sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Por que temos pesadelos? Por que o inconsciente manda as mensagens de uma forma tão terrível? Ás vezes tenho pesadelos tão estranhos que fico surpresa com o "gore" que vem de dentro.

Sugiro que leia o livreto MAGIA INTERIOR, do Robert Johnson, que aborda de maneira didática o conceito junguano de "Sombra" psíquica, responsável por grande parte dos sonhos assustadores e/ou persecutórios.

De todo modo, pesadelos são sonhos riquíssimos, mostrando diretamente aquilo que o eu consciente não gostaria de ver. Recalques, traumas, sombra, compensações: está tudo ali, pedindo análise e providências, ainda que de forma simbólica. Caso não haja, o próprio pesadelo já é uma forma de vivenciar a sombra psíquica, diluindo a "energia" disso e evitando um surto posterior.

Costumo dizer que fico mais preocupado com pacientes que SÓ tem sonhos "coloridos", planos "celestiais" e cenários TeleTubies. Dos que "adoram" sonhar ou dos que preferem viver na cama do que acordar. Fico pensando como a vida desperta deve estar terrível e insuportável, para que tenha que COMPENSAR tanto, desse modo, no lado de lá. Do que o sonhador colorido tenta fugir? Haveria depressão?

De um modo ou de outro, sonhos "fortes" e repetitivos - sejam "bons" ou "maus" - sugerem análise, intervenção ou interpretação.

OBS: Não sei o que é "gore".

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Como a psicanálise e a neurociência enxerga a consciência? Já como algo ligado ao corpo físico mas q pode se desprender? Como a viagem astral nesse ramo? É um fenômeno visto como algum sonho?

Isoladamente, dependerá muito da visão de cada corrente neurocientífica ou psicanalítica em questão. Já transdisciplinarmente, faço uma pós em Neuropsicanálise na UNIFESP, e meus professores - que parecem ter alguma abertura para questões transpessoais, apesar da maioria serem médicos e cientistas - nos trouxeram "estranhas" reflexões no sentido de que não temos lá tanta certeza assim do que seja a consciência, e de que parece que o cérebro por si só, como o conhecemos, é pouco para explicar o "software" mental. Segundo alguns neurocientistas, "explicações metafísicas não podem ser descartadas".

Há neurocientistas que de fato vêem a projeção como apenas um sonho. Embora sejam os mesmos que não saibam o que um sonho queira dizer. Mas quando falamos em neuropsicanálise, ou em outras abordagens transdisciplinares que considerem a vida além do físico, há pessoas que são abertas a outras possibilidades. Quais? Isso implica em investigação. Mas há descobertas curiosos sobre as representações da "realidade" no cérebro. Afinal, trata-se de uma projeção, de um modelo de acesso epistemológico, processado pelo que parece ser uma "consciência". O que é? Porquê? Não sei, mas usamos filtros mentais, formas a priori da sensibilidade (KANT). Parece que nossa realidade talvez não seja tão real e concreta quanto gostamos de supor.

Se os 50 primeiros anos do século XX foram os da psicologia inicial, e os 50 finais foram os do cérebro, me parece que estejamos no século da mente, o século da integração. Perceber a vida por apenas um desses dois lados é uma forma de reducionismo. E não sou eu quem digo isso, mas Eric Kandel, psicanalista E neurocientista, ganhador do prêmio Nobell de 2000.

Quanto à consciência e necessidade de modelos maiores para explicar o que transcende o físico, gosto muito das contribuições de Ken Wilber. O seu modelo de esferas, quadrantes e espirais (holons, kosmo) me parece o que de melhor explica e integra as possibilidades epistemológicas das diversas áreas do conhecimento atual. Para um resumo, sugiro o livro "Uma Teoria de Tudo", ou uma visita aos sites brasileiros sobre este autor.

Sugestão de modelo simplificado:
http://www.integralworld.net/pt/subtleenergy-01-pt.html
(esta é a parte 01 de 05, mude os números no link acima)

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Você tem alguma expectativa para depois que seu corpo físico morrer? no futuro longe, espero! :) Mas o que você imagina que vai acontecer? Tem medo ou ansiedade quanto a isso? Se preocupa com isso?

Os quatro remédios de Epicuro curam a dor dessa angústia. Se a morte existe, eu não vivo para sofrê-la. Se eu existo, a morte não existe. Então não há dor.

A fala de Sócrates diante de seu envenenamento também. Não há o que temer da morte. A perspectiva de um sono eterno não apresenta nenhuma dor. Então estarei muito bem. Em havendo vida, esta será de algum modo compatível ao que fiz e faço, e tenho minha consciência tranquila. Então estarei muito bem.

A única coisa que seria angustiante - e por isso Sócrates prefere tomar a cicuta do que negar as acusações - seria viver e morrer de modo diferente do que acredito. Minha vida é minha filosofia e crença, minha filosofia é minha vida e crença, minha crença é minha vida e filosofia. Em continuando, não há dor. Em não continuando, também. Então estarei muito bem.

Para saber mais sobre o quadrifármaco de Epicuro, receita infalível para combater a dor e viver o prazer, vide página 272 (do site) em http://pt.scribd.com/doc/36269858/Historia-da-Filosofia-Volume-1-Giovanni-Reale-Dario-Antiseri-theoriapratica (use o sistema de navegação embaixo)

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Espiritualistas e outros dizem que nossa natureza não é daqui. Não somos o corpo, mas estamos nele. O real seria o etéreo, e a vida aqui seria o treinamento, a matrix. Partindo disso, conhecer, então, o outro lado, não é de importância prioritária?

Não acho. Primeiro porque isso significaria também dizer que uma crença (ou seja, o que "espiritualistas e outros" dizem) tenha que ser a SUA importância PRIORITÁRIA. Gosto de crenças, mas elas não substituem o viver.

Depois, pelo argumento de Nietzsche. Em havendo algo maior e imaterial, este mundo aqui também é sua criação, a mais manifesta delas. Deste modo, fugir daqui focando no "lá" imaginário seria uma blasfêmia, seria cuspir e escarrar na obra de Deus. Nesse sentido, não há ninguém menos religioso do que o "religioso". O que vive só lá, criando fantasias para lhe isentar da responsabilidade de viver aqui, ou para compensar uma inferioridade que caberia a ele mesmo - e não aos deuses - resolver.

Mais ainda, pelo argumento da utilidade da mensagem espiritual. Religiões e crenças são importantes enquanto sistemas de sentido. A mensagem espiritual nos ensina a vivermos melhor aqui. Nenhum mestre milenar que mereça o nome fez pregações destas pseudo-filosofias de deixar a vida para viver a fantasia do outro. Ao contrário, recados espirituais decentes sempre foram de natureza interna, transformadora, e não relatos "objetivos" de como "deveria ser" em detalhes o "mundo de lá".

E por fim, por enquanto, pelo argumento da psicose. Ora, a experiência espiritual é pessoal, simbólica, subjetiva. Já a psicose é caracterizada por alguém - doente - tentar não só ter uma vida psíquica e simbólica (o que é lícito e universal), mas tentar interagir com ela no mundo externo, como se o que fosse pessoal passasse a ser coletivo, como se o que fosse simbólico passasse a ser literal, como se o que fosse subjetivo passasse a ser objetivo. Há um rompimento com o princípio da realidade. Ora, quando a espiritualidade se dá em fórum íntimo ou em ambiente adequado, visando o crescimento espiritual e psíquico da pessoa, ela atende o primeiro critério. Mas quando a "espiritualidade" para a se fiar mais nos relatos do lado de lá, ou a exigir que as pessoas mudem aqui a partir do que o outro disse ter visto do lado de lá, mesmo que tenha visto temos o rompimento dos limites, ou seja, o que era simbólico, interno e subjetivo do guru ou médium está sendo apresentado como tendo que ser literal, externo e objetivo não só para ele, mas para o outro. A isto se chama esquizofrenia, e não religião.

Se eu falo com as plantas, sou normal. Se elas respondem, sou psicótico.

Quanto à Matrix, cada Neo precisa esperar o seu Morpheus. Ele só fez o treinamento quando convidado a Zion. Ou seja, se estiver projetado, além da Matrix, treine. Mas isso não nos isenta de vivermos bem, aqui, onde a morte é real.

Dizem que um discípulo chegou para seu guru todo feliz, após muito meditar, e disse:
- "Mestre, mestre, enfim vi, este mundo é uma ilusão, a dor não existe!".
E então o mestre lhe deu um forte murro no nariz: "
- O que está doendo agora?"

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Quando alguém morre, como a psicanálise pode ajudar? Se ela não considera o além do físico, o que poderia fazer por fobias que vem de outras vidas, obsessão de gente desencarnada, magia, etc?

Quem é "a" psicanálise, esta mulher que não acredita em nada?

Conheço psicanalistas de todas as crenças - em minha clínica há psicanalistas ateus, evangélicos, espíritas, seicho-no-ie e espiritualistas - assim como conheço médicos, arquitetos, engenheiros e professores de todas as crenças.
A arquitetura não considera a vida após a morte, como uma casa poderia me ajudar, sabendo que pessoas morrem nelas?

Psicanálise não é uma crença herética ou senhora atéia, é apenas um método, um conjunto de conhecimentos, que como qualquer outro tem a sua delimitação. Isso não implica não haver nada além dela, apenas não é necessário multiplicar as variáveis infinitamente. Um médico não para de lhe operar para discutir se seu tumor veio de outra vida. Mesmo se ele for espírita.

A questão é: QUEM DISSE que a fobia veio mesmo de outra vida? E, se veio, que PRECISA ser tratada lá e não aqui e agora, onde se manifesta? QUEM DISSE que o motivo de uma psicopatologia é mesmo a crença em um suposto "obsessor desencarnado" ou "agente mágico"? E, se for, que o manejo psicológico disso deva ser deslocado da psique para o campo na suposição, do invisível e da religião?

Ainda que seja essa mesma a causa de UM caso em particular, teríamos o direito de vender nossas crenças ao paciente como forma de terapia? E, pior, semear o medo do invisível nos demais, que nem apresentavam essa causa em suas patologias, pois é sabido que a gigantesca maioria consegue encontrar explicações NESSA vida e atitudes mesmo? E pensando neste UM que realmente tivesse causalidade em algo invisível ou distante, qual seria o nosso papel como psicoterapeuta? Fazer fofoca de sua vida passada? Alimentar a nossa curiosidade e a dele sobre "O QUE" haveria causado? Não seria mais honesto e eficiente entendermos, nós e paciente, que a questão é o "COMO" do agora do que o "O QUE" ou "QUANDO" do passado? Por fim, evocando a psicologia mais humanista e transpessoal, bem como o counseling, qual a vantagem de colocar aquele paciente em contato com o seu PIOR de um passado que sequer vê? Ora, a cura transpessoal parte do contato com o núcleo saudável da psique. Ainda que justificássemos uma investigação do invisível, uma fofoca akáshica sobre sua (suposta) vida pregressa, o risco disso justificar culpas é maior do que o benefício que essa culpabilidade venha a trazer. Curar por meio da culpa - especialmente da culpa em relação ao invisível - não é o que eu chamaria de honestidade terapêutica.

Ora, mesmo considerando que possam ter sido causados em esferas invisíveis - ninguém viu, tudo não passa de interpretação simbólica baseadas em crenças prévias de paciente e/ou terapeuta - não é sabido, espiritualmente, que isso se dá por SINTONIA, por pensamentos+sentimentos+atitudes? Que a vida passada se manifesta no eu-aqui-agora, e que a vida futura é determinada pelo mesmo eu-aqui-agora? Que qualquer obsessor ou ameaça invisível só poderia atuar havendo atitudes psíquicas compatíveis, que o convidem?

Não dizem os religiosos que a saída é o "orai e vigiai", não dizem os espíritas que a resolução se dá por "reforma íntima"? Pois bem, as psicoterapias trabalham nesse VIGIAI e nesse ÍNTIMO, sem exigir a "oração ou a reforma (conversáo religiosa) de ninguém. Religião é assunto de fóro íntimo, indispensável, e trata de outras questões filosófico-existenciais. Não é necessário que o médico ou o psicólogo VENDA suas crenças particulares para poder tratar o necessitado, e essa prática poderia ser vista até como um desrespeito ou falta de ética. Desse modo, me parece mais questionável uma "terapia" que, delimitando o físico, foque no invisível do que aquela que respeita as crenças de terapeuta e paciente, mas metodológica e eticamente as deixam fora do setting - a não ser como possibilidade de interpretação simbólica e possibilidade transpessoal.

Note que uma coisa é usarmos o transcendente como função de individuação, ampliando nossas possibilidades, e trazendo acréscimos do dito espiritual. Isso implica interpretar símbolos trazidos pelo paciente como possibilidades do Self, ou de contato com naturezas psíquicas mais sutis, ou como instâncias arquetípicas que nos trazem dados além do inconsciente individual - em geral, propondo um ORIENTE a seguir. Isso fazem, de algum modo, os junguianos, logoterapeutas, winnicottianos, wilberianos e afins. Isso tira a pessoa de seu ponto de desconforto a partir da possibilidade de novos caminhos e paradigmas. Isso é TRANSpessoal.

Outra coisa bem diferente é usarmos o invisível como o terreno das doenças imaginárias, da origem das culpas e expiações, da conversão automática de cada transe, visão ou sonho figurado em uma manifestação literal de crenças prévias; da visão do inconsciente, do passado e do além-físico como uma ORIGEM, geralmente negativa. Isso tenta mudar a pessoa hoje a partir de uma culpa, da visão de algo sempre pior ainda, que de algum modo "justificaria" o sofrimento pelo qual ela passa. Isso a aproxima da origem complexa de suas neuroses, sem sequer dar resignificação. Tomar o invisível assim me parece mais PRÉpessoal.

Sendo este tipo de acesso PRÉ-pessoal um contato com a parte doentia da psique, sem manejo adequado e interpretação (pois a considera como literal, e não simbólica), corre-se o risco de transformarmos qualquer neurose prévia em fobia, só curável a partir da culpa em relação a atos passados. E como dito na resposta anterior a essa, CULPA gera doenças físicas e suicídios indiretos. Se agimos assim, será mesmo que curamos alguém, ou apenas deslocamos sintomas, alienando o paciente a partir de NOSSAS próprias crenças?

Láz, uma coisa que me intriga: câncer. Gostaria de saber sua visão esp. unida a visão psic. e fís. sobre o assunto dessa doença que cresce cada vez mais com o adiantar dos anos. Não encaro o câncer como poluição dos nutrientes q ingerimos, me parece mais.

Compartilho de sua inquietação. Não sabemos o que seja. Unindo espiritualidade, psicanálise, neurociências, evolução, mutação... Também sinto cheiro de que câncer é bem mais do que imaginamos, mas não tenho competência para dizer o que seja. Eu especulo que tenha algo a ver com evolução e mutação, e também não há como ignorar as implicações psicossomáticas existentes. Intuo que, de algum modo, em um futuro longínquo tenhamos uma outra idéia sobre câncer e vírus dentro do sistema que permite a evolução da vida na Terra, mas não tenho como investigar isso cientificamente. Apenas sei, ou creio que sei, pelo mesmo motivo que antes eu sempre soube da Epigenética, e escrevi muito sobre isso antes de ter um nome - bastava observar para saber que nem Darwin poderia estar tão certo, nem Lamarck tão errado assim.

Câncer também me parece "mais". E a cada morte prematura por câncer, como esta de hoje (Steve Jobs), sinto uma certa impotência pré-histórica, um senso de que poderia ser evitada se já tivessemos a visão ou tecnologia certa. Atuando em psicanálise e vendo doenças psicossomáticas e interações psiconeuroimuno todos os dias, eu SEI que palavra e pensamento modificam mais que comportamentos. Antes de ser psicanalista, também trabalhei por 15 anos em centros espíritas, 3 vezes por semana, e conversei com milhares de pessoas, em especial doentes, tentando levar os alívios que aquela alternativa espiritual oferece. Na época também me convenci - empírica e fenomenologicamente - que as relações entre vida e câncer seguramente pareciam indicar "algo mais", quase uma drenagem de algo psíquico se manifestando no físico - nem sempre com intenções negativas, mas quase como um remédio amargo que às vezes mata o paciente, ou um mecanismo de defesa psíquico que às vezes nos traz patologias.

Há inúmeros casos de câncer agindo de modo auto-punitivo, como se tivesse algo ou de "energético" (no sentido dito "espiritual"), ou como reflexo da culpa, da conversão de sintomas contra o próprio corpo. Parece haver perfis de pacientes (os de posição neokleiniana viscocárica) mais propícios a desenvolvê-lo. Mas tudo isso não passa de estatística, de observação: conhecemos os fatores de maior predisposição ao câncer, mas não temos certezas sobre o seu funcionamento.

Não quero ser reducionista no caso do câncer, até porque nem sei se ele é tão somente uma "doença", é claro que há outras variáveis envolvidas (propensão genética, epigenética, fatores de risco como cigarro, bactérias estomacais, etc). Mas a relação psicossomática é inegável. Talvez por isso me sinta um pouco impotente, eu que atuo com a palavra e também estudo neuropsicanálise e psiconeuroimunobiologia. Antevejo um dia em que consideraremos uma lamentável estupidez termos perdido tantas e tantas vidas prematuramente devido ao desconhecimento do mecanismo desta "doença".

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Fiz as ultimas perg, 3, 4 sei lá. Usei LSD esses dias, chorei umas 3 horas ininterruptamente, me sinto melhor. Guardo meus sentimentos pra mim, to chegando no fundo do poço, cada vez mais discrente em tudo, quero mudar, por onde eu começo?

Poxa, sinceramente, sou bem contrário a drogas alucinógenas - maconha, LSD, ayahuaska, daime, cogumelos. Só nesta semana, já recebi dois interurbanos de pessoas de outros estados que surtaram por uso de daime, e depois procuram ajuda, e chegam a meu nome na internet. São centenas de casos. E não há muita diferença entre os alucinógenos citados, todos eles às vezes usados para fins "cabeça" ou "espirituais". Este "me sentir melhor" e "guardo para mim" frequentemente é associado aos "cheguei ao fundo do poço" ou sintomas (às vezes irreversíveis) de psicopatologia. Acho isso muito triste, até porque tenho bons amigos usando essas drogas. Sei como poucos no país os riscos disso, pois é a mim que procuram os desesperados (e suas famílias), vla internet.

Então a única coisa realmente SINCERA que posso responder à sua pergunta de "por onde começo" é: POR FAVOR, POR AMOR A VOCÊ MESMO, E OS GENES DE SEUS POSSÍVEIS FUTUROS FILHOS, PARE DE USAR DROGAS. DAIME INCLUSIVE, MAS PRINCIPALMENTE LSD.

Desculpe de coração se não é o que os usuários, viciados ou não, gostariam de ouvir. É o único conselho honesto e responsável que posso dar a todos aqueles que confundem o uso de drogas alucinógenas - daime e lsd inclusive - com algum tipo estranho de "busca espiritual".

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

De acordo com o Sr. Waldo Vieira, Deus não existe, Jesus foi um homem como outro qualquer, (não foi filho de Deus e blá, blá, blá. Vc acha que essas idéias difundidas por este Sr. podem atrair consciências extrafísicas que não são boas?

Waldo deixou boas contribuições ao espiritismo e à projeciologia - não mais que isso - nos tempos em que era lúcido. Sua aposentadoria em Foz do Iguaçu merece todo nosso respeito, que tenha um bom descanso.

Meu pai vive dizendo que Hitler é um gênio incompreendido da humanidade (sério), talvez ele gostaria de debater isso com o Waldo na próxima rodada de dominó. Eu passo.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Você entendeu o final de Lost? Se sim, qual a sua interpretação?

Você entendeu o final de Lost? Se sim, qual a sua interpretação?


Toda a sexta temporada se passa no "astral" deles. Mas isso não significa que as 5 outras também tenham se passado. Lembre-se que eles se deslocam de diversas formas no tempo-espaço, inclusive para antes do nascimento. Ora, em tendo nascido, também morreriam um dia. 

Na minha compreensão, a sexta temporada se passa muito, muito tempo depois dos episódios da ilha. Mas isso não quer (necessariamente) dizer que todos estivessem mortos o tempo todo - embora esta também seja uma possibilidade em aberto. 

Nesse sentido, gostei bastante da parte astral e ecumênica. Já a parte da Ilha, não gostei, pois a mitologia não se fechou, muito pelo contrário: houve um excessivo apelo ao sobrenatural, sem resposta.


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O mundo tem seu tempo, ele pede pressa e não concorda com o tempo de muitos métodos terapêuticos. A psicologia não tem preocupação com eficiência?

Há perguntas que mais parecem querer afirmar defensivamente alguma crença prévia do que ter a humildade e dúvida sincera de quem ocupa um espaço de perguntas em busca de uma resposta.

O "mundo" não falou comigo ainda, atenderei seu procurador, se ele tiver paciência de escutar respostas. Mas se a ansiedade do "mundo" não lhe permite sequer "concordar" com o tempo que ele mesmo necessita para elaborar suas próprias questões (afinal, o tempo não é o do analista nem o da psicologia, mas o do mundo doente), creio que "a psicologia", essa senhora, talvez não tenha mesmo como ajudá-lo. Fico me perguntando porque "o mundo" procura "a psicologia", parece que ele gosta dela, mas continua exigindo de todos aquilo que um dia esperava imediatamente de Gaia, a sua mãe.

Infelizmente, "a psicologia" tem sim preocupação com a "eficiência" e com os "resultados", herança do pragmatismo americano, um "me-engana-que-eu-gosto" de um mundo que, após se complicar por anos sozinho, chega ansioso exigindo uma técnica mágica ou comprimido milagroso que lhe cure instantâneamente de sua própria condição existencial.

E é por isso que eu não concordo nem com "o mundo" nem com "a psicologia". Sou psicanalista, não psicólogo. Não sou curandeiro, trabalho com auto-conhecimento, e isso não tem prazo, não tem garantias que substituam o esforço do próprio buscador, nem faz sentido ser procurado apenas para extrair uma verruga. Respeito profundamente às escolhas e o sofrimento humano

Pobre do Sr. Mundo, no dia em que ele puder ser apenas um ser humano, procurando não a dona "psicologia", mas sim um outro ser humano qualificado e habilitado para ajudá-lo, estabelecendo uma relação analítica e transformadora, respeitando o tempo que ELE MESMO demandar para que ELE (e somente ele) possa resolver SUAS PRÓPRIAS questões.... talvez essa sua angústia tenha outra resolução. Dona psicologia não pode viver a sua vida por ele. E mesmo nós, psicanalistas, o respeitamos tanto que só podemos ajudar o ansioso Sr Mundo se e quando ele se permitir ser ajudado. Psicanálise está aí para todos, mas não é mesmo fast-food, e nem todos estão para a psicanálise.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa: