quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Depois que você começou a estudar filosofia e psicanálise, como ficou sua relação com a espiritualidade, as bioenergias,a assistência energética e a projeção astral? Você ainda dá atenção para isso, e busca aperfeiçoar-se nestas áreas, ou

São coisas cada vez mais naturais em minha vida - e, portanto, menos "religiosas". A última projeção astral foi ontem, na clinica. A ultima palestra em centro espírita foi domingo, no Arujá, em uma casa que recebe até 300 pessoas por sessão. A ultima "assistência" foi hoje, em clinica social que pratico em meio aos meus atendimentos. Não preciso mais fazer propaganda, doutrina ou venda de curso disso, pelo menos nesse momento, por terem se tornado coisas naturais, imanentes, e não mais uma bandeira ou causa ou denominação religiosa. Posso entrar em sintonia na capela cristã da faculdade, ou no templo budista, ou em lugar algum. Vejo o tudo no nada e vice-versa, e isso é tão importante que chega a ter importância nenhuma, ou o contrário.

Dou risada - hoje silenciosa - de quem separa essas coisas, ou de colegas meus que acreditam que, por eu ter me tornado (também) filosofo e ou psicanalista eu de algum modo "deixei de dar atenção" as tais "essas coisas", como se a graduação ou o discernimento lhe transformasse em uma espécie de herege por, como Zaratustra, amar a vida aqui agora e não mais "lá depois", como se quem largasse a fantasia tivesse imediatamente desaparecido em uma curva da estrada, como se a vida só pudesse se dar na infância e ilusão, como se a ausência dessas fosse um certo ateísmo. Lembro imediatamente da saída da adolescência, e penso, compreeensivo, que tudo e todos tem seu tempo.

Psicanálise e Transpessoal tratam de inconsciente, terreno onde ocorre também o fenômeno do "inexplicável". Não é uma negação, ao contrário, dizer "inconsciente" é exatamente sair da discussão das supostas causas e teologias rrealizandonuma certa epoché fenomenológica, suspendendo temporariamente o juízo para mais ouvir o que as vozes e sonhos tem a dizer do que se perder na discussão do que ou quem as teriam causado. Na minha visão, junguiana, winnicottiana e wilberiana, aproximar-se da psique (alma em latim) de modo algum afasta de uma possível "espiritualidade". Ao contrário, talvez ela se expresse melhor com menos fantasias.

Quanto à filosofia, cito uma frase neoplatônica por demais verdadeira, quem tem ouvidos e vivencia para ouví-la, que ouça: "Um pouco de filosofia leva ao ateísmo. Muita filosofia nos reconduz a Deus". Quem já se viu diante da nadificação sem sentido do nada escutou no silêncio o tudo de Deus. E este, em geral, se calou. Não sem sorrir sem ninguém perceber.

Tanto faz, muitos antes passaram por aqui, e nao faz diferença o que eu achava deles antes de entender. Vale o mesmo sobre mim. Está tudo certo, e o vazio está pleno de Deus. Se um de nossos instrumentos se calar, tudo é música ainda assim.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

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