sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Paixões Paralelas no Netflix

No tema SONHOS LÚCIDOS, um filme interessante que recomendo e gosto muito é o Passions Of Mind (Paixões Paralelas) que acaba de ser "lançado" no catálogo do Netflix Brasil. Me lembra o sonho de Jung e a borboleta de Sun Tsu.

Sun Tsu sonhou que era uma borboleta que dormia e sonhava que era Sun Tsu. Quando acordou, Sun Tsu não sabia mais se havia sonhado que era uma borboleta ou se era uma borboleta sonhando ser Sun Tsu.

Me lembra também de um sonho de Jung, em que ele enfim chega a um local onde havia um monge em profunda meditação, e nesta meditação criavam via e vivia a vida de Jung. E Jung diz que naquele momento teve certeza de que se aquele Yogue de seu sonho "acordasse" do transe, toda a vida e universo de Jung desapareceria ao mesmo tempo.

No filme, Demi Moore vive as duas personagens das realidades opostas e complementares. Qual das duas seria o sonho? E porque apenas alguma das duas seria considerada "realidade"? E se a proporção de lucidez dos "sonhos" em relação às "realidades" fosse de 50% cada, como adotar uma delas como a "vigília" que promove a outra?

E assim, uma história leve e simbólica, romântica, vai se complicando com atuações convincentes de psicanalistas nos dois lados do sonho. E ambos nos convencem de que o outro lado não poderia mesmo ser real. Divertido. Mas bem, eu disse "leve"? Sim, a princípio. Mas inevitavelmente a trama despretensiosa e chavão se aprofunda, com "camadas" simbólicas e psicológicas. Não é uma obra prima, mas quando o expectador percebe, sua matiné de comédia romântica se foi, e ele já está envolto no complexo questionamento de "realidade" que filmes desta categoria (Matrix, A Origem, 13º Andar, Cidades das Sombras) sempre promovem em relação às sombras da caverna de Platão.


Um comentário:

  1. PERGUNTA ANÔNIMA: Prezado Lázaro, acompanho seu blogue e seu face com entusiasmo. Sou formado em Filosofia e me apaixonei pela psicanálise. Quero ser um analista. Mas no fundo de minha mente acadêmica, fica a dúvida constante: para além do aspecto estritamente legal, como exercer a profissão de psicanalista sem ser médico ou psicólogo? Ou seja, com que autoridade se pode fazer isso? Mil obrigados.

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