quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Reducionismo dualista: Quando o bom senso é agressão

Sempre foi impossível, aos que pensam, agradar à mediocridade do senso-comum. Em qualquer área e época, quem se posiciona recebe forte oposição. Pode ser um Sócrates, Jesus, Demolay, Copérnico, Lutero, Darwin, Freud, Jung, Gandhi ou Lenon. Tanto faz. Como no experimento dos cinco macacos, quem tenta sair da mesmice deve estar preparado para apanhar. 

Mas atualmente tem piorado. Nesses tempos pré-neo-medievais, até ter bom senso está ficando difícil. Pondere algo, e você já vira inimigo. Com bullying dos dois lados, para piorar. Compreendo a divisão tico-e-tecognitiva dessa gente [e até interajo com eles e jogo biscoitos quando estou a uma distância segura], mas isso não me coloca em um dos lados dos muros de ninguém. 


Caros coxinhas e petralhas, favor me "incluir fora" disso.
Quando aponto e discirno qualquer absurdo oriundo do PT, Haddad, Lula, ciclofaixas, bolsas eleitoreiras, populismo e etc, alguns militontos me chamam de coxinha. Para piorar, os coxinhas-de-fato acham que "agora eu finalmente passei para o lado deles". Preguiça.

Entretanto, quando aponto e discirno absurdos do PSDB, Alckmin, FHC, pedágios, privatarias, individualismo, empresários e etc, alguns reaças me chamam de petralha. Para piorar, os petralhas-de-fato de fato acham que com isso endossei [os roubos] as causas deles. Não!

Se eu penso e explico a favor de um único ponto que o sectário (de esquerda ou direita) gosta, sou um "intelectual que sempre diz o que a gente pensa". Entretanto, se eu penso e explico contra um único ponto que o mesmo sectário gosta, passo a ser um "pseudo intelectualóide que só fala besteira".


pseudo-intelectual [Gr. Lat.] [Filos. Polít.] [s.m. adj. pejor. deprec. de um suj. imp.]: qualquer um que tenha estudado mais que eu, especialmente Ciências Humanas, e ainda assim discorde de meu ponto de vista. mesmo que: "intelectualóide" ou "graduado em ciências humanas". Quanto mais embasamento histórico-sociológico-filosófico-político-conceitual algum pós graduado tentar usar para aplacar seu ódio, mais "pseudo-intelectualóide-arrogantezinho-de-merda" ele será. Refute-o com argumentos ad-hominem (v.t.). Persistindo os sintomas, consulte VEJA.


Fora Glúten! Abaixo a Lactose!
Morte às cesarianas!
Antigamente, aos olhos dos radicais, ser imparcial era apenas "ser covarde", "em cima do muro", no máximo um "responsável por omissão". Hoje em dia, não. Não estar do lado de um significa estar do lado do outro, e merecer indiretas, patrulhamento, bullyng e agressão - mesmo em grupos de amigos. Afinal, se for possível ser ponderado, o radical parecerá um doente mental, e não um cruzado heróico salvando o mundo [vestido de Napoleão]. Se você não parece ser de uma religião distante, merece ser morto em seu próprio país. E não por acaso, apoiar essas mesmas vítimas da França faz de você um "inimigo" (oi?) não do Islã, mas... dos mortos de Mariana!?!?!?
Há muito as teologias mais dualistas e proselitistas
endossam o sectarismo, e não por acaso as
teocracias só ocorrem a partir delas

Em suma, em termos de Psicologia Social, vivíamos em um país de estrutura neurótico-bipolar, e reclamávamos de barriga cheia: agora ele parece evoluir para um psicótico transtorno de personalidade narcisista e/ou borderline, sintetizado pelo lema: "Meu cérebro, minhas regras - e morra você, pois o Outro não existe. Para ser persona no grata, não precisa mais ser contra minha causa: basta não ser a favor."

A julgar por esta perseguição ideológica reducionista, zumbis devem estar passando fome por falta de cérebros em nossa sociedade.

Nessa semana, apontei vários problemas dos dois lados. Com argumentos, dados, aprofundamento e análise. Não para equilibrar um lado com outro, mas por mera cidadania, por serem problemas graves que mereciam discernimento, independentemente da filiação política dos responsáveis por cada equívoco. 

Parafraseando Krishnamurti, "não é prova de ética ou sanidade estar
por demais contra (ou a favor de) um só dos lados de qualquer
polaridade espelhada, interesseira e doentia"
Mas a patrulha ideológica reducionista nem lê até o fim. Já entra embaixo condenando quem "ousou" apontar os equívocos de seu lado "favorito". Fica mais engraçado quando dizem que eu "nunca posto contra o PT". Ora, apesar de alguns posts humanistas ou em defesa das mulheres (coisa de "comunista", segundo o novo hospício Brasil), tampouco poupei críticas ao aumento da dívida pública para sustentar bolsas eleitoreiras, e à eugenia e elitismo da política Suvinil de São Paulo. Ler os meus posts pra que? Para ser perseguido nem precisa ser contra, basta não ser 100% a favor.

Sectários dos dois lados, ativistas virtuais de um Fla X Flu passional de Facebook, pastores chatos do "petismo cego" ou do "fora Dilma", gente que transforma redes de amigos em divisões: Chega! Assim como dos políticos, o Brasil já está farto de vocês.

É preciso irmos além deste reducionismo dualista - Fla X Flu, BaVi, Grenal, Petralha X Coxinha, Bike X Carro, Hipster X Cool, PT x PSDB, "Comunista" x "Fascista" - que acha que cada vez que criticamos maus atos de um estamos apoiando o outro. Se o seu mundo ainda precisa ser preto ou branco, hoje se fala em "50 tons de cinza" - e eu prefiro viver as 16.777.216 combinações de cor.

Não abro mão do meu direito de pensar, em 3ª via, independente. E não, isso não me faz adepto de nenhum dos lados da visão pequena e partidarizada daqueles que parecem não superar a disputada "final" do "campeonato" eleitoral do último pleito presidencial. 


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