIANA: "Jung Vida e Obra" (livro de bolso). Memórias Sonhos e Reflexões (Jung). Jung e os fenômenos psíquicos (Fragoso). O caminho dos sonhos (Marie Louise Von Franz). O Homem e Seus Símbolos. Magia Interior (R. Johnson, sobre a sombra). Mulheres que correm com lobos (leitura obrigatória para mulheres). O Poder do Mito (Joseph Campbell)

VISÃO WINNICOTTIANA: Sugiro os vídeos do Prof Gilberto Safra, disponíveis em http://www.sobornost.com.br , em especial os da série Profoco (que falam uma linguagem sem pré-requisitos).

VISÃO PSICANALÍTICA: "Freud Vida e Obra" (livro de bolso). Coleção "Conceitos da Psicanálise" da Editora Duetto (São 21 livretos de bolso, vendidos separadamente ou em uma caixa). Curso de Psicanálise (Mark Andre Keppe, esse livro é um resumo literal de minha formação de 3 anos, capítulo a capítulo, cada um equivalendo a um módulo mensal de meu curso, excetuando apenas a parte transpessoal e a especialização em psicopatologias). Vivências de um Psicanalista (David Zimmerman). Aliás, QUALQUER livro do Prof David Zimmermam.

Tem muito mais, é claro, mas estes que me vêem á cabeça já são um excelente começo.

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Se nâo há a certeza absoluta de reencarnaçâo, entâo, acreditando que Deus existe, será que Ele é justo? Obrigado, ade

Você só vê justiça divina se houver reencarnação? Não tenho poderes ou conhecimentos para dizer o que há ou não há no que me transcende, mas me parece de bom senso acreditar, no mínimo, que a justiça divina, em existindo, é superior à justiça humana e nossos limitados "julgamentos" do que Deus TEM QUE fazer para ser considerado "justo" aos nossos olhos limitados.

Diante de minha ignorância diante do Todo, eu me conforto ao perceber que o Todo é HARMÔNICO, o que além de não exigir grandes esforços teológicos ou mitológicos, me parece um conceito ao mesmo tempo mais simples e muito mais abrangente do que aquilo que meu umbigo chama de "Justiça".

Em minha visão, simples, de quem agradece o nascer do sol, sauda o mar e enxerga a espiritualidade mais no dia a dia simples do que em astrais ou galáxias distantes, não me preocupa mais tanto com justiça ou teologia sofisticada. Quanto mais sei, menos sei, mas a boa notícia é que Deus vai ficando infinitamente mais simples e presente também, na medida em que me dispo de minhas próprias expectativas... e projeções.

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Olá, sou advogada ( embora não advogue), moro em Porto Alegre e gostaria imensamente de poder cursar algum curso de filosofia clínica. Tens alguma sugestão? Abraços, Liliane

Procure o Instituto do Prof. Lúcio Pakter. Você tem a sorte de habitar a mesma cidade do fundador da Filosofia Clínica, certamente há excelente opções por aí. Se ainda não faz psicoterapia, e tem interesse nessa área, uma sugestão para ver se é essa mesma a sua abordagem é submeter-se a sessões dessa técnica. Talvez não haja lugar melhor que Porto Alegre para isso.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Tenho tido o mesmo sonho há uma semana. Sonho que estou demolindo a casa onde moro atualmente para construir uma nova a partir da base. Não consigo encontrar um significado para este sonho. Na sua opinião o que poderia ser?

Difícil generalizar qualquer sonhos, mas muito provavelmente trata-se de uma reformulação em sua própria vida. Se (ainda) não está passando por isso, considere seriamente. O novo só vem após termos a coragem de abrir mão daquilo que não nos serve mais. Verifique em que campos de sua vida aquilo que antigamente foi edificado pode estar lhe impedindo de ir adiante. Outra sugestão para estudos é consultar a simbologia arquetípica do arcano 16 do tarot, A Torre, que trata da simbologia de momentos assim - é melhor que sejamos nós mesmos a demolir as casas antigas do que cristalizar apegos que, às vezes, demandam "tragédias" externas para nos libertar.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Sempre achei que procurar um psicólogo era coisa para fracos, até cair numa crise e ficar bem perdido, seus textos na internet me ajudaram MTO nessa fase, e serviram de ponte para várias outras ferramentas que me ajudam até hoje, muito obrigado !

Eu é que agradeço. Eu diria o contrário, não procurar se conhecer é que é para fracos, poucos suportam olhar para dentro de si e conhecer sua própria sombra. A psicanálise é para todos, mas poucos são para a psicanálise: é muito mais cômodo achar que tudo é o externo, que a culpa é do outro, e que nossos insucessos são apenas falta de sorte, injustiça, maldição passada ou qualquer outra coisa externa.

Eu mesmo faço terapia há anos e sempre me surpreendo com as considerações de minha analista, o fato de eu "conhecer" (entre aspas) os mecanismos psíquicos, ter milhares de horas clínicas de experiênca ou colecionar diplomas e certificados não me isenta de olhar para dentro de mim. Ao contrário, cada camada de cebola removida só me mostra o quão profunda é a origem de meu psiquismo.

Como dizia Sócrates, uma vida que não pode ser examinada não vale a pena ser vivida. O seu "só sei que nada sei" é muito mais que uma frase de efeito, uma vez que o auto-conhecimento em geral nos revela a dimensão de nossa própria ignorância.

Lacan tem uma colocação semelhante ao se perguntar se é possível um "saber psicanalítico", diante de tantas incertezas que o auto-conhecimento trás. E conclui brilhantemente que SIM, uma vez que o analista, em seu processo, ao menos sabe que não sabe, e onde não sabe o que não sabe, o que é talvez o único saber possível - ao passo que o verdadeiro ignorante (no sentido positivo, o de "ignorar") pensa que sabe, e sequer tem ferramentas para SE poupar dos equívocos de seu auto-engano consciencial.

Nesse sentido, análise é para os fortes; e resistência, para os fracos. Não são todos que tem coragem de olhar profunda e sucessivamente para dentro de si. Crescer só se não der lá muito trabalho, caso contrário, "deixa a vida me levar, vida leva eu", vivendo e sofrendo sem refletir. Deve ser culpa de Deus ou do próximo, o inferno são os outros, melhor ter sempre alguém para culpar. ;-)

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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Você acha que alguém pode ter certeza ABSOLUTA (absoluta mesmo) que existe Reencarnação? Digo isso, porque vejo vocês falarem de Reencarnação como se fosse um fato absolutamente comprovado e entendo que não o é! Entendo que nunca será possível

Ninguém pode ter certeza absoluta sequer da realidade à sua frente. Tudo o que temos - sobre tudo - são crenças, mais ou menos fundamentadas. Algumas deduções e induções, mas nenhuma delas certeira. E muita fenomenologia: Se você bater a sua cabeça de ilusão na parede de ilusão à sua frente, aparecerá um galo de ilusão na teste de ilusão que doerá bastante.

Boa parte da compreensão e dedução da possibilidade de reencarnação também é fenomenológica, por extensão. Observa-se haver um princípio de causa e consequência em tudo. E também, algumas pessoas tem sua percepção fenomenológica de instâncias ditas "sobrenaturais" ou "paranormais". Comunicação supostamente mediúnica (não é suposição para quem a tem), projeções astrais (podem dar a explicação que for, mas quem a tem percebe o FENÔMENO, independente do que se acredite ser), coerência entre ensinamentos diversos, percepções de Experiências de Quase Morte, etc.

Parafraseando São Tomás de Aquino, nenhuma dessas provas da existência do transcendente são garantias por si só, havendo em tudo isso o que chamamos de "salto de fé". Entretanto, a soma coerente de todas elas aumenta bastante a convicção íntima... de quem a tem. Como dizia David Hume, tudo em ciência é impreciso, a indução nõa é garantia de nada, não é porque o sol nasceu nos últimos 3 ou 3000 ou 30000 dias que posso dizer "cientificamente" que ele nascerá amanhã. Mesmo a indução científica é uma APOSTA, a de que resultados serão repetidos, até que se mudem as variáveis de um modo que isso seja falso (e sempre se muda com o tempo). Mas há um conjunto de motivos que nos faz acreditar na indução da ciência - ou seja, uma fé, mas embasada. Em outro grau, mais humano que empírico, o mesmo se dá em qualquer tipo de FÉ espiritual. Reencarnação inclusive, se esta for sua fé. Se não for, nunca haverá nada científico que lhe comprove, até porque o que ganha os campos da "ciência", deixa automaticamente de pertencer aos domínios da religião.

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Você cobra o mesmo preço para todos, ou cobra variável, de acordo com o paciente?

Tenho o meu preço base, mas há clientes que pagam vários valores mais baixos, e faço alguns atendimentos gratuitos eventuais também. Também não cobro a consulta inicial, já é uma forma de atender e ajudar. E meu valor cheio já é abaixo do usual dos psicanalistas e terapeutas.

Em geral, havendo tempo meu na agenda e interesse da pessoa, não deixo de atender por motivos financeiros. Alguns preferem estipular um valor mensal fixo que caiba em seu orçamento.

Há também colegas meus de clínica que trabalham com mais horários e valores mais flexíveis ainda. E temos no mesmo quarteirão uma clínica social, do sindicato, para atender quem não pode pagar nem isso. Ou seja, se a pessoa REALMENTE quiser, não será por motivos financeiros que ela não se tratará.

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O que você diria a quem afirma que a evolução das neurociências tende a sepultar a psicanálise, já que ninguém provou a existência do complexo de édipo ou do id ou superego?

Sugeriria que esta pessoa se informasse mais, em especial em relação à Neuropsicanálise e Mark Solms. E faltaria a ela também um pouco de visão de teoria do conhecimento, uma vez que confunde a psicanálise (que é da área das ciências humanas, e próxima da filosofia e sociologia, ainda que clínica) com seus elementos biomédicos ou cognitivo-comportamentais. Seria o mesmo que querer compreender o amor do poeta a partir da simples análise dos átomos de carbono da tinta deixada no papel. Eu lhe mostro uma figura de linguagem, uma metáfora, uma estrutura literária, e o "cientista" me diz que isso não pode existir, uma vez que são apenas pixels de tinta reproduzidos por uma impressora. Seria um papo de maluco, não é? Infelizmente, algumas pessoas - por ignorância mesmo - pagam esse mico. Os verdadeiros neurocientistas e psicanalistas não pagam, e muitos deles até trabalham em conjunto. Vejo sempre neurocientistas no sindicato de psicanálise de São Paulo, e nós mesmos estamos sempre nas formações complementares do Instituto de Psiquiatria da USP. Quem vê essa divisão, ás vezes, é leigo que adotou um lado para torcer. Ou, é claro, autores sensacionalistas tentando lutar com uma suposta divisão.

Psicanálise e Neurociências não são religiões para se torcer por. Ambas evoluem, precisam sempre se atualizar, e todo o conhecimento humano se complementa em teses, antíteses e SÍNTESES. O próprio termo "sepultar" e "provar" já são tendenciosos na colocação. Psicanálise fala de psicoDINÂMICA, e não de neurotransmissores. Provar a existência do átomo cerebral não invalida a existência da vida e pensamento imaterial. São visões diferentes e complementares.

Falar em "provar" implicaria discutir o que é "método científico" e epistemologia. Essas instâncias citadas existem, na função psicodinâmica delas. Mas são estruturas de uma visão filosófica e tópica do FUNCIONAMENTO da mente (software) humana inserida em um contexto social que a molda em torno de desejos e repressões. Isso não é assunto apenas de neurotransmissores, mas também de antropologia, sociologia e filosofia - disciplinas que também "existem", embora não sejam de comprovação "epistemológica".

Ou seja, há conhecimento fora da epistemologia científica, que é apenas UMA DAS formas de adquirirmos informação. Psicanálise é multidisciplinar por definição, e não tem nem quer ser reduzida a neurotransmissores - embora BONS psicanalistas se atualizem constantemente em relação a psicopatologias e neurociências.

Como costumo dizer aos pacientes, psicanálise não é "terapia", "curandeirismo" ou "ato médico". Ela está mais para uma filosofia clínica, com profundas possibilidades de mudança na ESTRUTURA do indivíduo. Jung costumava dizer que se compreendermos realmente o que fazemos na clínica junto à existência do sujeito, chamá-lo de "paciente" é praticamente uma ofensa. A psique não é uma doença, psicanálise trabalha com o software e não somente com o hardware. e não dá para compreender o amor do poeta a partir

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Festa Yemanjá 2011 (1) Entrega presentes no Rio Vermelho

Festa de Yemanjá 2011 no Rio Vermelho, Salvador, Bahia. Conforme eu havia (me) prometido, eu fui. Compartilho um pouco aqui com vocês.