sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Paixões Paralelas no Netflix

No tema SONHOS LÚCIDOS, um filme interessante que recomendo e gosto muito é o Passions Of Mind (Paixões Paralelas) que acaba de ser "lançado" no catálogo do Netflix Brasil. Me lembra o sonho de Jung e a borboleta de Sun Tsu.

Sun Tsu sonhou que era uma borboleta que dormia e sonhava que era Sun Tsu. Quando acordou, Sun Tsu não sabia mais se havia sonhado que era uma borboleta ou se era uma borboleta sonhando ser Sun Tsu.

Me lembra também de um sonho de Jung, em que ele enfim chega a um local onde havia um monge em profunda meditação, e nesta meditação criavam via e vivia a vida de Jung. E Jung diz que naquele momento teve certeza de que se aquele Yogue de seu sonho "acordasse" do transe, toda a vida e universo de Jung desapareceria ao mesmo tempo.

No filme, Demi Moore vive as duas personagens das realidades opostas e complementares. Qual das duas seria o sonho? E porque apenas alguma das duas seria considerada "realidade"? E se a proporção de lucidez dos "sonhos" em relação às "realidades" fosse de 50% cada, como adotar uma delas como a "vigília" que promove a outra?

E assim, uma história leve e simbólica, romântica, vai se complicando com atuações convincentes de psicanalistas nos dois lados do sonho. E ambos nos convencem de que o outro lado não poderia mesmo ser real. Divertido. Mas bem, eu disse "leve"? Sim, a princípio. Mas inevitavelmente a trama despretensiosa e chavão se aprofunda, com "camadas" simbólicas e psicológicas. Não é uma obra prima, mas quando o expectador percebe, sua matiné de comédia romântica se foi, e ele já está envolto no complexo questionamento de "realidade" que filmes desta categoria (Matrix, A Origem, 13º Andar, Cidades das Sombras) sempre promovem em relação às sombras da caverna de Platão.


sábado, 21 de novembro de 2015

O que é bruxaria? O Estado Cristâmico e a inquisição velada

Isso não são bruxos nem aqui nem no Halloween
BRUXARIA: filosofia de vida pagā baseada em "tradição oral" (*) com forte ligação com a Grande Mãe Gaia, com a Natureza e estações, com o fogão e suas magias, com os ancestrais dos mundos físico ou paralelo, com as Artes, com as Ciências (incluindo as humanas), com as ervas, com o auto-conhecimento psíquico e com os Deuses, independentemente de panteão. 

BRUXOS respeitam todas as formas de crença, sexualidade, cultura, posicionamento político, origem ou auto-expressão, pois sabem na pele [queimada de seus ancestrais] o que é intolerância. 

Em geral BRUXOS celebram mais os deuses e festivais antigos - greco-romanos e celtas, às vezes escandinavos e africanos. Isso não se dá por "credulidade", mas para maior precisão arquetípica nas  estruturas tradicionais a partir das quais todos os demais deuses e mitos se derivam - incluindo os deuses / mitos / profetas / festas / espíritos e santos dos judaico-cristãos que nos perseguiram. Portanto, não existe "bruxaria satanista", uma vez que Satanás, Lúcifer (e suas variações) são sombra das divindades judaico-cristãs. E a bruxaria é uma outra religião, com outro panteão. Se alguém cultua Satanás é cristão, ainda que um cristão-do-contra. E bruxos não são cristãos.
Paganismo é religião antiga - matriz de todos cultos ocidentais

Portanto, a não ser que você faça parte do Estado [Islâmico] Cristâmico, sugiro que simplesmente PARE de chamar a sua vizinha ou sogra pejorativamente de "bruxa". A não ser, é claro, que ela seja tão feliz, antenada, resolvida, culta, artística, sexuada, tolerante, empoderada, centrada, sem culpa, estudiosa, bem humorada e atenta à natureza quanto nós.

(Por Hades, da Casa Telucama)

(*) Bruxaria "tradicional" e "tradição oral" implica em pertencer a uma TRADIÇÃO antiga, passando informações via oralidade e convivência há séculos, celebrando e conversando em família / aldeia. Portanto, é impossível um "paganismo moderno" que seja "tradicional". Ênfase também no "oral". Sendo um convívio, não há como "aprender" bruxaria tradicional em livros ou sites de internet.
 
Preconceito religioso? Chuta que é macumba, NÃO, PÉÉRA...
   

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Bandeiras de Minas e da França: uma mesma origem histórica

O autor deste blog é mineiro de Araxá, aluno da Aliança Francesa, 
francófilo, viaja para Paris, já levou amigos de fora para conhecer
 Ouro Preto e Mariana, é reconhecido pela sociedade citada e há 
anos usa fotos no Rio Sena como tema desta página - até ser 
acusado (por paulistasde seguir "modinha da bandeira 
francesa" que "ofenderia" os mineiros, nós. Nu! 
Esse pôvé chato e dôidimais da conta, uai!

Após as tragédias de Paris e Mariana em uma mesma semana, começou uma curiosa competição de tragédias e suposta briga de bandeiras de perfil justamente entre Minas e França. Os intolerantes e patrulheiros ideológicos (sempre eles) insinuavam que optar pela bandeira de apoio a uma tragédia significaria [na cabecinha deles] estar oposto ou insensível às vítimas da outra. Pensavam estar sendo "politicamente corretos" ou "nacionalistas". Mas como a intolerância é companheira inseparável da ignorância, apenas confessavam seu desconhecimento. "Senta" que lá vem história:

Curiosamente, as bandeiras de Minas e França - justamente essas duas - são co-irmãs, e aludem ao mesmo movimento, momento, ideais - e, digamos, patrocinadores

Quem conhece a história sabe perfeitamente que não é por acaso que a bandeira mineira tem formato tri ∴ angular e começa com um "Liberté / Libertas / Liberdade" em latim, uai! 

Libertas  Liberté
A bandeira original dos inconfidentes deixava mais claro ainda esse simbolismo de três pontos, e tinha cores VERMELHO BRANCO E AZUL como a francesa - veja foto abaixo. Depois a bandeira da inconfidência foi estilizada para a versão mineira atual, vermelha e mais discreta. 
vermelho ∴ azul ∴ branco
As três cores da França na bandeira mineira eram uma alusão muito óbvia aos liberais mundiais dos três pontos. Por isso considerou-se uma bandeira mineira com a cor verde, das nossas matas. Entretanto, o triângulo verde descaracterizava demais o movimento inicial - e suas origens franco-iniciático-revolucionárias.

Já a bandeira francesa tem uma divisão tricolor aludindo à mesma simbologia tri angular universal que conduziu a Inconfidência Mineira e a Revolução Francesa. Como associa a trilogia de Krzysztof Kieślowski, "A Liberdade é Azul, A Igualdade é Branca, A Fraternidade é Vermelha", uai. D'accord?

Liberté, Égalité et Fraternité!
Nós-K-nós, sempre desconfiei que Minas e França são quais-quia-mesma-coisa, uai. A começar pelo queijo, primeiro símbolo pelo qual um mineiro ou francês se definiria. Mas há muitas outras coincidências: a resistência ao mesmismo, a indústria do pret-a-porter fast-fashion, a preferência pelo slow food, o dialeto de ambos juntarem e mixarem as palavras: sempre digo que falar francês é fácil para um mineiro que fala "cê qué vê?", "on cô tô?" e "tôm prô cê!"

Nóis é tudo quêjo do mesmo coalho, uai!

Mineiros e franceses são conhecidos por serem pacatos e combativos que dão um boi para não entrar numa briga e uma boiada para não sair (lembram do Asterix?), pelo amor à vida simples e produtos da fazenda / de pays, pelo jeitim ao mesmo tempo charmoso simples chic e discreto de suas meninas (como elas conseguem?), e pelo mesmo arquiteto e pedreiros que construíram seus tempos e templos, revelações e revoluções, cátedras e catedrais.

direita: Minas
escrever o texto
entre duas colunas

esquerda: França
escrever o texto
entre duas colunas

Quem me conhece mêssssssmmm' sabe que em minha moto essas duas bandeiras - mineira e francesa - sempre coexistiram. Uma de cada lado da scooter, com a brasileira no meio. 

Apesar de eu ser mineiro e francófilo, não é só por isso que essas duas bandeiras estão lá, juntas, há anos.

Ninguém é obrigado a saber de tantos detalhes históricos e iniciáticos, é claro... a não ser que queira perseguir os perfis de amigos com seu chativismo ignorante (pleonasmo). Nesse caso, passa atestado de burrice, para dizer o mínimo.

Com tanta causa mais útil do que combater a solidariedade alheia, o irônico nisso tudo é que é muito atestado de ignorância histórica os intolerantes (sempre eles) estarem OPONDO e fazendo competir justamente estas bandeiras coirmãs perfeitas de França e Minas Gerais.


Que coincidência! Né que lembra mêssssm' a bandeira mineira, uai?
Nu! Só pode sê coisa do Obama, eu vi esse mesmo ôio e pirâmide na nota do dólar..



quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Água mata. Café e ovo também.

Água mata: A epistemologia pode-não-pode do ovo e do café

Gosto por café amargo sugere psicopatia, afirma "pesquisa".
Se chegou a este blog, comece a correr.

Uma pesquisa recém divulgada "concluiu" que (1) "gostar de café sem açúcar e bebidas amargas sugere psicopatia". Entretanto outros estudos garantem que (2)  grande parte da população tem traços de psicopatia - sem precisar estudar as bebidas que tomam. E quase todos autores das ciências humanas reafirmam que (3) vivemos tempos líquidos, imediatistas, narcisistas, hedonistas e sociopatas.

Embora o primeiro estudo adote um método científico "focado", desconsidera o [mundo-real-onde-as-pessoas-vivem] contexto transdisciplinar. Por isso afirma uma falácia non sequitur, como se dissesse que "água mata, pois todos os mortos já tomaram água". Já é minha favorita para próximo Prêmio Ignóbil. O café amargo do psicopata me lembra o sofá de sala do Manuel, aquele desafortunado marido finlandês.

Novas pesquisas no Google indicam que
novas pesquisas na Superinteressante
talvez não sejam tão bem
pesquisadas assim
E agora, em mais uma dessas pesquisas "não-pode-mas-pode", as mesmas publicações semi-interessantes "divulgam" que "café cura uma série de doenças"Pode até ser. Mas como cada pesquisa do tipo, em seu esforço de ser [bombástica] publicada sempre convenientemente desconsidera (1) a transdisciplinaridade, (2) as pesquisas anteriores, (3) a relevância, (4) as falácias conclusivas e (5) o contexto global do objeto pesquisado; imagino o dia em que lerei na uma "pesquisa na Inglaterra" (são sempre eles) dizendo que:

"Pesquisas comprovam que água mata. Estudos sugerem que todos que já morreram tomaram água. Para comprovar a teoria, alguns [jovens pós-graduandos criativos e sem noção] cientistas ingleses investigaram o histórico de 1000 doentes terminais em diferentes hospitais do mundo, e concluíram que o único alimento em comum entre todos eles era a água. Mais cedo ou mais tarde, 100% deles vieram a óbito. Os pacientes, não os cientistas."

Say my name? Heisenberg!
Say my name!
E não sou (só) eu quem aponta os limites de um método científico excessivamente [cego🔙] causal e focado. Há críticas desde David Hume, passando por Karl PopperCarl Gustav JungEdgar Morin,, Thomas Kuhn e Ken Wilber

"- Yo, Mr. Freire, don't forget to say Heisenberg's  name, bitch!"

Piora muito quando este método reducionista se alia aos interesses da imprensa e do politicamente correto. Nem vou falar do ovo. Se uníssemos as pesquisas e patrulhamentos do "pode-não-pode" apenas do café teríamos algo como:
 
To be or not to be lethal, that is depression...
Café cura doenças. A não ser que seja amargo, pois outra pesquisa [sem noção] recente demonstra que quem toma café sem açúcar pode ser psicopata. Então adoce. Mas não use açúcar comum pois causa diabetes e obesidade. Além do que, a mistura melecada de café+açúcar é o principal irritador cotidiano de gastrites: derrame um pouco na mesa, cole o braço ali pouco depois, e imagine isso em seu estômago.
Portanto, café só cura tudo se você usar adoçante. Mas ciclamato com sacarina não pode: provoca câncer. Aspartame também não pode porque contém felaccio-senil-na-mina ou algo assim.
Sucralose, nunca: é um derivado da cana-de-açúcar, então você está empoderando usineiros e financiando o desmatamento da mata-atlântica para a monocultura. Talvez você pudesse usar açúcar mascavo ou rapadura, mas a rapadura de hoje é industrial e tem produtos químicos cancerígenos, feita por porcos capitalistas. Prefira os açúcares escuros orgânicos e artesanais, mas cuidado para não explorar trabalhadores rurais e pequenos produtores, senão o capitalista consumista porco será você. 
Nada mais cool que o hipster. E vice-versa.
nada mais cool que o hipster 
Até porque comer rapadura moída todo dia fará você engordar feito um porco, mesmo que em vilamadalês ela se chame de "açúcar mascavo-cabeça sem glúten".
Sobrou a stevia, que ciclistas hipsters adoram [embora usem açúcar refinado escondido]. Mas stevia sufoca as "notas" do "terroir" do café. Sim, pois agora há a versão cafeinada ou cervejeira do enólogo-mala. Ser chato era caro, até descobrirem que cerveja e café são mais baratos do que um bom ano do Petrus. Como os "especialistas" recomendam café com açúcar, certamente são psicopatas.  

Já que não posso adoçar, nem tomar amargo, nem deixar de tomar porque cura, nem tomar porque faz mal, nem usar adoçante, nem açúcar... Enfio logo uma meia dose de Bailey's Irish Cream na minha xícara de Nespresso. 

"- Opa, você disse Nespresso?", já me fuzila com ar de reprovação meu amigo enólogourmet-de-café. "Não entro em lugar algum que sirva essa m*rda capitalista suíça de café pasteurizado: você deveria tomar o orgânico sem glúten da Isabella Raposeiras, que lembra o terroir mogiana da fazenda Pessegueiro. Mas não tome em prensa francesa, pois seria um descaso com as vítimas de Mariana."

É por isso que eu sou a favor do desarmamento. Não é bom a gente andar armado quando escuta uma coisa dessas... 

Tomo meu café "adoçado" com Bailey's mesmo, lendo a nova pesquisa sobre ovo e café. Reflito que, passada um pouco nossa adolescência positivista e iluminista, talvez seja hora de questionarmos os limites do atual paradigma científico, ampliando a integração do sistêmico, transdisciplinar, dedutivo ou acausal. Macros são feito de micros, e os transcendem: como afirmar algo definitivo sobre o amor do poeta a partir apenas da análise dos átomos de tinta deixados no papel?

Apesar de todos os filósofos da ciência que citei, em 300 anos de questionamento, a academia prefere permanecer em Chico Toucinho. Quero crer que não seja por conveniência, ignorância ou ganância em maximizar produção e publicação reduzindo ao máximo o questionamento e refutação. Lembrando aos adeptos de Francis que o Bacon é outra coisa que mata.

Que bom que café faz bem. Ou mal. Tanto faz, já que devo morrer por causa do ovo que eu comi na semana passada para me salvar. Como coordenador de filosofia (e, por conseguinte, epistemologia) de um grupo transdisciplinar de pesquisas em uma escola de Medicina, talvez eu tenha olhos mais críticos e céticos em relação à relevância contextual de certas pesquisas, ao mesmo tempo em que sinto o quanto é difícil publicar trabalhos de anos quando ousam ser verdadeiramente inovadores e transdisciplinares. mas vejo certas divulgações com alguma suspeita metodológica de reducionismo, especialmente devido à delimitação de contexto e excesso de síntese que a maioria dos orientadores [preguiçosos] produtivos vêem como "qualidade". 

O que percebo ALÉM DO ÓBVIO é que, por um lado, é flagrante a culpa do sensacionalimo folhetinesco de algumas revistas e sites que adoram confundir a população com o "pode-não-pode" generalizado a partir de fragmentos de pesquisas isoladas. Mas por outro lado, isso também é causado por uma indústria acadêmica do "você é o quanto você produz".    

Produzir, delimitar e sintetizar demais é a moda - talvez a doença - da universidade atual. São tempos líquidos, consumistas e fast-food até na ciência - e no caso de "café" e "ovo", até em seus alvos de pesquisa. Mais fácil e seguro fazer mil teses seguras do que uma só com relevância paradigmática, contexto e sustentabilidade.
"Precisamos produzir... Delimite! Sintetize anos em 3 páginas... Gera menos rejeição, quem se importa com conteúdo? Cite mais e tenha menos ideias próprias... É preciso "ter mais foco" (ou seja, menos da visão sistêmica que nos protege de equívocos futuros). Seja menas", porque isso está transdisciplinar demais [para os limites seguros que sustentam as contas e o frágil ego acadêmico de seu orientador e castrador]...
Como bônus, essas pesquisas isoladas e descartáveis (enquanto contraditórias com o contexto do objeto pesquisado) ainda geram mais "fama". Pelo menos na Superinteressante, tablóides ingleses e redes sociais.

Quando ler a próxima pesquisa dessas, lembre-se: Água mata e pode causar câncer. É sério. A produção científica é que não anda lá tão séria assim.

domingo, 15 de novembro de 2015

Je suis Parríana, uai!

Quando penso já ter visto todo tipo de pobreza de caráter, eis que surge uma nova categoria de vilania abaixo do fundo do poço: os patrulhadores ideológicos CONTRA a solidariedade alheia. 

Quando penso que o chativismo-político-radical já nos causou todos os tipos possíveis de vergonhas alheias, eis que os mesmos de sempre se apropriam de cadáveres frescos para justificar sua nova "missão virtual": criar um novo "Fla X Flu" injustificável, apenas para enquadrar sentimentos e apoios (a Paris, a Mariana) dentro de seu próprio sistema de dualismo reducionista e miséria intelectual.

Sou um grande crítico do uso - e abuso - do botão BLOQUEAR. Em um mundo intolerante onde narcísicos só validam seus próprios espelhos, como Pequenos Príncipes que agem como "donos do mundo" (de um planeta sem ninguém), cabe uma leitura psicanalítica do exagero de "bloqueios" no WhatsApp, Facebook, Torpedos e redes em geral.

Criticamos assassinatos por intolerância, mas nosso Estado Islâmico Interno faz uma versão simbólica da mesmíssima coisa, contra quem vota em outro partido, contra quem tem outra religião, contra o ficante que não é mais conveniente, contra os parentes e amigos do ex, contra tudo e todos que não curtamos mais.

Entretanto, ao ser apresentado aos "patrulhadores ideológicos contra a solidariedade alheia", descobri hoje a grande motivação de quem criou este botão: garantir que ninguém minimamente humano e solidário precise continuar habitando o mesmo planeta virtual que estes castradores da sensibilidade de outrem.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Reducionismo dualista: Quando o bom senso é agressão

Sempre foi impossível, aos que pensam, agradar à mediocridade do senso-comum. Em qualquer área e época, quem se posiciona recebe forte oposição. Pode ser um Sócrates, Jesus, Demolay, Copérnico, Lutero, Darwin, Freud, Jung, Gandhi ou Lenon. Tanto faz. Como no experimento dos cinco macacos, quem tenta sair da mesmice deve estar preparado para apanhar. 

Mas atualmente tem piorado. Nesses tempos pré-neo-medievais, até ter bom senso está ficando difícil. Pondere algo, e você já vira inimigo. Com bullying dos dois lados, para piorar. Compreendo a divisão tico-e-tecognitiva dessa gente [e até interajo com eles e jogo biscoitos quando estou a uma distância segura], mas isso não me coloca em um dos lados dos muros de ninguém. 


Caros coxinhas e petralhas, favor me "incluir fora" disso.
Quando aponto e discirno qualquer absurdo oriundo do PT, Haddad, Lula, ciclofaixas, bolsas eleitoreiras, populismo e etc, alguns militontos me chamam de coxinha. Para piorar, os coxinhas-de-fato acham que "agora eu finalmente passei para o lado deles". Preguiça.

Entretanto, quando aponto e discirno absurdos do PSDB, Alckmin, FHC, pedágios, privatarias, individualismo, empresários e etc, alguns reaças me chamam de petralha. Para piorar, os petralhas-de-fato de fato acham que com isso endossei [os roubos] as causas deles. Não!

Se eu penso e explico a favor de um único ponto que o sectário (de esquerda ou direita) gosta, sou um "intelectual que sempre diz o que a gente pensa". Entretanto, se eu penso e explico contra um único ponto que o mesmo sectário gosta, passo a ser um "pseudo intelectualóide que só fala besteira".


pseudo-intelectual [Gr. Lat.] [Filos. Polít.] [s.m. adj. pejor. deprec. de um suj. imp.]: qualquer um que tenha estudado mais que eu, especialmente Ciências Humanas, e ainda assim discorde de meu ponto de vista. mesmo que: "intelectualóide" ou "graduado em ciências humanas". Quanto mais embasamento histórico-sociológico-filosófico-político-conceitual algum pós graduado tentar usar para aplacar seu ódio, mais "pseudo-intelectualóide-arrogantezinho-de-merda" ele será. Refute-o com argumentos ad-hominem (v.t.). Persistindo os sintomas, consulte VEJA.


Fora Glúten! Abaixo a Lactose!
Morte às cesarianas!
Antigamente, aos olhos dos radicais, ser imparcial era apenas "ser covarde", "em cima do muro", no máximo um "responsável por omissão". Hoje em dia, não. Não estar do lado de um significa estar do lado do outro, e merecer indiretas, patrulhamento, bullyng e agressão - mesmo em grupos de amigos. Afinal, se for possível ser ponderado, o radical parecerá um doente mental, e não um cruzado heróico salvando o mundo [vestido de Napoleão]. Se você não parece ser de uma religião distante, merece ser morto em seu próprio país. E não por acaso, apoiar essas mesmas vítimas da França faz de você um "inimigo" (oi?) não do Islã, mas... dos mortos de Mariana!?!?!?
Há muito as teologias mais dualistas e proselitistas
endossam o sectarismo, e não por acaso as
teocracias só ocorrem a partir delas

Em suma, em termos de Psicologia Social, vivíamos em um país de estrutura neurótico-bipolar, e reclamávamos de barriga cheia: agora ele parece evoluir para um psicótico transtorno de personalidade narcisista e/ou borderline, sintetizado pelo lema: "Meu cérebro, minhas regras - e morra você, pois o Outro não existe. Para ser persona no grata, não precisa mais ser contra minha causa: basta não ser a favor."

A julgar por esta perseguição ideológica reducionista, zumbis devem estar passando fome por falta de cérebros em nossa sociedade.

Nessa semana, apontei vários problemas dos dois lados. Com argumentos, dados, aprofundamento e análise. Não para equilibrar um lado com outro, mas por mera cidadania, por serem problemas graves que mereciam discernimento, independentemente da filiação política dos responsáveis por cada equívoco. 

Parafraseando Krishnamurti, "não é prova de ética ou sanidade estar
por demais contra (ou a favor de) um só dos lados de qualquer
polaridade espelhada, interesseira e doentia"
Mas a patrulha ideológica reducionista nem lê até o fim. Já entra embaixo condenando quem "ousou" apontar os equívocos de seu lado "favorito". Fica mais engraçado quando dizem que eu "nunca posto contra o PT". Ora, apesar de alguns posts humanistas ou em defesa das mulheres (coisa de "comunista", segundo o novo hospício Brasil), tampouco poupei críticas ao aumento da dívida pública para sustentar bolsas eleitoreiras, e à eugenia e elitismo da política Suvinil de São Paulo. Ler os meus posts pra que? Para ser perseguido nem precisa ser contra, basta não ser 100% a favor.

Sectários dos dois lados, ativistas virtuais de um Fla X Flu passional de Facebook, pastores chatos do "petismo cego" ou do "fora Dilma", gente que transforma redes de amigos em divisões: Chega! Assim como dos políticos, o Brasil já está farto de vocês.

É preciso irmos além deste reducionismo dualista - Fla X Flu, BaVi, Grenal, Petralha X Coxinha, Bike X Carro, Hipster X Cool, PT x PSDB, "Comunista" x "Fascista" - que acha que cada vez que criticamos maus atos de um estamos apoiando o outro. Se o seu mundo ainda precisa ser preto ou branco, hoje se fala em "50 tons de cinza" - e eu prefiro viver as 16.777.216 combinações de cor.

Não abro mão do meu direito de pensar, em 3ª via, independente. E não, isso não me faz adepto de nenhum dos lados da visão pequena e partidarizada daqueles que parecem não superar a disputada "final" do "campeonato" eleitoral do último pleito presidencial. 


terça-feira, 10 de novembro de 2015

Highlander em Walking Dead: a impossível exigência narcísica da eternajuventude

Numa sociedade neo-hedonista-narcisista que simbolicamente elegeu zumbis como seu ícone cultural, envelhecer parece ter se tornadocrime ou doença.

Uma "reportagem" acusa Vera Fischer, a  real, de não se parecer mais com o personagem que o imaginário do "jornalista" tem em sua fantasia. 

"Impostora, como pode sair na rua assim?"

O senso-comum do repórter exige que em 2015 (sem produção e flagrada inautorizadamente em momento pessoal) ela tivesse que se parecer com uma aparência pública dos anos 80 e 90 (e com produção de estrela global). Que absurdo! Ela real não se parece com a "ela" idealizada... 

Deveríamos então ser os eternos adolescentes, walking deads, só aparência, nos forçando a pedalar e transar sem parar, consumindo viagras e antidepressivos para mascararmos e negarmos nossa maturidade - e possibilidade de sabedoria? 

O mais cruel é que o envelhecer era respeitado como saudável e sábio quando vivíamos pouco, assim como as relações (amorosas, profissionais, fraternas) de longo prazo. E agora, invertemos tudo, criamos políticas públicas e de transporte excessivamente físicas, pressões midiáticas excessivamente imagéticas e produtos e serviços que se tornam prematuramente obsoletos. Ou seja, passamos a desprezar e segregar a velhice, a permanência, a sabedoria - justamente agora em que vivemos 100 anos. 

Vivemos o dobro e exigimos que tudo - relacionamentos, empregos, produtos, carros, amizades - dure a metade ou um quinto do que antes. É evidente que teremos problemas EXPONENCIAIS com essa conduta.

Como Highlanders Walking Deads, não se pode mais "viver, amadurecer, envelhecer e morrer", nos cobram que vegetemos eternamente com a idade em suspenso, entre sorrisos, maquiagens, plásticas, viagras e prozacs. Não é por acaso que tantos adotaram, inconscientemente, os zumbis como ícone "artístico" projetivo dos tempos líquidos atuais.



De cara lavada, Vera Fischer aparece irreconhecível ao embarcar no Rio