terça-feira, 26 de julho de 2011

Posso me livrar de alguma compulsão sem terapia somente tentando me controlar?

Talvez sim. Mas não gosto muito da palavra controle, que presume um tremendo esforço, não raro com recalques. Ora, muitos dos problemas que tratamos em terapia vem justamente da tentativa de controle. Portanto, quando se trata de inconsciente - e não me parece que ninguém queira ter neuroses e compulsões conscientemente - pode ser que "controle" seja muito mais o problema do que a solução.

Além do mais, sua pergunta não dá detalhes do caso. Há vários tipos e graus de compulsão, com possibilidade de prejuízos funcionais ou sociais. Parece haver uma relação entre transtornos obsessivos e compulsivos e um baixo nível de serotonina, e alguns casos se beneficiam de alguns inibidores seletivos da recaptura da serotonina, de acordo com orientação médica adequada. Se a compulsão lhe traz prejuízos funcionais, sociais, sexuais, alimentares, de saúde ou de qualquer tipo, convém sim procurar profissionais adequados. Para que prolongar o desconforto, se houver possibilidade de tratamento, seja psicoterapêutico e/ou farmacológico? O esforço despendido em tentar "controlar" poderia ser utilizado em outras coisas. Ser feliz, por exemplo. Ou realizar melhor os próprios projetos. Mas não tenho conhecimento do caso para dizer o que melhor se aplica a você.

Ainda assim, a resposta é "sim", se não for através de tanto "controle". A psicanálise tem só 110 anos; e o homem, 200.000. Quero crer que possamos sim nos resolvermos por nós mesmos. Entretanto, uma orientação psíquica adequada (psicoterapia, espiritualidade, etc, de acordo com o caso) pode acelerar em MUITO alguns estes processos, economizando muito desgaste, tempo, dinheiro, desilusões.

Entendo o analista, pelo menos o junguiano / espiritualista, como uma espécie de substitutivo funcional dos antigos xamãs e gurus, só que numa acepção mais profissional e libertadora do que geradora de dependência religiosa. No ambiente das grandes cidades, nos problemas usuais de nosso mundo neurótico, é o analista que reintegra o homem ao seu inconsciente, que devolve o significado de sua vida simbólica, que promove o encontro com a vida interior, que ajuda na interpretação dos sonhos e dos sinais, que facilita a percepção de insights, que quando necessário conduz o "iniciando" urbano aos porões mais sombrios de sua psique, fazendo-o enxergar tanto suas deslealdades internas quanto seus mais escondidos potenciais.

Costumo dizer, brincando (mas nem tanto), que psicanalista não é o mesmo que psicólogo nem terapeuta, e que a maioria das pessoas vai ao "terapeuta" (sic) para sair se sentido "melhor"; mas que em sessões de psicanálise, algumas vezes sucesso é quando o paciente chora ou sai "pior", isto é, quando enfim consegue tocar nas questões que, não raro, gostaríamos de esconder até de nós mesmos.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Sua constante ponderação atual para falar sobre fenômenos espirituais/metafísicos que antes eram tratados com naturalidade tem a ver com a preservação de uma imagem acadêmica, de não parecer estranho entre outros filósofos/terapeutas do seu círculo?

Gargalhadas, claro que não, rs. Respondo com base no que acredito, no que vivencio, no que percebo em clínica. Não tenho escritos "acadêmicos" aqui. Me parece natural, na vida de mim e de muitos, que quanto mais se estuda e vive, mais incertezas temos; ao mesmo passo que não é difícil perceber que quanto menos segurança e conhecimento, mais certeza absoluta teremos dos nossos objetos de fé. Isso é mais verdadeiro ainda em filosofia.

Se eu for escrever um artigo acadêmico específico sobre fenômenos espirituais, claro que LÁ no artigo eu usarei as devidas citações e referências a outros autores, e preferirei termos adequados, dentro de um enfoque fenomenológico, metafísico ou o que for. Mas lá não é aqui, e eu NÃO ESCREVO sobre estes temas em minhas pesquisas acadêmicas. Escrevo sobre "técnicas psicanalíticas para o professor de filosofia do ensino médio", sobre "hedonismo epicurista X neohedonismo narcisista - equívocos na busca do prazer no mundo líquido" e sobre "bases filosóficas da epistemologia freudiana para endosso transdiciplinar da área da neuropsicanálise". SE eu escrevesse sobre espiritualidade lá, TAMPOUCO o "mundo acadêmico" seria uma espécie de "pai projetado" que as pessoas (em geral as de fora da academia) imaginam estar ali castrando as fantasias espirituais delas. Escrever acadêmicamente implica apenas em citar e defender o que se fala, e não em converter pessoas. É evidente que uma banca de filosofia da religião não vai exigir a materialização de Deuses na faculdade. A metodologia científica para humanas e metafísica é, evidentemente, diferente da demonstração EMPÍRICA da área de exatas ou naturais, por motivos ÓBVIOS.

Penso que as pessoas tem uma certa fantasia sobre aquilo que elas chamam de "acadêmico", risos. Se a pessoa estudar engenharia, matemática, história, administração, pode. Mas se algum espiritualista OUSA estudar humanidades (o que seria natural), filosofia, ciências da religião, psicologia, parece que - aos olhos de quem NÃO estuda - este pobre espiritualista torna-se IMEDIATAMENTE uma espécie de herege, incrédulo, falso, obsediado, dissimulado! Não, não pode ser! Ele deve estar disfarçando o que diz para ser aceito no "tal" meio adult, ops, acadêmico!!! Curioso é que não implicam com quem estuda outros assuntos, que não incomodam a sua fé. Mas o que estudamos também não incomoda a NOSSA fé ou à NOSSA experiência íntima. Mas parece que incomoda demais aos demais.

Escrevi sobre isso em: http://www.voadores.com.br/site/geral.php?txt_funcao=colunas&view=4&id=336

Então, quando eu soltar a minha voz por favor entenda que, palavra por palavra, eis aqui uma pessoa se entregando: tudo o que você ouvir, pode estar certa que estarei vivendo. E compartilhando também.

Certezas, nunca as tive, e menos as tenho quando estudo. Eu busco perguntas, e não respostas. E em geral, as perguntas incômodas. As "certezas" hoje me fazer rir. Principalmente as minhas, antigas. Após algum tempo de caminho, o máximo que alguém intelectualmente honesto pode conseguir é uma temporária "ausência de dúvidas". E ainda assim, dentro de um paradigma.

Quanto aos meus círculos, estudei filosofia no Seminário de São Paulo, junto com seminaristas mas também protestantes, espíritas e budistas. Uma escola que, por tradição, se dedica particularmente à filosofia da religião, à teodicéia, à filosofia medieval, à antropologia religiosa, aos autores da metafísica, dentre outros. MInha formação em psicanálise se deu numa escola da área transpessoal. Não sei o que poderia ser "estranho" para os "meus colegas" filósofos.

Quanto aos que não tem a mesma crença que eu, tampouco se incomodam.. Há médicos espíritas, há administradores de empresa católicos, há professores budistas, há dentistas ateus, há publicitários maçons, há chefs de cozinha judeus, há contadores messiânicos, há consultores muçulmanos, há economistas protestantes... NINGUÉM do meio profissional - que mereça o nome de profissional - fica ali se incomodando se o psicanalista ou psicólogo, em seu fóro íntimo, é espiritualista ou agnóstico. Parece que quem se incomoda MUITO com isso são os próprios espiritualistas, dando conta da relação entre fé e profissão dos seus iguais. Nos meios de classe ou nas escolas, nunca tive problemas. Já com "gurus" que fugiram da escola, aí complica mais. Nosso estudo é, para alguns deles, quase uma heresia ou ofensa pessoal.

O que você acha da busca por mais dinheiro? Por exemplo, sempre tentar galgar no trabalho, mesmo sem saber exatamente para oque você irá usar o dinheiro!

Tudo que é compulsivo é... compulsivo. Tudo que é completamente inconsciente... é completamente inconsciente! Nesse sentido, a própria pergunta já se respondeu.

Se a pessoa nem sabe pra que faz isso, é evidente que não é "dinheiro" o que ela quer. Aí torna-se patológico, não só por ser o "dinheiro" (o que ele simboliza? poder? ilusão de liberdade? aprovação social?), mas principalmente pela estrutura da projeção compulsiva em um objeto qualquer.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Cap. 5 Caminho por outra rua. Pergunta: qual é esta rua, agora?

Fabrício Vampré e Vigário Albernaz, entre pós-graduações e Camomilla Avella. :-P

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Lázaro, é possível que uma ferramenta (em sentido evolutivo), como a viagem astral seja um grande produto da mente, mesmo para quem as tem com incrível lucidez?

Sim, possível é. Mas aí você cai em um problema filosófico clássico. Se as experiências das quais você tem enorme sensação de lucidez e certeza são produtos da mente, o que não é? O que podemos dizer é que o que chamamos de projeção da consciência parece ser uma experiência fenomelógica tão ou mais verossímil do que aquilo que chamamos de "realidade" da vigília.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O que você acha da prática de lutas? (jiu-jitsu, judo, karate, etc) Eu pergunto em termos mentais e físicos.

Gosto muito de Aikido, já pratiquei, e voltaria se tivesse tempo ou um bom dojô perto de casa. Pratiquei judô por anos, quando era mais novo. Gosto bastante. Para a prática mental, além do físico, prefiro uma que tenha particular atenção a esta questão - por isso, dentre as que conheci, recomento o Aikido.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Sempre sonho que estou fazendo sexo. às vezes parece real demais, porém nunca chego ao orgasmo. Eu não gosto desse tipo de sonho. Tenho a sensação de que algo do além vem me assediar sei lá. O que dizem os especialistas sobre quem sonha sempre com sexo?

Cada caso é um caso. Uma visão Freudiana poderia sugerir a manifestação de um desejo. Se você não gosta e associa sexualidade com assédio, com coisa errada, pode ser que o desejo esteja mesmo no inconsciente, pedindo realização deste modo. Mas não o/a conheço.

Em todo caso, a sexualidade é uma das manifestações mais naturais do ser humano. Literalmente. E é também natural ter PRAZER nisso. O que não é natural é ter culpa, é não gostar da experiência, é revestir a sexualidade - até mesmo a dos sonhos - com uma forte camada religiosa (culpas, assédios, pecados, etc).

Não conheço o caso, mas fico me perguntando se a vida sexual de quem sonha SEMPRE fazendo sexo e NUNCA gozando está mesmo tão ativa, frequente e satisfatória assim. Se está, será que o parceiro concorda? Como está a relação com o corpo, com o outro? Sexualidade DENTRO de você, há, senão não haveria TANTOS sonhos repetitivos...

Há diversas formas de trabalhar a sexualidade, direta ou indiretamente. Mas me parece que a vida da natureza ainda seja a mais natural. Jesus Cristo não tem nada a ver com isso, assediadores menos ainda. Curiosamente, o que alguns espiritualistas dizem é justamente o contrário: a recusa em dar ao "problema" a saída natural e óbvia é que pode trazer prejuízos, inclusive acumulando energias estranhas. Os espíritas dizem que ISSO é que atrai assédios. Os psicanalistas dizem que ISSO é que forma recalques. Em ambos os casos, a solução é a mesma. E eu prefiro a via natural. Se falharem todos os recursos, resta ainda o artesanato (unir mãos e criatividade para a construção de uma nova realidade estético-sensorial, risos).

Em todo caso, a associação religiosa é que me preocupa. Rezar nessas horas não adianta - habitamos um corpo humano cheio de hormônios e desejos, e embora a prece seja algo maravilhoso, provavelmente Jesus Cristo, Buda e Krishna não vão "se meter" (ops) nessas questões, e sendo imateriais, não vão tirar o tesão - assumido ou enrustido - de ninguém. :-)

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

terça-feira, 12 de julho de 2011

Os relatos de experiencia de quase morte são provas de que existe algo alem do corpo físico?

Não necessariamente. Mas dão uma fortíssima suspeita, não acha?

Além do mais, para se falar em PROVAS, temos que pensar em método científico, em evidências empíricas. Me parece que ISSO não é possível, por razões óbvias.

Muitos filósofos da religião lançaram-se a compilar PROVAS da existência do transcendente. Algumas eu acho muito boas. Mas eles mesmos advertem que, embora usem o nome "provas", NENHUMA delas se traduz em evidências empíricas por si só. ENTRETANTO, quando temos uma série de indícios aparentemente coincidentes, podemos fazer APOSTAS (crença, fé) com um certo grau maior de "certeza".

Ainda assim, é divertido e fascinante observar que pelo menos ESTA dúvida é inevitável para todos, ateus ou céticos. E que pelo menos ESTA dúvida permanecerá SEMPRE sem resposta, SEMPRE inalcançável pela "ciência" (aspas), por motivos óbvios: tudo aquilo que se revela imanente deixa imediatamente de ser transcendente. E então o novo além passa a ser o novo transcendente para o qual se estabelecem novas dúvidas. Se a lagarta conseguisse demonstrar a existência de vida-após-o-casulo, ainda assim jamais imaginaria a nova duração da borboleta. E assim por diante.

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sexta-feira, 8 de julho de 2011

O que você pensa a respeito da Neuropsicologia ?

Interessantíssimo e indispensável. Pretendo fazer uma especialização em Neuropsicanálise brevemente. Não podemos transformar a psicodinâmica em uma espécie de religião metafísica que fecha os olhos para as evidências científicas mais recentes. Óbvio, embora não pareça a alguns colegas meus. Mas do mesmo modo, não podemos reduzir tudo a neurotransmissores, como se quiséssemos compreender o amor do poeta a partir da mera análise dos átomos de tinta deixados no papel. Óbvio também, embora não pareça a alguns psiquiatras. AMBAS as posturas são reducionistas, e as novas áreas transdisciplinares da neuropsicologia e neuropsicanálise me parece a tendência natural enquanto síntese da antítese que o reducionismo neurológico-cognitivo-comportamental produziu em relação às crendices metapsicológicas anteriores.

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Vc falou aqui certa vez que não podemos ter certeza absoluta de nada. Poderíamos aplicar também para a morte física e negar aquele ditado popular que diz que a única certeza que temos é da morte?

Eu me referia, evidentemente, às crenças metafísicas. Já a morte física, me parece epistemologicamente auto-comprovável, pelo menos observando o passado. Dizia David Hume que não podemos induzir que o sol nascerá amanhã só porque o observamos nascer em 50 ou 20000 dias. Nesse sentido, há gigantesca probabilidade de morrermos fisicamente, por indução. Dúvida esta que basta continuarmos vivendo para esclarecermos, um dia.

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Existe uma pós de Psicanalista Transpessoal? Vi que você tem especialização em várias áreas desta. Quais os pré-requisitos? abçs

No momento, não. A formação que havia em São Paulo fechou. Um dia pretendo preencher essa lacuna, mas não necessariamente dentro do rigor psicanalítico. Talvez uma especialização em fundamentos do inconsciente para espiritualistas, E uma especialização em conceitos transpessoais para analistas e psicólogos. No momento, há muitas abordagens, mas não tive a oportunidade de conhecer nenhuma que eu pudesse indicar. A maioria das que vi ora é muito "espiritualista", ora é muito superficial. Se alguém conhece alguma que mereça a minha indicação, terei prazer em ser convidado a conhecer. O que posso indicar por enquanto é fazer uma formação sólida em psicanálise (No NPP, por exemplo) e TAMBÈM uma formação em Ken Wilber (estão montando um Integral Institute em São Paulo), ou talvez em conceitos junguianos.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Uma amiga psicóloga estava me dizendo que, devido a características dela, ela não consegue atender mais que 6 pacientes/dia. Ele começou a estudar a parte "energética" para aprender a não se desgastar tanto. Você citou sua rotina pesada, como conse

Bem, cada um tem seus limites e necessidades. Faço terapia. Gosto do que faço. Marco sessões de 45 minutos, para ter (em tese) tempo para respirar entre uma e outra. E cada vez que algum paciente falta, ou que tenho alguma lacuna (graças a Deus são poucas), faço algum tipo de trabalho de energia, meditação ou simplesmente repouso na própria sala. Amo ser psicanalista: É um privilégio ter uma profissão onde seu "escritório" tem sempre iluminação reduzida e aconchegante, música de qualidade, ótimos livros... e um confortável divã, rs.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Na sua vida, qual a relação entre viagem astral e Deus?

A mesma que existe entre meus sonhos e Deus, entre vigília e Deus, entre comer e Deus, entre atender na clínica e Deus, entre acordar e Deus, entre dar minhas aulas e Deus, entre tocar e Deus, entre fazer amor e Deus, entre celebrar com amigos e Deus.

Nas palavras de Carl Jung, que endosso: "Meus pensamentos giram ao redor de Deus como os planetas em torno do sol, irresistivelmente atraídos por Ele. Compreendi que Deus - pelo menos para mim - é uma das experiências mais imediatas. Não "creio": Eu SEI que ele existe." (Jung)

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Vc poderia compartilhar como foi a sua primeira experiência com o Nada (pergunta)

Sobre o NADA, não há NADA que eu possa dizer. O nada nadifica. Mas o NADA do qual falo está PLENO do TODO silencioso de Deus. O nada é justamente o instante em que tudo se revela por impossibilidade de palavras. Tentar descrever já seria alguma coisa, e estou falando do instante em que tudo para, onde não há descrição, e você volta com um sorriso, sabendo que o vazio está pleno de Deus. Aí não cabe mais fé. Talvez só um mergulho, quando chegar a hora. O vazio está pleno de Deus. Não tenho a menor pretensão de tentar explicar. Quero crer que todos saberão um dia. Está tudo certo. Não há como tentar explicar. Sobre o NADA, não há NADA que eu possa dizer. Não há causa sem consequência. Sai tudo e fica A Causa, no vazio. E tudo está ali, não estando. Não há nada. Não há. As coisas estão cheias de deuses, e o nada está pleno de Deus. Ah, se eu pudesse explicar! Mas pra quê? ;-)

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

quinta-feira, 7 de julho de 2011

o descordo de sua teoria. Eu ja li,e reli algumas partes do livro ``O PODER DO SUBCONCIENTE``. e aquilo,me pareceu bem convencente...

Bom proveito! Claro que é bem convincente, é um best-seller. O Segredo também. Se trouxesse mais advertências, bom senso ou coisas chatas de se ler, não venderia tanto. Vale para qualquer tema.

O que eu tenho a acrescentar ao assunto certamente não venderá tanto, jamais, pois coloca limites e responsabilidades, causas e consequências. E não isenta ninguém de atuar. Evidentemente quem compra um livro de pensamento-mágico não procura aquilo. Todos querem mudar o mundo e lutar por justiça, desde que não precisem ajudar a mãe a lavar os pratos. Todos querem o livre-arbítrio, desde que seja só o meu. O "chato" disso de sermos deuses é que isso implica em aquele vizinho mala do 201 também ser. ;-)

Sábia mesmo era minha avó, que dizia sempre: "Cuidado com o que você pede, menino! Vai que um anjo escuta?". Pois é, nossa sorte é que essas técnicas geralmente não funcionam, devido à nossa própria ansiedade ou infantilidade. Se funcionassem, estaríamos perdidos, vítimas de nossos próprios desejos irrefletidos. Muito cuidado com o que pedes aos deuses, eles podem lhe conceder!

Além do mais, as pessoas pensam que liberdade é poder fazer tudo, e se esquecem que só sou livre quando posso ESCOLHER, e escolher implica sempre em deixar muitas opções boas para trás. Logo, ser livre é PERDER. A criança tem todas opções, porque não escolhe nenhuma. Ser livre é ter a maturidade de saber viver com suas próprias escolhas, é ser adulto o suficiente para fazer CORTES, para ter menos, e não mais. Já que este mais mágico da criança que pensa-e-consegue não passa de uma abstração.

Eu gosto bastante do que escrevi sobre isso, mas creio que poucos entenderão. Esses poucos valem a pena. Minha contribuição:
http://www.voadores.com.br/site/geral.php?txt_funcao=colunas&view=4&id=347

São meus dois tostões ao Poder do Inconsciente de Joseph Murphy. Fique com qual dos dois você quiser. Eu prefiro evitar as "leis de Murphy", nos dois sentidos da expressão.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Gostaria de saber sua opnião a respeito de livros que difundem a ideia que possuem espiritos demoniacos ou magos negros e que se alimentam da nossa energia ???

Não tenho motivos para acreditar ou desacreditar, mas me parece que há muita mitologia em tudo isso. Acredito no transcendente e metafísico, mas ando muito mais ocupado em viver a minha vida BEM, aqui na Terra mesmo, bastante atento ao EU-AQUI-AGORA, fazendo o melhor que eu posso fazer, seja para mim, seja para os demais. Assumo que o que não posso ver, não posso ver. Que o meu passado pode ser deduzido pelo meu presente, e que meu futuro também. Há inúmeras estações de rádio e TV me atravessando AGORA com suas ondas, algumas com mensagens bem violentas, outras de péssimo gosto... mas eu só sintonizo aquela que EU quiser.

Para mim, estudar assuntos espirituais não é o mesmo que ser espiritualizado. Já gastei muito tempo na vida contando quantas pétalas cada sub-chacra tem, segundo não sei quem. Tudo isso é muito bacana e interessante, mas não necessariamente faz você viver melhor. Ao contrário, muitos que citam tudo são arrogantes e não conseguem sequer estabelecer vínculos afetivos, sociais e profissionais normais.

Hoje acho mais espiritual atender pessoas na clínica, envolvido no dia a dia com a vida delas, e tratar amorosamente alunos do ensino médio, levando-os à uma reflexão filosófica. Sinto que minha vida se completa assim, que fez diferença eu ter passado pela terra, coisa que nem sempre sentia ao demonstrar para platéias do Brasil quantas palavras em sânscrito eu sabia, ou contar "fofocas" do lado de lá.

Qualquer sintonia que eu atraia será decorrência de minhas atitudes. Alguns fundamentalistas me ameaçam dizendo que eu devo estar obsediado, já que não é possível viver feliz assim sem pagar tributos espiritualistas. Onde já se viu, estudar em seminário e dar aulas em colégio cristão? Onde já se viu, dar palestra em congresso ocultista? E depois ainda passar pela tenda de umbanda, no mesmo dia em que rezava com amigos na igreja do colégio por um professor que está doente? Onde já se viu, gostar de tudo e não ser possuído por grupo nem mestre nenhum, e ainda se recusar a ser mestre dos demais?

Bem, juro que eu nunca queimei nenhuma bruxa - ao contrário, muitas vezes viajo a Salvador para celebrar com elas. Nunca vi ninguém em nenhuma dessas religiões se reunindo para fazer o mal para ninguém. Em grupos umbandistas, católicos, espiritualistas, iniciáticos, budistas, maçons, de bruxaria tradicional, qualquer agrupamento sério que conheci ou frequentei, só encontrei gente tentando CRESCER, tentado REFLETIR, tentando de algum modo serem ÉTICOS. Toda religião faz o bem, TODA, e aquilo que não faz não é mais a religião, é a doença de alguém, que ocorre dentro ou fora de qualquer religião ou denominação - e, a bem da verdade, ocorre mais ainda FORA da religião.

Portanto, agradeço a preocupação dos católicos que acham que vou pro inferno pois me dou bem com espiritualistas e ocultistas, das bruxas que não entendem como posso me dar bem com os católicos, e dos espiritualistas que acham que estou obsediado ou traindo-a-espiritualidade (a deles) por ser livre e feliz. Deus está em meu coração, meus atos falam por mim, SÓ EU SEI das experiências mais íntimas que experiencio. Qualquer sintonia que daí advenha será baseada única e exclusivamente nos meus atos. Paraíso, astral, protetores, o que for que exista, o que vejo e principalmente o que não vejo.

Então, voltando à sua pergunta... Talvez. Costumamos mesmo encontrar o que buscamos. Dizia o Zé Rodrix que a morte é a coisa mais democrática que existe, pois quando ela chega TODOS se acham certos: Quem não acreditava em nada encontra o nada, quem aguardava julgamentos ficará aguardando julgamentos, quem se sente culpado de tudo encontra o inferno expiatório que tanto desejou, quem acredita em nossos lares esterizados cristãos com violininhos e fontes insossas encontra exatamente isso, quem é de umbanda vai pra aruanda... Seguindo essa lógica, eu sou feliz e vivo o aqui-agora, da melhor forma possível. Não desrespeito as supostas forças trevosas invisíveis, mas jogo em outro time, e prefiro atuar no visível. Se alguém trevoso resolver fazer um estágio comigo, invisivelmente, encontrará alguém feliz, amando, trabalhando, estudando. Talvez quem sabe ele melhore um pouquinho em minha presença? ;-)

As consequências disso tampouco me preocupam muito. Só um pouquinho, mas prefiro estar mais atento ao presente. Se eu for mandado para um lugar onde só tem harpa, tentarei conseguir um sintetizador para compor um clima new-age e melhor um pouquinho aquela paradeira toda. Se não der, toco a tal harpa, da melhor forma que eu puder. Um ditado de grande sabedoria nesse sentido é "está no inferno, abrace o capeta". Se eu estiver por lá, nos caldeirões, pedirei uma chopp gelado. Tenho certeza de que o diabo me dará, depois que eu contar umas piadas ótimas para ele. E se eu fizer o inferno feliz, e se o outro fizer do céu um lugar triste, prefiro o primeiro, onde até o capeta poderá se iluminar. A diferença é que penso que isso já se aplica ao momento presente. Céu e inferno faço onde estou.

Se há alguém se alimentando de sua energia agora mesmo, e você não vê, e ainda assim é feliz, para quê tanto egoismo? Se não me prejudica em nada, que eu devolva para o universo aquilo que o universo me deu. MINHA energia? Onde foi mesmo que eu a fabriquei?

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ola, olhe eu tenho ataques de panico e ando a ser seguida pela minha psiquiatra e ha uns dias comecei a fumar cigarro.. e fumei alguma ganza.. isso faz mal?

Se ganza é o que estou pensando (maconha em portugal), e se a sensação persecutória também é o que estou pensando, me parece que sim. Há correlações bem claras e estabelecidas entre uso de alucinógenos (que incluem maconha, daime, LSD e cogumelos) e estabelecimento de quadros de psicose (que incluem delírios persecutórios, e/ou auto-referentes). Nem toda droga psicoativa é do tipo "alucinógeno", outros tem outro efeito. E nem todos que a consomem tem favorecimento de quadros psicóticos, apenas 1 a 2%. É um número muito baixo... A não ser quando ocorre conosco, ou com pessoas a quem amamos. Na dúvida, melhor não se arriscar com alucinógenos - daime e "ganza" incluídos aí, por mais "prazerosos" que pareçam. NINGUÉM depende disso para viver.

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Sou ex-esquisotérica, a lista voadores me deu eslarecimento e discernimento, grata! Gostaria de saber se a afirmação: "Todo remédio tarja preta contém LSD na sua composição" é verdadeira?

Completamente falso. Ao contrário, nenhum remédio contém LSD em sua composição, já que a substância é proibida no Brasil e em quase todos os países.

Também é FALSO pensar que remédios tarja preta são necessariamente mais "fortes", ou que são "para doenças graves", ou que são "para loucos", ou os que "te detonam". Muitos deles tem pouca estatística de efeitos colaterais. Alguns deles fazem parte dos mais consumidos no mundo.

A tarja preta quer dizer que o medicamento traz riscos à saúde, na maioria dos casos de DEPENDÊNCIA química. Ou seja, é um remédio controlado, com retenção de receita, POIS se tomado em doses e frequências ERRADAS pode causar dependência do medicamento.

Observe que se tomar como indicado pelo médico, é seguro. E note também que causar dependência não é o mesmo que causar efeitos colaterais ou te deixar mal. Aliás, o risco de alguns deles mais conhecidos é o contrário, o de dar uma sensação de BEM estar, que não deveria depender do remédio, e que pode levar o usuário a consumir doses maiores para ter a mesma sensação de "prazer" ou tranquilidade. Daí o risco de serem usados como drogas. Se for um medicamento psiquiátrico, a terapia em conjunto é indispensável, para que as mudanças não dependam apenas de química. O medicamento é o adubo, mas o que você plantará em seu jardim depende de você.

Note que a tarja vermelha, característica de medicações que apresentam efeitos colaterais, pode muitas vezes estar presente em medicamentos com mais impacto do que alguns tarja preta. Muitos tarja vermelha tem, inclusive, retenção de receitas. Mas cada caso é um caso, pois medicamentos com risco de morte também precisam da tarja preta, embora não seja o caso da maioria.

Enfim, ninguém receita um remédio de tarja preta, especialmente os psiquiátricos, se não for estritamente necessário, ainda que por um tempo. Médicos são profissionais muito bem preparados e atualizados, com diversas responsabilidades inerentes ao exercício da profissão. Especialmente os especializados. Recomendo que toda e qualquer medicação psiquiátrica de tarja preta seja receitada ou confirmada por um psiquiatra ou neurologista. Desconfie apenas se for receitados por clínicos, ginecologistas, etc, salvo em casos específicos. Tratamento PSÍQUICO precisa de pessoal especializado em psiquismo, incluindo psiquiatra E psicoterapeuta. Aliás, as DUAS coisas são importantes. Terapia sem a medicação adequada pode ser ineficiente ou exaustiva, gasta-se muita energia tentando aliviar sintomas, esforço este que poderia ser empregado para sermos felizes. Do mesmo modo, medicação sem psicoterapia não tem como resolver, e acaba se tornando uma dependência eterna da medicação. Se não mudamos as causas, as consequências jamais serão diferentes, também. Mas às vezes precisamos de um pouco de medicação e terapia para COMEÇARMOS a mudar as causas, quando não conseguimos elaborar isso por nós mesmos.

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