terça-feira, 28 de dezembro de 2010

É possível aprender a escrever bem, tão bem como você? É algo que se possa treinar? Como?

Não sei se escrevo bem, mas certamente (boa) leitura é fundamental.
Na graduação em filosofia conheci pessoas que escreviam mal, no começo, e o coordenador dizia que certamente progridiriam ao longo do curso. Duvidei um pouco, mas no final do 1º ano podíamos ver os resultados, os argumentos e períodos melhoraram significativament a partir do que liam(os). No final do último ano, não pareciam as mesmas pessoas. E não eram mesmo, haviam crescido junto com seus textos. E sem aulas de português, redação ou técnicas; apenas muita leitura e debate todos os dias, incluindo aí trechos das melhores e mais profundas obras já escritas na história da humanidade.
Hoje não tenho dúvidas, porque testemunhei milagres: quer escrever melhor, especialmente em termos de argumentação? Então estude filosofia.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Nos meus sonhos eu sou sempre foda. Quando tem um problema, eu resolvo, tem ameaça eu mato ou escapo numa boa, consigo convencer as pessoas, gostam de mim. Na vida real eu sou normal e querida, mas na média. Significa?

Sempre que há "sempre" significa. :-)
O que significa, depende de te conhecer melhor. E a seus sonhos, reais e metafóricos.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

domingo, 26 de dezembro de 2010

Ultimamente tenho observado constantemente coincidências significativas e que tem mudado o rumo da minha vida, literalmente. Há seis meses, sonho constantemente com um rapaz, (eu ainda não o conheço) ele é uma pessoa pública e trabalha junto com um

Se você ainda não o conhece, não é especificamente uma "coincidência significativa". Não sei dos detalhes, mas PODE SER (dentre outras possibilidades) uma representação de seu próprio ânimus, inconsciente masculino da mulher. Sugiro que leia SHE, ou O CAMINHO DOS SONHOS, ou MULHERES QUE CORREM COM LOBOS. Devem lhe ajudar neste período.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Quais livros o senhor recomenda para um conhecimento basico da piscologia e Psicanálise ?

RESUMO:
- Freud Vida e Obra (resumo de bolso)
- Jung Vida e Obra (Nise da Silveira)
VIVÊNCIAS:
- Vivências de um Psicanalista (D. Zimmerman)
- Cartas a um Jovem Terapeuta (Calligaris)
CONCEITOS:
- Curso de Psicanálise (Mark André Keppe)
- Psicanálise em Perguntas e Respostas (Zimmermann)
- Coleção CONCEITOS DA PSICANÁLISE, livrinhos de bolso, editora Duetto
- Coleção MEMÓRIA DA PSICANÁLISE, revistas, editora Duetto

Como falamos de algo BÁSICO, assistir à série de TV "In Treatment" (Em Terapia) tambem pode ajudar. O 2º ano é melhor. As revistas VIVER MENTE & CÉREBRO e PSIQUÊ também trazem boas contribuições em linguagem popular.

Para conceitos mais específicos de Psicologia e Psicopatologia, recomendo os livros gerais adotados em universidades, como o do Barlow. Você os encontra nas grandes livrarias com exatamente esse título: "Psicopatologia" e "Psicologia". Dão uma boa visão geral, sem se fixar em uma linha só.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

O que você pensa a respeito dos romances distópicos Admirável Mundo Novo e 1984 ?

Eu os li na adolescência, ambos em 1980, 1º ano técnico, eu tinha novas idéias para o mundo e era líder estudantil secundarista, ainda trotskista. Na época, gostei um pouco do primeiro, e muito do segundo. Achei Orwell um visionário, um esquadista como eu, e mal percebia eu que na verdade ele CRITICAVA o totalitarismo a que minhas filiações políticas clandestinas da época conduziam....

Eu os recomendaria a todos os adolescentes. Pelo menos aos daquela época... Afinal, como disse alguém, "aos 18, se não somos um pouco utópicos e comunistas, é porque não temos coração. Agora aos 40, se AINDA somos um tanto utópicos e comunistas, é porque não temos cérebro." hehehe. Eu li aos 15 e hoje tenho 46... Gostei, tendo aquela idade: Cada geração parece ter seus próprios Harry Potters. ;-)

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O que você acha de terapias baseadas em hipnose? Em que casos podem ser indicadas?

Tenho ressalvas. A hipnose acessa sim o inconsciente. Freud a usou no começo, e todo psicanalista tem formação ou pelo menos noções de hipnose. Foi o PRIMEIRO módulo de minha formação. Mas foi demonstrado, já no começo da psicanálise, que a Associação Livre e interpretação de sonhos e transferências é uma técnica mais eficiente, segura e produtiva.

Mas a questão é que há muitas limitações. A psicanálise abandonou a hipnose como técnica por causa delas, não compensa:

1) É demorado e impreciso. Em alguns casos, perde-se muito tempo na indução do estado. Ficaria inviável em sessões curtas. Acaba sendo, muitas vezes, amador.

2) Nem todas as pessoas são hipnotizáveis. A maioria são, mas nem todas. Não dá para trabalhar com algo que não funciona em 10 a 20% das pessoas. Como atender 40 pessoas por semana com tanto furo e imprecisão?

3) O maior problema é que a linguagem do inconsciente é OUTRA. Uma pessoa hipnotizada para falar de seus processos internos usará linguagem SIMBÓLICA. Por exemplo, num sonho um cigarro pode ser um falo, uma simbologia de prazer, e por extensão até mesmo uma alusão ao pai, ao masculino (associado simbolicamente ao fálico). Na hipnose, a pessoa está em um acesso INCONSCIENTE, portanto, como nos sonhos, as referências ao que é simbólico e ao que é literal ficam muito tênues. Assim, quando dizemos a alguém hipnotizado que ela deve CORTAR O CIGARRO, por exemplo, para ajudá-la a parar de fumar, há riscos de (se der certo) ela não só parar de fumar, como também se tornar estranhamente impotente. Afinal, a frase poderia ser aceitar (até mais facilmente) em níveis mais profundos do inconsciente, onde o cilíndrico é muito mais o prazer e o fálico do que um mero enroladinho de tabaco. É imprevisível!!!

4) Infelizmente, a maior parte dos hipnotizadores de cunho "terapêutico" trabalha mais com técnicas cognitivas, truques, sugestões diretas, tentativas de "cura". Como sempre digo aqui, a psicanálise até respeita, mas vê com muitas ressalvas essas pretensões de "cura" da psique alheia, como se determinados comportamentos (ou mesmo neurores) fossem apenas "problemas" exteriores (que precisam ser "curados" e suprimidos via "terapia", como se o sujeito fosse um "paciente" e sua organização interna uma "doença") - e não a faceta exterior de uma causa inconsciente e psicodinâmica muito mais profunda. Nada contra a hipnose, já que psicanalistas são também hipnotizadores, mas cabe aí a mesma crítica que fazemos sempre aqui à psicologia coginitivo-comportamental, à PNL, às técnicas de catarse e mais ainda às técnicas de "terapia" alternativa ou "resolvedora de problemas". As pessoas querem curar um tique, e não investigar os seus porôes psíquicos que estão VAZANDO em um comportamento estranho à sociedade. QUerem SAIR da depressão a qualquer preço, mas raramente querem ver seus próprios padrões que a levam invariavelmente ao mesmo lugar, ou ao mesmo tipo de pessoa. Corremos o risco de curar um sintoma e piorar MUITO a pessoa, já que a causa não foi mexida, e sem a saída NORMAL da neurose que tinha, o inconsciente terá mais tarde que arrumar uma outra forma até mais grave para compensar e se reequilibrar. Por isso dizemos que essas técnicas mágicas e rápidas são muito boas e rentáveis... para os terapeutas: Curam a depressão, e meses depois tem de volta uma síndrome do pânico. Ajudam a abandonar uma pessoa ou situação que incomoda, e já já tem o freguês de volta, piorado, repetindo o mesmo padrão.

Poderíamos exercer a hipnose sem cair no ítem 4. Alguns raros hipnotizadores talvez tenham essa competência. Psicanalistas também. Mas os psicanalistas não fazem por causa do explicado no ítem 3, e porque a ASSOCIAÇÂO LIVRE (técnica psicanalítica) é mais eficiente e prática, não temos necessidade. O problema da hipnose é que, quando funciona, funciona muito, e por isso mesmo exige uma pessoa exageradamente responsável e preparada para lidar. Bons hipnotizadores muitas vezes são só excelentes hipnotizadores, e não necessariamente excelentes psicólogos ou psicanalistas para lidar com o estado que atingem. Portanto, tenho ressalvas.

Respeito muito os poucos que fazem isso verdadeiramente a sério, mas para nós é algo arriscado e desnecessário, uma vez que temos ferramentas melhores e mais seguras para atingirmos a mesma coisa, em psicanálise.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Se você fosse recomendar leituras espiritualistas, o que recomendaria hoje? Autores, títulos, que considera importantes?

Depende muito da preferência, do tipo de estudos que se deseja. Mas em termos de ESPIRITUALISMO, algumas coisas me parecem básicas e obrigatórias, se não leu ainda, nunca é tarde:

- Obras de Osho. Todas, qualquer uma. Bom senso no aqui agora.
- Autobiografia de um Yogue. Yogananda. Pra ter uma idéia da espiritualidade hindu de fato, e não da aulinha de yoga da academia ou dos deuses indianos da banquinha de incenso da esquina.
- Teoria dos Chacras, Horishi Motoyama. Para ter uma noção séria de meridianos, chacras e bioenergias, que ajudará DEMAIS a perceber os (inúmeros) equívocos de várias outras abordagens esquisotéricas.

Também acho bom, em termos de espiritualismo, ter uma noçãozinha básica de filosofia. Tem muito mais a ver do que a maioria pensa. E ajuda a conhecer o resto do caminho. Recomendo o simplezinho "Fique Por Dentro da Filosofia", pra ter pelo menos uma idéia do mapa. Verão que muitas das coisas que pintam de espiritualismo são conceitos de lá, e que tem um ótimo tratamento filosófico. Também gosto, para principiantes, do "Guia Ilustrado Zahar de FILOSOFIA". Trata bem da questão da metafísica, da filosofia da religiãoda teoria do conhecimento e das falácias - quatro campos IMPORTANTÍSSIMOS para qualquer estudo religioso mais sério.

Pra quem quer o acréscimo psicológico, acho importante também "Jung e os fenônemos psíquicos". Faz uma interface entre a espiritualidade, mediunidade e os conceitos junguianos. Especialmente para quem é mais espiritualista e não leu o "Memórias, Sonhos e Reflexões", do Jung. Ler um desses dois é quase obrigatório, a meu ver.

A partir daí, vai depender do interesse de cada um. Há boas obras para quem quer mais sobre curas e passes (Mãos de Luz, por exemplo), outros para quem é mais espírita, ou mais orientalista, ou mais hinduista, etc. Depende. Mas damos muitas sugestões lá na voadores.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

sábado, 18 de dezembro de 2010

O que você pensa a respeito do Hedonismo ?

É meu tema de trabalho em filosofia: Hedonismo Epicurista (o original) versus o Hedonismo NeoNarcisista (atual). Difícil explicar toda a tese aqui. Vou para o mestrado com ela. Mas adianto que há uma distorção do conceito do hedonismo, de Epicuro e da filosofia do Jardim. O que chamam hoje equivocadamente de hedonismo é praticamente o contrário.

Bem, isso quem estudou Phi antiga até sabe. Mas resta então compreender o que é que temos nos tempos atuais, e porque é chamado ou confundido com o "hedonismo". Que tipo de ideal ou justificativa é essa? Constitui ou não uma filosofia? Para falar disso, lanço mão da Psicanálise da Sociedade Contemporânea, de Erich Fromm, suas críticas ao hedonismo capitalista do Ter X Ser, e agrego as contribuições recentes de Baumann sobre a Modernidade Líquida. Retomo a idéia pouco difundida de Freud de tratar a sociedade, e não o indivíduo, aproveitando para isso as leituras feitas pela Escola de Frankfurt.

Aí dá para voltarmos a falar de hedonismo, o original e o atual, para tentarmos chegar em alguma conclusão. Posso adiantar que sou simpático ao hedonismo, o de Epicuro, e vejo nele algo de espiritual. Naturalmente, o que a maioria chama de hedonismo é outra coisa, que em alguns casos pode até mesmo ser patológico, seja do ponto de vista individual, seja no da análise da sociedade. Mas é um longo papo, que precisaria ser melhor demonstrado.

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Todo fenômeno mediúnico tem participação anímica?

A meu ver, sim.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Antidepressivo causa disfunção erétil ?

Hummmm... Em termos, isso é muito relativo.

1) Se está falando de Inibidores Seletivos da Recaptura da Serotonina, alguns deles podem reduzir as compulsões que temos como artifício para lidar com a baixa serotonina. Quaisquer compulsões, ou seja, alimentares, sexuais, tiques, atos ritualizados... Portanto, podem diminuir a parte COMPULSIVA do sexo, não necessariamente a libido normal. Acontece que todos reclamam de comer em excesso, brigar em excesso, ter manias em excesso, mas acham saudável e até feliz os seus feitos e exageros sexuais.

2) Por outro lado, esses mesmos medicamentos são ótimos para ejaculação precoce. São uma das indicações. Há uma tendência de menor excitação exagerada, além de uma maior tranquilidade. Dependendo da dinâmica sexual da pessoa, e até da idade, isso pode ser bom ou ruim. Se a pessoa normalmente tem boa ereção e grande desejo, pode ser que o "antidepressivo" (nome muito genérico) até melhore em muito a qualidade de sua vida sexual. Já para uma pessoa que tem dificuldades de ereção e pouco desejo, pode atrapalhar. Cada caso é um caso.

3) Há alguns Inibidores da Recaptura da Serotonina que são menos indicados para quem tem suspeita de transtorno bipolar, por poderem induzir manias (excessos) em quem tenha tendência, desenvolvida ou não - por exemplo a fluoxetina e a sertralina. Outros, como a paroxetina e o escitalopram, parecem (na minha clínica) gerar menos queixas de virada maníaca, tendo mais efeito serotoninérgico sem riscos de compulsão. Pois bem, na minha (pequena) amostragem clínica, me PARECE que os da segunda categoria geram mais queixas de perda de "performance" sexual, mas por outro lado não tem o risco de virada maníaca.

Por fim, note que diminuir a libido, especialmente a compulsiva, não é o mesmo que "causar disfunção erétil". E evidentemente, em se tratando de medicamentos que só são vendidos com prescrição médica, de preferência o especializado (psiquiatra), o mesmo deve ser consultado, para avaliar (em conjunto com o psicanalista, se houver um) quais as medicações mais adequadas para a pessoa de modo a não haver riscos físicos e psíqucis, mas também não os prejuizos afetivos e sociais.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Se as religiões cristãs estão certas, e existe Deus, Jesus e todas as coisas diretamente ligadas ao conceito, o Budismo, Taoísmo e demais religiões ao redor do mundo que tem sua base em outras coisas estão erradas?

Talvez todos esses sejam mitos humanos tentando adaptar algo maior ainda, incompreensível, às referências culturais de cada povo, tempo e região. Não creio que seja coisa de "certo" ou "errado".

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Concorda com a Escala Evolutiva das Consciências apresentada pelo Waldo Vieira? Consréu transmigrada, Isca inconsciente, Serenão, etc... Você acredita que isso possa ser dividido dessa forma? Parabéns pelo seu trabalho!

Consréu, Isca e Serenão? Hahahaha. A embalagem é engraçada e pouco atrativa para quem não é da seita. Se isso puder ser dividido de forma absoluta, o que é muito relativo e pouco provável (as divisões são didáticas e atender sempre a direção traçada por uma ideologia); e se puder ser dividida DESSA forma, vamos combinar que poderiamos usar outros nomes, né? hehehe.

Olha, se for para fazermos divisões evolutivas para o espírito absoluto, ainda fico com a do sistema dialético de Hegel. Me parece que o "Serenão" está longe de chegar perto disso, ao contrário: a visão conscienciológica não observa o ser como parte deste UM absoluto, ainda me parece um pouco esfacelada e hierárquica, pouco verossímel, parecendo mais uma evolução (ou variação) dos diversos sistemas religiosos já existentes. A teologia conscienciológica me parece um pouco dependente demais do paradigma evolutivo, vejo pouco monismo e consciência do UM ali.

Se for para escolher uma divisão mais religiosa, prefiro a do Samkhya e do Vedanta. Se for para adotar alguma neo-filosófico-esotérica desses diversos tipos de neoespiritismo e pósespiritismo (onde, me parece, a conscienciologia se encaixa), me parece que a da Teosofia é um bom ponto de partida (embora complexo e subdividido demais). Portanto, com todo respeito, penso que essas criações mais estranhas do Waldo sejam ótimas para o sistema interno do Waldo, e de pouca praticidade para o mundo externo aos seus grupos.

Fica a dica para conhecer melhor o sistema de Hegel. Não para concordar, mas pelo menos para ter o parâmetro do que vem a ser uma divisão de fato mais estudada. É preciso mais do que rebatizar divisões simplistas com novas crenças.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

É favor da legalização da maconha?

A questão é complexa. Sou mais a favor da descriminalização do que de uma "liberação" irrestrita. Pelo menos no 1º momento.

Mas tendo a pensar que seria menos pior não deixá-la nas mãos de traficantes. A ilegalidade força usuários desta substância, relativamente leve, a terem que alimentar o narcotráfico e colaborarem (in?)diretamente com crimes e drogas mais pesadas.

Por outro lado, a experiência dos países que institucionaram maconha e prostituição infelizmente demonstrou o óbvio: o consumo e a prostituição não diminuiu, aumentou. Quanto mais maconha, mais maconha. O que exigiria outro tipo de controle e educação, já que trata-se inclusive de saúde publica. E, convenhamos, educação e saúde pública estão longe de ser o forte do Brasil.

Pessoalmente penso que já há várias drogas no Brasil que nem são ilegais nem podem ser vendidas indiscriminadamente. Anfetaminas, por exemplo. Estão na farmácia. Precisam de algum controle. E não dão lucro direto aos traficantes. Acho incoerente a maconha e o Daime não terem controle semelhante. Mesmo o álcool tem algum controle e impostos. Não é vendido em qualquer lugar. O uso antes de dirigir pode dar cadeia. Há grupos de apoio a usuários, que são vistos mais como doentes do que como criminosos. Não há motivo para haver tanta diferença com a maconha (indevidamente criminosa) e com a ayahuaska / Daime (indiscriminadamente liberada, apesar de bem mais potente e nociva que um simples baseado).

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Como trabalhar a auto-estima para evitarmos delírios auto-referentes?! Como desenvolvê-la de modo equilibrado?! Tem alguma leitura sobre este assunto?

Bem, delírios e alucinações recorrentes não são sintomas de baixa-auto-estima, e podem indicar questões mais sérias.

Se a própria pessoa reconhece ter baixa-auto-estima a ponto até de sujeitá-la à possibilidade de delírios, me parece que é hora de considerar a possibilidade de algum tipo de psicoterapia ou análise.

Livros específicos tem suas limitações, inúmeras, e não passariam de auto-ajuda. Pode até ser que haja algo "específico" para essa situação genérica, mas dificilmente teria como considerar as particularidades de sua vida. No fundo o problema desses livros é o mesmo de certas "terapias", em particular as "alternativas" e "esotéricas": Acabam sendo "conselhos", ou seja, a projeção inconsciente do autor ou terapeuta. O que jamais será a sua vida, ou a solução de SEU inconsciente.

Psicanálise é outra coisa, quase o CONTRÁRIO de "terapia". Afinal, se eu der a MINHA solução para o seu "problema", ou a de minha "intuição" ou mesmo mentor (ao invés de me abster de julgar e ajudar a encontrar a SUA solução interna e pessoal), então não terei tirado você de SEU padrão, não terei trazido compreensão pessoal, e você CERTAMENTE repetirá o padrão com outras pessoas, depois.

Essa é minha ressalva contra livros de autoajuda, conselheiros, terapeutas "alternativos", substâncias curadoras externas (sejam alternativas ou farmacológicas) e psicoterapeutas cognitivo-comportamentais. Tudo isso pode ser muito útil em alguns momentos, SE aliado à compreensão das causas e ANÁLISE dos motivos inconscientes mais profundos. Isolados, podem ser mera panacéia, placebo, mudança superficial - ou, em alguns casos, serem até nocivos ou perigosos, por sujeitarem a pessoa que sofre a uma eterna repetição de padrões - sem mudar de fato a causa.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Como posso identificar sincronicidades no campo amoroso? Quando temos certeza de que algo vai acontecer isso é uma sincronicidade?

Para Jung, sincronicidades são coincidências SIGNIFICATIVAS, de teor simbólico. Coincidências cujo conteúdo não tenha grande importância ou impacto dificilmente são sincronicidades, como tratadas por Jung. É pouco provável que o universo se movimente inteiro apenas para mostrar alguma curiosidade irrelevante em relação à pessoa que amamos. É mais provável que, nesse caso, estejamos inconscientemente atentos a "sinais" menores, e propensos a darmos excessivo valor aos mesmos, por motivos óbvios inerentes à paixão.

É importante também termos discernimento para não acharmos que tudo no universo - até a placa de carro 1234 à nossa frente - seja um recado direto do Criador para nós. Isso costuma ser mais típico do delírio auto-referente, uma compensação psíquica de uma baixa-auto-estima ou sensação de inferioridade: (se o universo inteiro fala comigo, se as horas do relógio me dão recado, se os carros se alinham na avenida para que EU, o centro, observe a sequência de suas placas e coincidências numéricas, então EU devo ser muito importante...). Sincronicidade é outra coisa, uma série de eventos SIGNIFICATIVOS e acausais.

Não, uma convicção íntima - verdadeira ou não - não constitui uma sincronicidade, ou seja, uma série de coincidências significativas com interpretação simbólica no molde das que são possíveis em terapia, inconsciente e sonhos. Se sua convicção era improvável, e mesmo assim você "viu o futuro", pode ter sido outras coisas: premonição, dedução, idealização... No caso do amor, até mesmo um planejamento que lhe fez perseverar na busca de seu objetivo.

Quando conheci minha atual esposa, tive certeza íntima de que viveriamos alguma coisa mais adiante. Praticamente vi uma vida possível, e ainda não tinha motivos para isso. Não se tratou de sincronicidade, porém. Alguns poderiam chamar de premonição, mas eu prefiro chamar de "saudades do futuro". Eu sabia naquele momento que havia uma vida (possível) adiante. Mas isso não (necessariamente) teve nada de mágico, nem dispensou o meu (nosso) trabalho para que o relacionamento fosse possível.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Depois que você começou a estudar filosofia e psicanálise, como ficou sua relação com a espiritualidade, as bioenergias,a assistência energética e a projeção astral? Você ainda dá atenção para isso, e busca aperfeiçoar-se nestas áreas, ou

São coisas cada vez mais naturais em minha vida - e, portanto, menos "religiosas". A última projeção astral foi ontem, na clinica. A ultima palestra em centro espírita foi domingo, no Arujá, em uma casa que recebe até 300 pessoas por sessão. A ultima "assistência" foi hoje, em clinica social que pratico em meio aos meus atendimentos. Não preciso mais fazer propaganda, doutrina ou venda de curso disso, pelo menos nesse momento, por terem se tornado coisas naturais, imanentes, e não mais uma bandeira ou causa ou denominação religiosa. Posso entrar em sintonia na capela cristã da faculdade, ou no templo budista, ou em lugar algum. Vejo o tudo no nada e vice-versa, e isso é tão importante que chega a ter importância nenhuma, ou o contrário.

Dou risada - hoje silenciosa - de quem separa essas coisas, ou de colegas meus que acreditam que, por eu ter me tornado (também) filosofo e ou psicanalista eu de algum modo "deixei de dar atenção" as tais "essas coisas", como se a graduação ou o discernimento lhe transformasse em uma espécie de herege por, como Zaratustra, amar a vida aqui agora e não mais "lá depois", como se quem largasse a fantasia tivesse imediatamente desaparecido em uma curva da estrada, como se a vida só pudesse se dar na infância e ilusão, como se a ausência dessas fosse um certo ateísmo. Lembro imediatamente da saída da adolescência, e penso, compreeensivo, que tudo e todos tem seu tempo.

Psicanálise e Transpessoal tratam de inconsciente, terreno onde ocorre também o fenômeno do "inexplicável". Não é uma negação, ao contrário, dizer "inconsciente" é exatamente sair da discussão das supostas causas e teologias rrealizandonuma certa epoché fenomenológica, suspendendo temporariamente o juízo para mais ouvir o que as vozes e sonhos tem a dizer do que se perder na discussão do que ou quem as teriam causado. Na minha visão, junguiana, winnicottiana e wilberiana, aproximar-se da psique (alma em latim) de modo algum afasta de uma possível "espiritualidade". Ao contrário, talvez ela se expresse melhor com menos fantasias.

Quanto à filosofia, cito uma frase neoplatônica por demais verdadeira, quem tem ouvidos e vivencia para ouví-la, que ouça: "Um pouco de filosofia leva ao ateísmo. Muita filosofia nos reconduz a Deus". Quem já se viu diante da nadificação sem sentido do nada escutou no silêncio o tudo de Deus. E este, em geral, se calou. Não sem sorrir sem ninguém perceber.

Tanto faz, muitos antes passaram por aqui, e nao faz diferença o que eu achava deles antes de entender. Vale o mesmo sobre mim. Está tudo certo, e o vazio está pleno de Deus. Se um de nossos instrumentos se calar, tudo é música ainda assim.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

De acordo com o Sr. Waldo Vieira, Deus não existe, Jesus foi um homem como outro qualquer, (não foi filho de Deus e blá, blá, blá. Vc acha que essas idéias difundidas por este Sr. podem atrair consciências extrafísicas que não são boas?

Parafraseando a piada nietzschiana: Na opinião de Deus, o Sr. Waldo Vieira não existe. Ele fala para os seus, são aquelas mesmas, as encarnadas, as consciências que sua fala atrai. Não faz diferença quase alguma para o resto do universo. Não são boas ou más.

Não creio que pensar, questionar ou filosofar - de modo certo ou errado - seja pecado. Isso de que pensamento "errado" irá atrair consciências ruins como castigo tem muito a ver com a culpa e repressão espírita. Nesse sentido, defendo o Waldo, deixe ele caducar em paz. É saudável pensar e questionar. Aliás, pelo que andei assistindo em vídeo, a fala dele é imune a espíritos ruins, pois era algo tão chato e cheio de neologismos vazios que espírito algum aguentaria ficar ali. :-)

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Professor, minha amiga tem crise de pânico, fuma maconha etc e ela faz tratamento com psicológco e psiquiatra. Vc que passou por isso, como conviver com uma pessoa que esta passando por isso, o que fazer? O que não fazer? Qualquer recomendação será útil.

Eu não passei por isso, e não conheço o caso da pessoa em detalhes para ministrar receitas do que fazer e não fazer. Pelo que você diz, acompanhamento ela já tem. Não faço idéia de como é a interação entre vocês dois, e porque você TEM QUE fazer "algo" uma vez que ela é supostamente bem acompanhada e medicada. Desculpe não tem como ser mais útil com tão pouco, inferências minhas sem dados seria irresponsabilidade, e possível desrespeito meu a um de vocês.

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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Estava quase me suicidando e teria me matado, só que meu psicanalista era um freudiana estrito, e se a gente se mata eles nos fazem pagar as sessões que faltamos. - ( Annie Hall, 1977, Woody Allen).

Agradeça a vida ao seu psicanalista, então. :-)
Boa piada hiperbólica, mas nas primeiras sessões, não cobradas, é estabelecido um contrato psicanalítico, geralmente informal. Este contrato PRECISA ser cumprido para efeitos de encerramento de tratamento, não por interesse financeiro (bons analistas tem a agenda lotada e nem precisam nem se interessam em manter "dependências", ao contrário), mas porque o ato de começar ou encerrar trabalhos analíticos SÃO movimentos do inconsciente e não do consciente; e, portanto, analisáveis.

Interrupções não programadas e não discutidas em sessão, como a que a piada exagera com a imagem de um suicídio (observe que não é uma morte acidental, mas uma causada por neurose, por sofrimentos psíquicos da pessoa), são portanto SEMPRE movimentos de resistência ou transferência de algum modo. Claro que ambos podem encerrar o tratamento, conforme combinado na sessão inicial. Mas isso é um movimento transferencial, e precisa ser analisado. No meu caso, eu peço pelo menos uma sessão de aviso prévio, para que voltemos nas fichas e avaliemos DE FATO o trabalho realizado, além de compreendermos os motivos para o fim do que não é apenas um trabalho, mas um profundo relacionamento de longo prazo, com todas as suas forças psíquicas envolvidas - não raro um dos mais profundos, sinceros e transparentes que o paciente experimentou na vida.

Em psicanálise, a transferência e contra-transferência são não só fatos, como um dos temas centrais de nossa análise. E nada mais transferencial do que um encerramento abrupto das sessões por desejo agressivo, descontinuador e impulsivo (o simbolismo do suicídio) do paciente, concorda? Supondo que a pessoa que escreveu - e transcreveu - isso estivesse viva, não sendo psicografia devo deduzir que o pacliente (sic) tem o desejo violento de impedir a possibilidade de análise, e fantasia isso a partir da redução da relação clínica ao monetário, o que lhe permitiria moralmente "matar o analista" e encerrar violentamente o processo, ainda que aqui deslocado para um matar-a-si-mesmo. E se matar-o-analista é um matar-a-si-mesmo, parece que temos bastante assunto para a próxima sessão, seja ela de encerramento ou não. ;-)

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Um pouco de loucura é necessário para viver ?

Loucura, não. Mas uma pequena pitada de fantasia é indispensável para se viver bem. A religião, por exemplo, ocupa o lugar dos contos de fadas das crianças. A sexualidade também está repleta de projeções. E nossas crenças, científicas ou espirituais, estão sempre mudando, mas ainda assim fantasiamos que nosso paradigma atual seja o definitivo. Há um infinito antes de nós, e outro infinito mais adiante, e sequer sabemos se e como participaremos dele - mas ainda assim vivemos a ilusão que o breve tempo que passamos por aqui é toda uma vida, para podermos vivê-la com um pouco de pé no chão.

É muito difícil observar a vida como de fato ela é, temos todo um hemisfério cerebral direito para processar o não-racional (deve ter sua causa), e não há nada de errado em colorir um pouco as coisas, ou cozinhar com uma (leve) pitada de tempero e sal. Já a loucura e delírios, patológicos, vem de uma negação da realidade, em que regredimos a um estado infantil de modo a que possamos continuar vivendo apenas de fantasias como se fossem reais, o que não é normal ou saudável a partir da adolescência, embora muitos "religiosos" insistam na prática infantil, como ensina Freud em sua obra "O Futuro de uma Ilusão".

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Lázaro, fui ver Tropa de Elite 2 no final de semana , e na famosa cena de "tortura no saco plástico" a sala do cinema foi ao delírio, Por que as pessoas gostam tanto de ver uma cena de tortura + abuso de autoridade onde a prox. vitima pode ser ela mesma?

Não vi o filme, mas a psicologia de massas tem dinâmicas próprias, como se fossem um grande ser feito pelo coletivo, e que frequentemente refletem valores que seriam assumidos por cada um individualmente. O grande Leviatã coletivo que surge permite espelhar no visível certos mecanismos que, em cada um de seus indivíduos, só seria perceptível no INCONSCIENTE. Daí essa catarse coletiva, também presente em linchamentos. Pelo que você descreve, parece haver algo de sadomasoquismo, ou talvez projeção esquizoparanóide - quando criamos um Judas ou Bode para expiar males que, se atribuídos ao externo que será eliminado, temos a sensação (falsa) de não se tratar de algo que temos também em nós.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Estamos caminhando para a falta de amor? já vi sociólogos falando de ''familia unipessoal'' a solidão está cada vez mais presente. Muito egoísmo, que mundo é esse? me sinto cada dia mais perdido, tenho 20a e da vontade de desistir.É assim mesmo?

Não, não creio que "seja assim mesmo", nem que devamos desistir e nos desiludir. O que está claramente errado pede vozes que apontem onde e porquê.

E embora vivamos tempos de fato complicados na reelaboração do papel da família, do afeto e da espiritualidade, em que demandamos novas formas de lidar com a essência desejada do que estava presente em instituições e dogmas indesejados, tendo a ser um otimista e romântico. Não acredito que vivamos sem valores, e mesmo se isso ocorresse, não seria por muito tempo. Inúmeros fundamentos que parecisam supremos e eternos já cairam, e a humanidade ainda assim sobreviveu, cada vez melhor. A história e a filosofia demonstram que toda vez que uma sociedade parece perder seus valores, acaba importando uma versão repaginada de valores de outros tempos.

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Nessa epoca de eleição tenho visto ser levatada a questão das religiões por parte dos candidatos, não lhe parece de certa forma "medieval" ter que falar em Deus para fins politicos? Ainda há pessoas que se decidem seus votos por este assunto?

Acho bastante medieval, no pior dos sentidos de medieval. Mas na minha observação, infelizmente a baixaria, bullyng e apelação tem vindo de um lado só. E pior ainda, parece que tem dado resultados. Temo uma eleição que seja decidida pelo melhor uso da FALTA de ética.

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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Não como frutos do mar/rio pois TODOS tem o mesmo gosto, que me é desagradável. Minha mãe me disse que quando pequeno vi ela comendo um caranguejo peludo e vomitei. É possível algo assim? Se for, tem tratamento?

POSSÍVEL, É. Não sei se é o seu caso, não lhe conheço e as coisas não são matemáticas assim, mas PODERIA ser.
Mãe comendo "caranguejo peludo" é por demais explícito e edipiano, ainda mais se algum dia anterior você teve outro tipo de visão ou exposição. Não é preciso ser muito freudiano para perceber as alusões genitais de um caranguejo peludo na boca. Se algum dia você viu, na infância, mulheres nuas, ou até mesmo atos sexuais, mesmo sem querer, poderia vir a ter uma aversão a imagens que remetessem a esse tipo de oralidade sexual. Não é difícil para uma criança generalizar isso a tudo que esteja indiretamente associado a caranguejos, bichos aquáticos e similares. Fobias nascem exatamente assim. E a associação fóbica nem precisaria ser tão freudiana. Uma frase infeliz do tipo "o caranguejo vai te pegar", ou associações ao mangue ou à sua sujeita, também poderiam ser mal representadas pela criança, explicando a fobia. A questão não é o que nós, adultos, achamos relevante ou não; mas sim o que A CRIANÇA considerava traumático. Uma brincadeira infeliz dos pais faz estragos por décadas, vejo todos os dias na clínica.

Por outro lado, muitas pessoas não gostam de frutos do mar, sem necessidade de associações eróticas ou psicanalíticas para explicar. Não há obrigação de comê-los. Mesmo que a origem de sua aversão tenha causa na infância, qual gosto ou aversão não é também, em algum grau, fruto de nossas experiências passadas, e boas ou má associações a cada sabor? Não é comum alguém adorar uma comida simples, caseira, mas que lembre de algum aspecto de sua infância?

Portanto, saber se "tem tratamento" implica mais em saber se você QUER tratamento. Se você QUER passar a gostar de algo que hoje não gosta. Ou se independente do que vai comer ou não, tem real interesse em se conhecer, em não ser limitado por experiências traumáticas passadas, seja por qual motivo for. Se você de fato deseja isso, certamente há sim maneiras de você não ter resistências fóbicas ao comer - tanto pela via psicanalítica (causas profundas), quanto pela via cognitivo-comportamental (mudança de crenças e comportamentos atuais). Agora, se você vai passar a GOSTAR daquilo que hoje não gosta, mesmo não tendo jamais feito associações positivas a isso (você nunca comeu), isso não posso garantir, porque GOSTAR ou não de algo é uma experiência muito subjetiva, íntima, pessoal, única. Ainda bem.

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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Me julgava ateu e usando LSD tive uma experiencia espiritual. Tenho lido bastante sobre isso ultimamente,e várias coisas fazem sentido, parece que não sei o que seguir. Isso tem me deixado bastante ansioso.Tenho pensado em fazer yoga e tal, como proceder?

O primeiro passo é procurar uma escola de yoga com a qual se identifique. Há várias. No fundo, no fundo, não há tantas diferenças assim entre elas.

Sou particularmente contrário ao uso de substâncias alucinógenas - daime inclusive - para a obtenção de estados "espirituais". Não creio que Deus tenha escondido a iluminação em compostos químicos psicoativos, acessível apenas àqueles que alterarem abrupta e violentamente a configuração de seus neurotransmissores cerebrais. Mas sim, acredito que algumas experiências inquietantes possam advir deste estado alteradíssimo, bem como há relatos de que também ocorram no coma, na anestesia profunda, em acidentes graves e na experiência de quase morte. Morrer parece ser muito espiritual.

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domingo, 26 de setembro de 2010

Lázaro, você consegue ter uma experiencia de projeção da consciencia todos os dias ou as suas acontecem com intervalos? Você mantem um diário ou caderno de anotação para registrar as experiências mais significativas?

Todos os dias, nunca. No período mais ativo, uma a três experiências lúcidas de estado alterado de consciência por semana (incluindo aí projeções, mas talvez não só). No menos ativo, uma a três por ano.

Tenho um caderno de sonhos e projeções, mas raramente tenho anotado lá. Os sonhos, trato em terapia semanal. As projeções, dificilmente esqueço. Coisas importantes gravo no meio da noite, no celular.

Não tento mais me projetar, as centenas foram de bom tamanho. Hoje busco mais experiências de EU SOU do que as de EU ESTOU, eu "faço", eu "ajo", eu "ajudo", eu "vou", eu, eu, eu...

Nada contra as projeções ativas, muito pelo contrário, foram um estágio indispensável, e ocasionalmente acontecem espontaneamente. Na fase atual, quando me vejo em estado alterado, se me é possível escolher (nem sempre é), agora tento contemplar, ser passivo e me fundir ao TODO e ao NADA, chegar à beira do Abismo do Ser, para um dia ter coragem e seguir adiante na Noite Escura da Alma tratada por São João da Cruz.

Relato uma dessas experiências diante do NADA em "Neti-Neti, do Samadhi ao Nada", disponível em minha coluna de textos: http://migre.me/gqV

Se parecer inexato, melhor. Não é como um relato projetivo. Diante do todo e do nada, não há representação possível. A única linguagem possível é, talvez, a poética. Embora o SILÊNCIO seja talvez a melhor opção.

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Qual e o sentido da vida?

1) Olhe, uma montanha!!!
2) E então você percebe que nunca houve montanha alguma...
3) Só então você de fato vê a montanha.
(meditação taoista)

Empirista, racional-idealista ou numinoso-fenomenológico? O sentido da vida é descobrir o sentido da vida. É uma práxis, um ato cujo fim se encerra na própria ação, algo que se justifica por si. É perceber-se único e Deus. Mas, em sendo, perceber a pluralidade de deuses no Outro, também. E ao mesmo tempo perceber que todos, ainda que únicos, são aspectos projetados do mesmo Eu e Deus. Só então você vê de fato a montanha.

O sentido da vida consiste em viver. Para, no momento último diante da noite escura da alma, possamos ter a lucidez de sabermos tudo e nada ao mesmo tempo. Espero ter possibilidade de contemplar.

"Ó Deus, permita que eu esteja vivo no momento de minha morte" (Oração de Donald Winnicott)

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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Existe isso de pensamento compulsivo? Como identificar se possuo? E afinal como tratar?

Pensamentos automáticos e recorrentes, sim. O nome técnico é "obsessão". Há alguns transtornos mentais envolvendo a ocorrência de pensamentos sem controle e com prejuizo, dentre eles o "transtorno obsessivo compulsivo" e o "transtorno de stress pós-traumático", por exemplo.
Já "compulsão" é um termo mais usado para atos que fazemos visando atender a uma obsessão (pensamento), geralmente de modo ritualístico.
No uso popular, e até mesmo em alguns ramos da psiquiatria, utiliza-se equivocamente o termo "compulsão" para alguns atos repetitivos. É um erro de tradução. O correto seria chamá-los de atos impulsivos. Atos compulsivos seriam apenas aqueles que tentassem atender a ordens dadas pelos pensamentos - que no caso seriam "obsessivos", e não "compulsivos" ou "impulsivos".

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Você conhece Roberto Freire e sua teoria? E sua abordagem Somaterapia? Se sim, o que pensa a respeito?

Li alguns livros dele na década de 80 e 90. Nos anos 90, eu trabalhava mais com Gestalt e PNL. Da década de 2000 para cá, passei a trabalhar mais com o inconsciente. Faz tempo que li, e não tinha a base que tenho hoje. Não me sinto em condições de emitir um parecer. Gostava dos livros, na época, não muito mais (ou menos) do que isso.

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A teoria de que Dragões, Magos Negros, Feiticeiros controlam os bastidores da política e dos meios de comunicação (principalmente televisão e internet) são alguns dos temas abordados na obra de Robson Pinheiro - A marca da besta. O que pensa sobre isso?

hahahahahahaha hahahahahaha hahahahahaha hahahahahaha
Dragões?
hahahahahaha hahahahahahaha hahahahaha hahahahaha hahahahahaha
A mando de quem, de Lúcifer? :-)

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domingo, 12 de setembro de 2010

Você conhece a si mesmo?

Não. A diferença é que sei que não sei. E tento conhecer. Já é mais que uma maioria que pensa que é aquele que chama de "eu", e que pensa que sabe o que as coisas do céu e da terra são. Prefiro a metamorfose ambulante àquela velha opinião formada sobre tudo, na maioria das vezes ancoradas por crenças e religiões.

Faço análise todas as semanas e filosofia todos os dias. A cada passo dado, aumenta a compreensão do tanto que não sei. Filosofia é o único curso onde todos entram "filósofos" e saem alunos. Projeto-me para o vazio, e ele e o infinito se tornam um só. Entretanto, nesse movimento para o nada posso tudo, e recupero a cada dia um pouco do que sou a partir do que estou, para que possa estar mais aquilo que sou.

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Como a psicanálise e a filosofia vêem o ciúme e o apego excessivo? Como você analisa isso na vida contemporânea e como lidar com estes sentimentos, tanto quem é alvo quanto para quem é portador? Obrigado. Gosto muitíssimo de suas respostas.

Tanto a filosofia quanto a psicanálise vão, em geral, recomendar a ponderação. Vários autores filosóficos apontariam o "apego" e o "excessivo" como os principais problemas da atitude.

Em se tratando de psique, compreendo o ciumes como uma emoção. Emoções são necessárias e POSITIVAS, servem para a preservação das espécies. Sou simpático à psicologia evolucionista, compreendendo como os processos darwninianos afetam as neurociências, portanto eu diria que um pouco de cada uma dessas emoções são constitutivas e até mesmo necessárias. O problema está no excesso, que tende a ser patológico.

Tristeza é bom e importante para elaborarmos lutos e reavaliarmos processos; o excesso dela com prejuizo funcional e/ou motivação inconsciente (desconhecida e inexplicável) é que caracteriza depressão ou melancolia. Ansiedade é bom para antecipar emoções, mas em demaisa gera transtornos e somatizações. Medo é importantíssimo para avaliarmos nossos limites, mas se tiver ação inconsciente torna-se fobia.

Sem um pouco de ciumes e valorização afetiva do que temos, colocamos em risco investimentos nada desprezíveis, sejam materiais ou emocionais. Mas em excesso, ou fantasioso, gerando calúnias, invenções de situações imaginárias, brigas, prejuizos afetivos e principalmente desrespeitos, temos uma situação que lembra mais a psicose, uma vez que envolve comumente DELÍRIOS e alucinações. É doença, embora a sociedade seja ligeiramente complacente com crimes (abrir correspondências e computadores, por exemplo) e agressões (físicas, morais, calúnias, difamações) que ocorram dentro de um relacionamento. Na minha opinião, não deveria ser. Crime é crime, insegurança é insegurança, e não há amor baseado em des-confiança e agressão.

Em relação a quem tem o comportamento agressivo, a psicanálise em geral investiga o passado de relações afetivas, e o presente da auto-estima. Cada caso é um caso, obviamente, mas muitas vezes o ciumento não tem confiança é em si mesmo, não no outro. Se alguém com quem me relaciono - afetiva, profissional, clinica ou pessoalmente - comigo demonstra sucessivamente não ter confiança em mim, costumo sempre acabar a relação, e sugerir (de coração) que procure uma outra pessoa mais honesta para se relacionar. Não há relação sem confiança, a meu ver.

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o que faria para erradicar a fome na África?

Seria um bom psicanalista e professor de filosofia.

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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Quais os 5 livros de Filosofia mais te marcaram?!

Creio que eu e você chamemos coisas diferentes pelo mesmo nome de "Filosofia". Eu não leio os livros de filosofia assim, como romances ou opiniões. Leio AUTORES dentro de seu contexto, com método, estudando antes o contexto histórico e como o pensamento do autor se encaixa nos problemas filosóficos de sua época; O senso comum às vezes pensa que estudar "filosofia" é uma espécie de compêndio pseudo-literário de frases de sabedoria, uma espécie de versão mais cabeça do curso de Letras especializada em obras de auto-ajuda ou "filosofias" (sic) de vida. Não é.

Eu gosto de autores que nem sempre escrevem bons livros, no sentido literário. O contrário também é verdadeiro, há penas mais comunicativas que não necessariamente são originais. Além disso, ao estudar a obra de um autor como professor, muitas vezes leio antes a história da época, depois resumos de comentadores sérios, depois diversos fragmentos diferentes de várias obras, e depois, quando há interesse no autor, uma ou outra obra inteira. Cada autor pode ter de 5 a 20 livros sérios, alguns bastante volumosos, e outros bastante densos (é preciso parar por tempos em cada capítulo). E eu poderia citar de cabeça uns 100 autores MAIS importantes na história da filosofia. Faça as contas. E não são todos que estudei.

Não consigo pensar em cinco obras mais importantes da filosofia. Até porque, seria quase impossível citar apenas CINCO filósofos dos mais importantes para se compreender minimamente a história da filosofia. Tentarei relacionar os dez filósofos mais importantes da história da filosofia: Sócrates, Platão, Aristóteles, Agostinho, Tomás de Aquino, Descartes, Kant, Hegel, Marx, Nietzsche, Freud, Sartre... Já foram onze, e não deu nem pra citar os pré-socráticos, Epicuro, Plotino, Abelardo, Avicena, Bacon, Lock, Hobbes, Hume, Berckley, Pascal, Rousseau, Espinoza, Schopenhouer, Husserl, Russel, Foucault, Willian James, Jung, Heiddegger, Deleuze, Ken Wilber, Hannah Arendt, e tantos e tantos outros...

Você quer os cinco melhores o quê? Livros de um autor? Autores de uma época? Fica difícil, a própria filosofia tem muito mais divisões do que cinco (metafísica & ontologia, teoria do conhecimento & epistemologia, antropologia, filosofia da mente, filosofia da ciência, cosmologia & filosofia da natureza, lógica, filosofia da religião & teodicéia, filosofia da linguagem, filosofia política, ética & filosofia moral, estética & filosofia da arte, etc, etc...). Cinco livros de uma área já seria difícil, a bibliografia básica de qualquer dessas disciplinas tem bem mais que cinco.

Se, contudo, não sabe bem o que é filosofia, nesse caso há vários livros de introdução. Recomendo (a todos, de todos os níveis) o GUIA ILUSTRADO ZAHAR DE FILOSOFIA para ter ao menos uma idéia do grande mapa e escopo do pensamento filosófico. Satisfação garantida.

Depois, dependendo do grau de interesse, partir para um comentador de história da filosofia (gosto da nova edição do Realle, em 7 volumes), ou mesmo um livro de segundo grau (a disciplina agora é obrigatória nas escolas). Para uma visão mais rasa, sugiro os livros de estímulo à filosofia, como o APRENDER A VIVER (pra não citar o manjado e rasteiro O MUNDO DE SOFIA). Para uma visão um pouco mais profunda, é preciso no mínimo o contato com alguns livros da coleção OS PENSADORES dos autores que mais lhe interessarem.

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Qual a sua definição de subconsciente? Existe como dominá-lo completamente?

Não existe SUBCONSCIENTE em psicologia analítica e outras linhas acadêmicas. Esse é um termo muito vago, impreciso e popular.

Já o vi usado como se fosse sinônimo inexato de "inconsciente", ou de "estados alterados", ou de "estado alpha", de uma certa mediuinidade, de instâncias coletivas da psiquê - ou até de um certo poder inteligente que mandaria na mente humana e nas demais. Nesse aspecto, é mais um termo de uma meta ou pseudo teologia moderna, uma construção de crenças de autores de certos livros ("O Poder do SUBconsciente", sic) do que algo delimitado em cima do qual se possa conversar, filosófica ou psicologicamente.

Em qualquer das hipóteses, detesto as palavras DOMINAR e COMPLETAMENTE quando falamos em psiquismo, especialmente de natureza INCONSCIENTE. O simples fato de pensar em DOMINAR algo desta natureza, seja qual for ela, já demonstra certas crenças (a meu ver equivocadas) a respeito do psiquismo, dos instintos, dos estados alterados e das emoções. Não se "DOMINA" essas coisas, pensar assim implicaria que fossem algo externo, menor e malévolo, passível de controle, de certo modo quase incômodo, uma espécie de doença ou área mal comportada... Nada mais distante da verdade.

Pretender "dominar completamente" já é um equívoco a priori, geralmente trazendo consequências neuróticas graves a quem tenta a façanha de colocar seu dedinho para tampar os vulcões. Seja o que for que esteja além do ego conhecido, parece que faz parte de nós, ou talvez o contrário. Penso que CONHECER, INTEGRAR - e, talvez, RELIGAR - sejam verbos bem mais honestos e saudáveis para lidar com algo muito maior que aquilo que achamos que conhecemos como nós mesmos e batizamos pretensiosamente de um EU. Um ego que pensa controlar totalmente tudo que não conhece é bem mais caricato que o porteiro que pensa ser o dono do prédio.

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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Vc utiliza o tarot?

Para adivinhação, você diz? Não.

Mas uso para estudos arquetípicos, mitos, sonhos e símbolos. Junguianamente. São excelentes representações de situações arquetípicas do inconsciente coletivo. Vários pacientes relatam sonhos arquetípicos, que batem com situações representadas nas lâminas, mesmo que não as conheçam. Importante dar conhecimento a ele, e ver com que aspectos dos mitos associados ele se identifica mais. Acaba sendo uma forma de amplificar a associação livre dele, já orientada por uma seleção prévia de seu próprio inconsciente.

Tenho também, extra clínica, um grupo de estudos e práticas associada a paganismo, jung, tarot e rituais. Eu e a Liege Campos (bruxa e junguiana) o coordenamos. Ali trabalhamos o tarot de um outro modo, mais ritualístico e vivencial, um por encontro, inclusive com dinâmicas, quase como estágios iniciáticos de uma jornada de auto-desenvolvimento.

De todo modo, aquele tipo de uso de tirar a carta para saber se a pipoca do microondas vai estourar em 4 ou 5 minutos, se um romance de verão vai dar certo ou não, se meu chefe vai gostar de mim ou não, não uso. É possível, talvez, mas acho que isso é subutilizar e vulgarizar demais uma ferramenta muito maior. E, convenhamos, esse uso fica totalmente desnecessário para quem faz terapia séria semanal. Afinal, o tarot no máximo faria a pessoa refletir nas origens e possibilidades de seus (próprios) "problemas". Pode ajudar a refletir sobre o inconsciente, mas não deveria ser maior do que nossa própria reflexão e atitudes.

Conheço algumas tarólogas sensacionais, mas são antes de mais nada excelentes pessoas, com uma grande capacidade de empatia e de leitura de psiques. São acolhedoras, aconselhadoras, inteligente emocionalmente. No fundo, portanto, seu tarot é só uma ferramenta intermediária. É a boa taróloga quem percebe inconscientemente os motivos por detrás das perguntas, e dá às cartas uma melhor interpretação. Ou seja, o tarot serve como uma terapia rápida e popular para quem não faz. Mas não substitui, a meu ver, um trabalho junguiano ou psicanalítico mais profundo.

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Filosofia Clínica é melhor que psicanálise? Uma pessoa da filosofia me disse que psicanálise serve apenas para algumas pessoas, e que é extremamente muito mais demorada. Qual sua opnião?

São coisas diferentes, e que podem se complementar. Eu, particularmente, sou um psicanalista que estudo filosofia - e muitas outras coisas. Lamentável se um, para vender o seu, tiver que dizer que o outro não serve. Na verdade, a Filosofia Clínica é que tem um público bem menor. Mas as duas áreas são muito próximas, e deveriam celebrar mais as suas grandes semelhanças do que se degladiarem por pequenas diferenças. Psicanálise está para Filosofia e vice-versa, e menos para a Medicina.

O que levanta suspeita na competência de quem lhe disse isso é a afirmação de uma ser "demorada" e a outra "rápida". Isso não combina com práticas que tendem a ser um processo contínuo, filosófico existencial, e não um pit stop para consertar a psique doente de alguém. Psicanálise não tem como ser lenta ou rápida, porque não é panacéia, nem "terapia". Não "conserta". Não é pragmática, não tem um resultado a obter em 4 semanas. 

Quem quer resultado imediato deveria procurar um psiquiatra, por vários motivos. Norte americanos pensam assim, que tal um comprimido que eu engula e resolva meus problemas? Ou uma sessão milagrosa de PNL ou cognitivo-comportamental, me "curando" em 8 sessões sem precisar adentrar nas causas? De fato, psicanálise não é para pessoas que pensam assim, mas FILOSOFIA menos ainda. 

Psicanálise e Filosofia são para as pessoas que cansaram de quebrar a cara em soluções imediatistas assim, e tem coragem de adentrar um pouco mais nas partes delas mesmas que nunca quiseram ver. E não tem prazo. Assim como praticar yoga e musculação é um cuidado para com o físico, a psicanálise é também um hábito de cuidar semanalmente da psique. Eu faço há muitos anos a minha, por exemplo, e não é porque eu sou um profissional da área que desejo parar de me cuidar. Pelo mesmo motivo que não faria sentido um professor de educação física gordo e que nunca faça práticas esportivas.

Estive no penúltimo congresso de Filosofia Clínica em Curitiba, com o Lúcio Pakter e todos mais. Acho muito interessante. Mas notei lá que há muito desconhecimento - e até um certo preconceito - em relação à psicanálise por parte de uma maioria de praticantes menos informados que os fundadores. Vi que debatem problemas de técnicas, transferência, contratos clínicos, psicopatologias como se fossem quase inéditos, infelizmente ignorando contribuições que 100 anos de práticas clínicas de diversas linhas já trouxeram.

Outra coisa que notei no congresso é que a maioria dos praticantes de filosofia clínica NÃO SÃO FILÓSOFOS. Eu estranhava algumas posições mais radicais, coorporativistas ou falaciosas que seriam pouco esperadas de alguém que tivesse sobrevivido a uma faculdade de filosofia, lidando com tantos pensamentos diferentes. Quero crer que quem disse isso a você seja um desses, menos esclarecidos, e não um dos excelentes fundadores e divulgadores das possibilidades da Filosofia Clínica.

Por fim, é bom esclarecer que FILOSOFIA CLÍNICA (a do Pakter e da Ayub) é uma excelente técnica e codificação de base clínica que usa a filosofia como base, mas não é nem deve ser a única forma de acrescentar FILOSOFIA e preocupação existencial na clínica de psicoterapia. Pakter usa um segmento muito específico da FILOSOFIA, faz suas escolhas dogmáticas, a partir de Aristóteles, fenomenologia e outros recortes. Eu gosto, mas certamente faria recortes diferentes. Há muito mais na filosofia que não foi selecionado por ele, por não ser aplicável à SUA técnica em particular. 

OU SEJA, há inúmeras outras formas de se aplicar FILOSOFIA à prática clínica, em especial à psicanalítica e humanista. Eu, particularmente, utilizo BASTANTE dos autores filosóficos que estudo na abordagem clínica que faço. Mesmo sem classificar pela técnica específica de Pakter, suas categorias e filosofia clínica - com quem aprendo também. O importante é estar ABERTO para tudo, pegando o que for bom. Eu particularmente trabalho com autores como Donald Winnicott, Victor Frankl e Ken Wilber, além do próprio Jung, cujos pensamentos necessariamente embutem na clínica a presença de questionamentos filosóficos e existenciais.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Filosoficamente o que pensa a respeito dessa frase do Khalil Gibran, do Livro "O Profeta"; "Aquele que define sua conduta apenas pela ética aprisiona seu canto de pássaro em uma gaiola."

Parece uma coisa vaga... da "profundidade" dos livros de Khalil Gibran. Mas é bonito de se recitar, embora não queira dizer nada de específico.

Mas, errr... FILOSOFICAMENTE??? O que a filosofia tem a ver com isso? Onde já viu filósofo trabalhar frase isolada fora de contexto? Ainda mais fora de contexto? Ainda mais de auto-ajuda? Falamos da mesma Filosofia, mãe das ciências, ou daquelas frasezinhas de biscoito da sorte que o senso-comum chamam de "filosofias"?

CONCEITUANDO: Ética em quem, cara pálida? Falamos da metafísica dos costumes e imperativo categórico kantiano, da responsabilidade sartriana, ou da visão neoplatônica de Agostinho? E que porra seria o meu "canto do pássaro" existencial que seria "aprisionado" caso eu fosse ético?

O que chama de conduta, e quais os seus limites? QUe ética ela deveria desconsiderar? E se os anti-éticos vão para a cadeia, qual seria essa gaiola reservada para prender os éticos? E, finalmente, a pergunta mais existencial de todas: Caranguejo tem ou não tem pescoço?

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Qual seria o ideal, em formação acadêmica, para unir psicanálise e espiritualidade?

A formação de psicanálise pode ser cursada por quem tenha qualquer curso superior. Entretanto, se a intenção é unir com a espiritualidade, evidentemente as graduações na área de Filosofia e/ou Ciência das Religiões darão um maior embasamento. Sou favorável à formação em Filosofia para psicoterapeutas. Na realidade, antes dos anos 60, quando as faculdades de "psicologia" foram criadas, a psicologia costumava ser um stricto senso para filósofos, assim como a teologia. Historicamente, grande parte dos psicanalistas e demais estudantes da psiquê eram também médicos ou filósofos.

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Qual a maior contribuição do pequisador Waldo Vieira para os estudos da projeção consciente?

Waldo foi um grande compilador e projetor. As primeiras ediçoes de seu livro Azul são sensacionais. Também devemos a ele uma visão mais universalista e menos romântica do espiritismo. Waldo foi um dos primeiros ex-espíritas a demonstrar que é possível ser espiritualista, em moldes parecidos com o mlehor do paradigma espírita, sem contudo adotar os dogmas e crendices do espiritismo federativo cristão, em especial seus pensamentos neocatólicos. Waldo deixou também inúmeras técnicas documentadas, e influenciou DIRETAMENTE um grande número de escritores, palestrantes, pesquisadores e projetores espiritualistas, incluindo aí Wagner Borges e eu mesmo, que estudamos com Waldo nos anos 80.

Temos nossas naturais diferenças de abordagem, claro, e temos críticas à postura mais dogmática adotada por Waldo após a religião da conscienciologia mais radical e o suicídio de sua esposa, companheira fiel que lhe dava um equilíbrio e apoio a meu ver jamais reconquistado. Mas essa última fase mais senil (no sentido latino do termo comum a sênior e senado) não tira seu mérito como grande pesquisador pioneiro da projeção astral e discernimento espiritual no Brasil.

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O que pretende estar fazendo daqui a 5 anos?

Espero ter terminado um mestrado em psicologia clínica na PUC, com abordagem multidisciplinar. Se puder, com o Gilberto Safra ou alguém do mesmo núcleo winnicottiano e/ou junguiano. Talvez pensando no doutorado, talvez pensando em uma expansão mais comercial.

Espero estar dando algumas aulas de filosofia e/ou psicologia em universidades e em pelo menos uma boa escola particular de ensino médio - tenho uma questão ideológica em relação ao desenvolvimento do senso crítico em adolescentes. Não muitas aulas, penso eu. Mas quero deixar minha colaboração. Ser professor é um sacerdócio e uma missão.

Pretendo estar com a clínica de psicanálise bem cheia (ela tem ido bem). Em cinco anos, com a procura que venho tendo, espero ter um espaço meu, para consultas e cursos. Agregarei terapeutas (psicanalíticos e espiritualistas) com abordagem de discernimento próximas do que pratico e/ou do que fazemos na voadores e ippb. MInha idéia é dar supervisão clínica para eles, e trabalharmos em conjunto, um colegiado, com possibilidade de atendimento a diversas classes sociais.

Pretendo ter, nesse espaço, um ou dois grupos de estudos próprio, terapia de grupo (para podermos fazer um trabalho mais acessível), palestras abertas semanais (não só comigo) em temas de espiritualidade, filosofia e psicologia. E pelo menos um curso modular de formação de psicoterapeutas com abordagem parecida com a minha, voltado para terapeutas holísiticos e alternativos que gostariam de maior embasamento sem necessariamente fazer um curso formal de longo prazo, e/ou para psicólogos e psicanalistas que desejem dialogar melhor com a transcendência, e/ou para espiritualistas que desejem maior embasamento.

Espero ter uma maior visibilidade, para poder fazer o que quero como quero. Tenho algumas idéias.

Filhos e livros não estão descartados de meus projetos. Mas dependem do assentamento acadêmico, financeiro e prático para realizar os ítens mais solidamente cocriados - em especial o mestrado, as aulas e o instituto.

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domingo, 29 de agosto de 2010

Disserte sobre as raízes filosóficas que foram as genes ocultas de Freud.

hahahaahahahahahahahahahahahahahahahahaha Disserte? hahahaahahahahahahahahahahahahahahahahaha Genes? OCULTAS? hahahahahahahaahahahahahahahahahahahahahahahahaahahahahahahahahahahahahahahahahaha
(é cada uma, viu?)

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O que vc acha da apometria?

É uma técnica interessante. Uma abordagem espiritualista alternativa, muito popular no Sul do país. Creio que com o radicalismo inquisitório e retrógrado das Federações Espíritas, é muito saudável - e inevitável - que pipoquem diversas opções espiritualistas não federadas.

Entretanto, tenho algumas ressalvas a algumas práticas e abusos cometidos no meio apométrico, sob desculpa de atuação de "sub-personalidades". Creio que isso não seja culpa da espiritualidade, nem da técnica, nem da boa vontade dos colaboradores; mas sim problemas humanos isolados que poderiam ocorrer em qualquer agrupamento humano. Apômetras, assim como espíritas ou psicanalistas, PRECISAM fazer terapia analítica séria. Vale para QUALQUER um que lide com atendimento público, pretensão de cura psíquica profunda - e, especialmente, com estados de transe.

Outra recomendação que faço é não dependerem demais de uma ou duas personalidades. Para se firmar, ela precisa ter característica própria e dinâmica, independente de nomes, assim como ocorreu na umbanda, espiritismo e demais linhas. Quando há dependência de um ou dois nomes, temos a multiplicação dos equívocos, animismos e psicopatologias pessoais a escalas doutrinárias. A história do movimento espiritualista e ocultista está repleta de contra-exemplos disso. Se a apometria se desvincular da personalidade de seus principais organizadores, tem tudo para ser mais uma das grandes escolas espiritualistas brasileiras, ajudando a renovar ou substituir o conservadorismo federativo. Caso contrário, será apenas mais uma excessão isolada e pitoresca, a exemplo do que ocorreu com a conscienciologia de Waldo ou com as várias comunidades alternativas de "mestres" e "ordens iniciáticas" do sul de Minas Gerais, que envelheceram com seus donos e patrões.


O que pretende estar fazendo daqui a 5 anos?

Espero ter terminado um mestrado em psicologia clínica na PUC, com abordagem multidisciplinar. Se puder, com o Gilberto Safra ou alguém do mesmo núcleo winnicottiano e/ou junguiano. Talvez pensando no doutorado, talvez pensando em uma expansão mais comercial.

Espero estar dando algumas aulas de filosofia e/ou psicologia em universidades e em pelo menos uma boa escola particular de ensino médio - tenho uma questão ideológica em relação ao desenvolvimento do senso crítico em adolescentes. Não muitas aulas, penso eu. Mas quero deixar minha colaboração. Ser professor é um sacerdócio e uma missão.

Pretendo estar com a clínica de psicanálise bem cheia (ela tem ido bem). Em cinco anos, com a procura que venho tendo, espero ter um espaço meu, para consultas e cursos. Agregarei terapeutas (psicanalíticos e espiritualistas) com abordagem de discernimento próximas do que pratico e/ou do que fazemos na voadores e ippb. MInha idéia é dar supervisão clínica para eles, e trabalharmos em conjunto, um colegiado, com possibilidade de atendimento a diversas classes sociais.

Pretendo ter, nesse espaço, um ou dois grupos de estudos próprio, terapia de grupo (para podermos fazer um trabalho mais acessível), palestras abertas semanais (não só comigo) em temas de espiritualidade, filosofia e psicologia. E pelo menos um curso modular de formação de psicoterapeutas com abordagem parecida com a minha, voltado para terapeutas holísiticos e alternativos que gostariam de maior embasamento sem necessariamente fazer um curso formal de longo prazo, e/ou para psicólogos e psicanalistas que desejem dialogar melhor com a transcendência, e/ou para espiritualistas que desejem maior embasamento.

Espero ter uma maior visibilidade, para poder fazer o que quero como quero. Tenho algumas idéias.

Filhos e livros não estão descartados de meus projetos. Mas dependem do assentamento acadêmico, financeiro e prático para realizar os ítens mais solidamente cocriados - em especial o mestrado, as aulas e o instituto.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

o importante é a questão ou a resposta?

Gosto mais das perguntas, sou professor de filosofia, ué. Tá cheio de gente por aí com "as respostas" finais, todas com "a verdade", e ao mesmo tempo contraditórias entre si.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

o ultimo cristão morreu na cruz?

Segundo Nietzsche, sim. Uma coisa posso garantir: O que chamamos hoje de "cristianismo" não tem nada a ver com aquele cristão, e se trata mais de um "paulinismo" sincrético reformatado pela igreja de Roma e Constantino a partir do ano 315. Podemos comparar o catolicismo com a umbanda da época: reuniu um pouco de quase tudo quanto era culto e rito disponível na época.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Eu diria que o filme A Origem é o Matrix da psicanálise. Você concorda?

Não.

O filme Origem é até interessante, e permite algumas leituras simbólicas. Também tem seu mérito em popularizar mais a atenção a sonhos lúcidos. E introduz acertos inéditos em Hollywood, como a relatividade do tempo em níveis distintos de consciência alterada. Sei o que isso é na prática.

Mas ele é bem fraco em termos PSICANALÍTICOS e ONÍRICOS. Até mesmo o "Ilha do Medo", filme anterior do Leonardo di Caprio, seria melhor psicanaliticamente.

Um dos principais problemas do A ORIGEM é que ele trata o terreno dos sonhos como uma linguagem quase objetiva. Aparentemente, não possui muitos requintes simbólicos compatíveis com as funcões dos sonhos (arquétipos, deslocamento, condensação, simbolismos), como ocorre nos filmes SONHOS (Akira Kurosawa), A CELA, APANHADOR DE SONHOS (Stephen King) que são bem mais felizes em usar linguagem onírica o tempo todo.

Um dos poucos acertos é usar a imagem de um catavento para sugerir divisão. Isso parece mais com sonhos, um papel de contrato unido por um centro (mandala) porém fragmentado SUGERINDO uma divisão de um império financeiro. As imagens nos sonhos de verdade não são tão diretas quanto no filme, uma visão a la Hollywood. Possivelmente um segredo daqueles arrancados seria dito de forma criptografada, simbólica, exigindo um trabalho arquetípico (ou freudiano) de interpretação de sonhos por parte de Di Caprio, que precisaria ser quase um xamã ou psicanalista para exercer bem aquela função. Entretanto, no filme tudo se dá de modo (quase) direto, provavelmente para não exigir muita reflexão subjetiva e simbólica de um expectador hollywoodiano de thriller de ação.

A implementação do Limbo também deixou a desejar. Num nível tão profundo e atemporal, era de se esperar camadas bem mais simbólicas e metafóricas. Talvez até a presença de "deuses" ou outras materializações de formas arquetípicas ou "elementais". Entretanto, o diretor pareceu recriar um cenário dantesco, no estilo que já vimos em What Dreams May Come (Amor Além da Vida).

Esperamos que o A Origem 2 trabalhe camadas mais profundas. Por exemplo, tudo ficaria mais interessante se o peão não parar de girar, e se a Mal tiver mesmo razão - como eu acho que tenha. Se a Mal for a única lúcida ali, como eu penso que seja, então o filme estará salvo. Caso contrário, será mais um filme de ação com temática original, não mais que isso. Como alguém disse numa piada do twitter, o enredo fica tão simplista que toda a problemática do filme seria resolvida se simplesmente tivessem implantado no di Caprio a idéia de, ao contrário, embarcarem os filhotes dele num vôo para Paris... Dinheiro para isso nunca lhe faltou, né? Quero crer que não seja por acaso que a visão das crianças seja sempre a mesma, mesmo ângulo, mesmas cores, mesmo fundo do momento do "reencontro" real. Espero que não seja premonição, e sim um sonho que pôde continuar, enquanto a Mal não vem resgatar todos dali daquela maluquice de "invasores de sonhos" em um A ORIGEM 2.

Tenho pensamentos suicidas o tempo todo, se eu não tivesse familia já teria explodido minha cabeça a tempos, é sempre a mesma merda, por mais que me esforce... a vida é um lixo, e não tenho animo nem pra fazer coisas que me agradam, não sei até onde vou.

Que preocupante! Procure um médico; sem tratar a depressão, não dá para organizar o restante das idéias.

Quando alguém menciona "intenção suicida", aí é caso de intervenção imediata - deixamos a filosofia e ajuda clínica para depois. Procure um médico e relate exatamente isso, ele saberá o que fazer. Sou um psicanalista e por email anônimo, não tenho como medicar. Há também serviços de escuta telefônica 24hs por dia, para emergências que talvez não possamos tratar nem por aqui, nem por sessões apenas semanais.

Mas... Não vi a sua pergunta.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

vc acredita no ser humano?

Acredito.

Só não acredito em ET's: Eles mentem muito. Especialmente via canalização.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Devemos incentivar crianças e jovens a fazer meditação? E terapia? Em ambos os casos, a partir de que idade? Existe contra-indicação?

Cada caso é um caso. Mas gosto muito de trabalhar com adolescentes e jovens adultos. Não vejo contraindicação, ao contrário: há grandes benefícios. Bom lembrar também que o cortéx cerebral não está completamente desenvolvido durante a adolescência, portanto é um equívoco considerá-los pequenos adultos ou achar que o parâmetro dos pais - tempo e cultura - servem para eles e ponto final. Adolescentes e jovens são seres independentes e ÚNICOS em si. E, geralmente, bastante filosóficos (adoro), questionadores... e, não raro, em crise. Não vejo contra-indicação em haver apoio especializado, SE necessário, ou SE todas as partes envolvidas concordarem. Afinal, psicoterapia não é punição...

Quanto às crianças, a princípio melhor deixá-las brincar, e educá-las bem. Mas psicopedagogia e psicanálise infantil estão aí para serem usadas, quando necessárias. Há diversas abordagens, algumas mais específicas para quadros ídem, e outras que podem ser usados de forma mais generalizada em benefício da educação.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

o homem é a medida de todas as coisas?

Para Protágoras e Heráclito, sim. E pra você?
http://pt.wikipedia.org/wiki/Prot%C3%A1goras_de_Abdera

Eu particularmente gosto do pensamento relativista e educativo dos sofistas, pais honorários da pedagogia e da antropologia, e penso que eles foram um dos maiores injustiçados da história da Filosofia, devido ao pensamento preconceituoso e absolutista de Sócrates e Platão - e, hoje em dia, dos advogados, que equivocadamente chamam de "sofismas" as suas (próprias) intervenções falaciosas.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

sábado, 14 de agosto de 2010

"Não é demonstração de saúde ser bem ajustado a uma sociedade profundamente doente" Lazaro, você concorda ?

Concordo com Krishnamurti, sim! Vivemos em uma sociedade, por definição, neurótica. Logo, aqui o "normal" é quem é neurótico também. E nem sempre normal é sinônimo de saudável, natural ou funcional.

Entretanto, a crítica à neurose da sociedade patológica não pode ser, por si só, mecanismo de defesa para proteger nossas próprias psicopatologias, se existentes. Vivemos aqui, e não em cavernas. É saudável haver um mínimo de normalidade e funcionalidade para com nosso meio, sem contudo perdermos essa boa capacidade de criticá-lo e transcendê-lo, após vivido e superado.

Ninguém "transcende" aquilo que nunca viveu, nem pode "abrir mão" daquilo que nunca conquistou. É preciso conhecer muito bem as regras para quebrá-las. Feita essa observação, concordo com a frase sim.

(Sociopsicanálise contemporânea e Escola de Frankfurt é meu tema de pesquisa, a partir do hedonismo filosófico em Epicuro X neohedonismo narcisista atual)

Você acha que a desconstrução moderna e pós-moderna vai relegar a espiritualidade ao universo da mera subjetividade?

Creio que não. Desde Kant, e principalmente após Hegel, há outras possibilidades para o espírito, inclusive na imanência. Se bem que, dependendo do filósofo, tudo é subjetividade, né?

Eu já "creio" que aquilo que é desconstruído no que chamam de "espiritualidade" é muito mais a camada mitológica e religiosa. Removidas as cascas, aquilo que chamo de "espiritualidade" permanece. Se prefere uma leitura kantiana, digamos que o transcendente estará lá, só descontruímos fenômenos, não o númeno, o "incognoscível". Se pensarmos mais como Hegel, sujeito e objeto se fundem, o conhecimento é o próprio ser, e então não faz sentido dizer que, por estar imanente, a espiritualidade foi desconstruída.

Por isso, SEMPRE há este temor de que "os novos tempos" acabarão com a "espiritualidade". Ocorreu isso nos tempos do surgimento da filosofia, que perverteria os bons valores religiosos da antiga Grécia. Ocorreu quando Jesus, aquele subversivo, dava outro cumprimento mais lógico para a Lei Mosaica. Ocorreu quando o Renascimento e Humanismo puseram fim ao período medieval, e a ciência passava a explicar as leis naturais. Ocorreu novamente com Marx, Darwin, Freud e Nietzsche, cada um deles "destruindo" uma visão de "Deus" que havia até então. Ocorreu quando fósseis de dinossauros colocam as datações bíblicas no ridículo mitológico que sempre lhe coube.

Entretanto, embora os "religiosos" sempre alardem, em cada momento desses, o surgimento de um tempo "sem Deus", uma apocalíptica "desconstrução total e final" da tal "espiritualidade", na verdade isso nunca ocorre. Cairiamos, num outro nível, na questão da transcendência ou imanência.

Não importa quantas cascas de cebola retirem-se, só há duas visões possíveis, a meu ver: Para os da transcendência, SEMPRE haverá um númeno além, algo além das aparências, o que causa o fenômeno - e, portanto, a camada desconstruída foi apenas mais uma camada mitológica. Para os da imanência, tudo sempre esteve aqui e agora, e a camada desconstruída foi apenas uma projeção de uma suposta divisão do indivisível. Em ambas as possibilidades, o mesmo espiritual continua existindo, seja no transcendente, seja no imanente. E como podemos acreditar ou não nisso, aceitar ou negar, não é que a dita "espiritualidade" seja reduzida à subjetividade. Na verdade, ela *sempre* foi subjetiva, ou seja, relativa ao sujeito. Pensar diferente disso é, no fundo, acreditar em um Adão e Eva literal, ou nos deuses do Olimpo. Muitos fazem isso até hoje, ainda que em nome de Jesus.

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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O que você faz para manter a sanidade?

E quem te disse que eu sou 100% "normal" e "são"? :-)
Mas algumas coisas talvez ajudem:

Vivo o presente. Eu-Aqui-Agora. Sem me perder em comparações, ansiedades edepressões.
Faço análise, semanalmente, há anos. É fundamental.
Presto muita atenção aos meus sonhos, metafóricos ou literais.
Atividade física 3x por semana. Se puder, vou mais. Se não der, vou menos. Estou na academia nesse momento em que respondo.
Sempre optei por relações afetivas estáveis e de médio-longo prazo.
Tenho amigos, conto piadas.
Estudo filosofia todas as manhãs, destruindo minhas "velhas certezas" sobre tudo.
Sempre rejeitei a fuga da normalidade que alguns amigos "intelectuais" ou"espiritualizados" adotam - muitas vezes sem querer admitir.
Não tento ser "bonzinho". Não reprimo emoções. Não nego minha sombra.
Acredito na intuição. E assumo as consequências disso.
Gosto de música - tocar e ouvir.
Compartilho um pouco de tudo o que ganho - dinheiro, amor, conhecimento, sintonias espirituais.
Dôo sangue. Dôo tempo. Dôo trabalho. Dôo coração.
Vivo o presente. Eu-Aqui-Agora. Já disse isso?
Gosto de dinheiro. Mas digo a ele quem é dono de quem.
Respeito meus limites. Mas nunca acredito demais neles.
Medito, quando posso.
Faço Yoga, já fiz Aikidô.
Tenho minhas crenças. Mas não fico cego ou imóvel por causa delas.
Tomo remédios, quando necessário.
Me reinvento, sempre. E assumo as consequências disso.
Me apaixono, choro, falo a verdade. E assumo as consequências disso.
Não escuto música depressiva, breganeja e afins.
Não tenho a pretensão de resolver a vida de ninguém - ajudá-los já é grandioso.
Ainda pretendo instalar um bebedouro de prosecco / espumante brutt em casa.
Não confundo seriedade com sizudês. Seja lá como se escreva isso.
Rejeito a vocação para super-herói, mestre ou guru.
Leio muito. Mas não tanto quanto eu gostaria.
Faço o que gosto.
Não paro de estudar. Não paro de ensinar. Não paro de acreditar. Não paro de questionar. Não paro de amar.
Como carne e açúcar. Mas não muito.
Bebo. Mas não muito.
Como coisas saudáveis. Mas não muito.
Às vezes, minto sobre meus hábitos. Mas não muito.
Vou ao estádio quando posso, ver meu Cruzeiro jogar.
Cultivo o bom gosto. Mas evito ficar fresco por causa disso.
Me alimento bem, e com prazer.
Vivo o presente. Eu-Aqui-Agora. Essa frase eu preciso repetir. Mas não muito, pois poucos precisariam de terapia se fizessem isso.
Gosto da VIDA, material ou espiritual. Aliás, nem a "divido" assim.
... e mais vinho, por favor!!!

Que CRÍTICA você faria ao Ken Wilber?

Qual dos Ken Wilbers? Ele sempre se desconstrói, positivamente. Tirando as críticas que ele mesmo faz às suas visões \"holísticas\", \"evolutivas\" ou \"transpessoais\" anteriores, até onde li concordo bastante com a fase INTEGRAL dele. De \"Teoria de Tudo\" para cá, não me lembro de ter lido algo dele que me fizesse torcer o nariz. É uma de minhas principais referências, por enquanto.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

ações ou conseqüências ?

Engano da divisão: As consequências sempre estiveram embutidas nas ações.

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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O que você pensa da história do negro pós abolição e a atual luta por politicas públicas reparadoras como as cotas nas universidades?

Não vejo a humanidade separada por cores ou cotas, e não creio que segregações de sentido contrário sejam "repadadoras", ao contrário. Não gosto quando vejo tratarem negros, nordestinos, homossexuais, moradores de periferia ou qualquer outro grupo discriminado como "coitadinhos"; e gosto menos ainda quando vejo os próprios discriminados não só adotando esse discurso como "reinvindicando" seus "direitos" como condição minoritária, implorando por suas esmolinhas, iludidos por supostamente estarem "levando vantagem" sobre quem já levou vantagem em outros tempos (onde a maioria nem era viva). No fundo, tudo baseia-se em quem leva vantagem sobre quem.

Acho isso uma sacanagem, uma outra forma de manipulação do "dominante" sobre o "dominado", e ainda exigindo que o outro não só seja rotulado, como que assuma o tal rótulo e ainda reinvindique sua cota de farinha para sobreviver. Tudo vem muito sutil, "oferecendo" paradas gays, dias da "consciência negra" ou "cotas em universidade". E os auto-entitulados minoritários não notam que foram escurraçados para um gueto, que precisam aceitar um rótulo prévio, para que só lá e assim possam existir. Porque a condição sexual de alguém ou sua cor de pele precisa ser transformada em uma bandeira política das minorias? Deveriam os heteros ou os brancos afirmarem suas condições também? Não notam as tais "minorias" que estão sendo mais uma vez discriminadas, sob o disfarce de uma melhor compreensão? Isso tudo me soa muito ao estilo do que faziam com os judeus na Polônia... Assumam-se tal para serem melhor identificados e ajudados. Havia até uma "cota de cidade" para eles. Deu no que deu.

Acredito SIM em políticas públicas, sou crítico em relação a um neoliberalismo insensível. Mas políticas públicas na medida do possível igualitárias, que visem dar mais condições a todos, sem depender de uma comparação prévia ou necessidade forçada de "inclusão". Quem se compara ao outro é, no mínimo, infeliz. Lutem para que tenham condição de ser melhor do que VOCÊS MESMOS, independente da cor de pele, origem, sexualidade ou religião. Para que tenham ensino público de qualidade, e não essa mentira neoliberal pública do estado de São Paulo, que não permite que filhos de pobre entrem na universidade pública sem "cota" - não porque são negros ou pobres, mas porque já foram segregados ANTES, numa escola que não reprova (coitadinhos, já são pobres ou negros, vão ser reprovados também?). Para que possam ter senso crítico para não ser TÃO ENGANADOS assim a ponto de comemorarem um biscoitinho canino eventual disfarçado em um dia ou um percentual, DESDE QUE se assumam como "menores" (minoria) que os demais. Para que tenham condições de conseguir o que querem e podem COMO SERES HUMANOS, que fazem as suas próprias escolhas, e que podem entrar em qualquer lugar pela porta da frente. Onde cada um vai chegar sendo melhor que ele mesmo, já é escolha de cada um.

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domingo, 1 de agosto de 2010

Lázaro, qual sua opiniao sobre os conceitos da metafisica e sobre como ela, supostamente, age em nosso organismo na area da saude?

Metafísica? A de Platão, a de Aristóteles ou a de Espinoza? Gosto muito, claro. Mas você não concorda que depois de Kant e da fenomenologia, a metafísica como conhecíamos chegou ao seu fim?
http://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsica

(é cada uma, viu? outro dia nos divertiamos muito, na sala de aula de Filosofia, com um anúncio de jornal que prometia um "Aconselhamento Metafísico", hahaha)

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Qual a diferença entre uma pessoa viciada em FarmVille e uma pessoa viciada em Lost? Ou Futebol, novela da Globo, que seja? Não são todas diversões estúpidas?

Não. Há graus de diversão, graus de vício, graus de prejuizo social e graus de estupidez. Os tipos mais graves são aqueles que já não conseguem mais perceber diferenças entre coisas tão distintas.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Fiquei encanada com a sua história do ankh. No dia em que eu comprei um já deu o maior problema...mas entendi que os seus problemas vieram de coisas suas passadas. Será que existe um "fator ankh" em tudo isso, independente de passado e história pessoal?

Não sei... Teoricamente, é um símbolo bem positivo e interessante. Tenho coisas egípcias aqui em casa. E, como disse, eu teimei bastante em usar, achando que não havia nada demais. Talvez demande algum preparo que eu ainda não tivesse, e o problema tenha sido minha arrogância em achar que eu tivesse. Talvez não faça mal algum para quem nem sabe o que é isso. Talvez tivesse a ver com as pessoas da época. Talvez atraia algum tipo de energia estranha. Não faço a menor idéia, mas a coincidência era gigantesca, eu apenas relatei, e por questões de segurança, não estou muito propenso a fazer novas tentativas. Já tive essa fase da reincidência pra provar que superei, e não gostei dos resultados, hehehe.

No creo en brujas, mas, às vezes, parece que elas não ligam muito para minha descrença, rs. O Ken Wilber, que investigou muitos fenômenos estranhos na vida, diz que quase tudo é picaretagem e supertição, e que as coisas realmente espirituais, sobrenaturais ou estranhas não chegam a 2% das alegadas. Ouvi números semelhantes de um parapsicólogo brasileiro que trabalhou para serviços de informações governamentais. Bom, de vez em quando a gente bate de frente com esses casos inexplicáveis. Quem não pode com mandinga, que carregue patuá. Mas se for um ankh, no MEU caso, EU dispenso, hehehe. Eu, hem?

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Cinco anos depois, ainda me pego repetindo mentalmente as palavras que queria ter dito a uma pessoa e não disse. Penso nisso todo dia. Ressinto a coisa todo dia. Como lidar com isso?

Compreendo, já vi casos parecidos, mas não tenho como ajudar sem compreender o caso em detalhes. Precisaria compreender bem a sua vida, porque essas palavras não foram ditas, que palavras são essas, como isso toca em seus padrões inconscientes. O que essa pessoa significa, em que isso implicou, o que teve de vida depois que talvez não tenha sido visto, o que poderia ser dito ou não... Não sei se há trauma no caso, e daí um stress pós traumático, ou algum outro tipo de memória especialmente ativada por repetição ou emoção. Não sei qual seria a reação da pessoa se tivesse dito. E não sei como a vida seguiu a partir daí.

Essa última parte é a mais importante. Num caso assim, provavelmente precisariamos analisar como lidou com suas escolhas - e com as consequências delas.Muita vida ocorreu - ou poderia ter ocorrido - em cinco anos. Muita coisa em minha vida seria diferente se algumas coisas tivessem sido diferentes, isso me parece natural na condição humana. Mas isso não me desobriga de viver bem as consequências de minhas ações ou omissões. Sempre há novos começos, e novas palavras por dizer.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Como trabalhar o animus para quebrar padrões de comportamento repetitivos, no relacionamento? Estou com muitas dificuldades.

Terapia séria. É um trabalho de formiguinha, no dia a dia. Enquanto isso, sugiro que leia "Mulheres que Correm Com Lobos" (versão longa que vira livro de cabeceira de 90% das mulheres que lêem, leitura para ser sorvida aos poucos como cálices de licor), e/ou "She" (versão curta, didática e mais superficial). Ambos vão falar desta questão do ânimus da mulher. Após um dos dois, sugiro também o "We", que trata da relação de ânimus-ânima presente no amor romântico (e seus padrões).

De todos esses, o livro mais "terapeutico" (no sentido de mudar a sua relação com seu ânimus - e, por conseguinte, com o masculino) é o "Mulheres que Correm". Já sugestões mais práticas dependem necessariamente de sua análise particular.

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o homem é um ser racional ou um ser pacional?

A pergunta sugere haver uma oposição entre razão e emoção, com predomínio de uma e exclusão da outra. Não concordo. Aliás, o fato de haver a pergunta e dúvida já responde: Temos ambos, e não dá para definir entre branco OU preto. Precisamos ligar com os dois. E com muita coisa mais. Explico.

Segundo uma das classificações, temos um cérebro reptílico (instintos) como as galinhas e jacarés, um sistema límbico (emoções) como os mamíferos inferiores, e temos um córtex frontal (razão, lógica) como os mamíferos superiores. Temos também sabidamente serotonina, dopamina e outros neurotransmissores. TUDO ISSO AO MESMO TEMPO.

Mesmo dentro do racional, temos uma inteligência do tipo pensamento e outra do tipo sentimento (eixo do julgamento), além de uma do tipo intuitiva e outro do tipo sensitiva (eixo da percepção).

Fala-se hoje também em inteligência emocional e inteligência espiritual. Além disso, temos os bem-aceitos trabalhos de Gardner sobre múltiplas inteligências, sugerindo que há bem mais, pelo menos NOVE (!) tipos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Intelig%C3%AAncias_m%C3%BAltiplas

Dito isso, fico aqui me perguntando o que é "pacional" (sic). Se falamos de paSSividade e paixões, falamos do latim PASSION (passividade) e do grego PATHOS (doença). Vem daí patologia, por exemplo. Algo que nos deixa passivos, submissos. Como a doença. Como um amor passional. Bem, eu prefiro ser ativo e racional do que passivo, hehehe. Cérebro passivo de bêbado não tem dono. Ou seja, temos nossa passividade diante de circunstâncias, temos dopamina distorcendo algumas percepções, mas quero crer que tenhamos consciência e alguma capacidade de ação e discernimento também. Eu procuro ter.

Se o "pacional" (sic) refere-se às emoções, e não às paixôes, sabemos hoje que estas são indispensáveis, e servem para preservar a espécie. São sinais de alerta, reguladores. Mamíferos as tem, e sem elas não sobreviveriamos, evolutivamente falando: tristeza, raiva, ciumes, medo, alegria. Não devem ser "controladas" nem "exageradas". Na medida certa, são indispensáveis. Mas o que nos faz humanos, além dos demais mamíferos, é que temos capacidade intelectual para integrá-las a nosso favor. Ou deveríamos ter. A maioria não consegue sem terapia. Alguns, nem com a ajuda dessa - depende de nosso empenho e maturidade, também.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa: