domingo, 29 de janeiro de 2012

Olá, qual sua opnião, como filosofo e psicanalista, ao behaviorismo? Eu fui conversar com um behaviorista, mas para mim foi como conversar com um radical religoso. Tentei ler sobre mas não cheguei a conclusão do radicalismo da pessoa que conversei.

Há bons profissionais em todas as linhas. E há profissionais que mais parecem radicais religiosos em várias áreas também, o behaviorismo e a psicanálise não são exceção.

Toda boa psicoterapia funciona, algumas melhores para algumas coisas, outras nem tanto. Mas toda relação analítica, independentemente da técnica, permite (no mínimo) estabelecer melhores relações, a partir da melhora da relação analista-analisando.

PARTICULAR E TECNICAMENTE, meu posicionamento é oposto ao do behaveorismo, porque divido as técnicas em "alienantes" e "não alienantes", ou seja, há as que trabalham sintomas e manifestações tentando de algum modo AFASTAR o sujeito da origem de seus problemas indo direto à queixa (parecem mais "eficientes", mas creio que isso possa trazer consequências depois) e as que, ao contrário, tem postura mais incômoda e analítica, indo mais profundamente em direção ao que dói, e tentando favorecer o auto-conhecimento de modo a pegar o mal pela raíz.

Jogo no time das segundas, as terapias mais conscientizantes, dentre elas a psicanálise, a psicologia analítica de Jung, a psicodinâmica, a logoterapia de Frankl, algumas práticas humanistas, outras transpessoais, etc. Em geral, a maior parte delas trabalha com conteúdos inconscientes e dinâmicos.

Em geral, o paciente vai às terapias alienantes para "se sentir bem", ao passo que nas terapias de inconsciente, às vezes uma sessão de sucesso pode ser justamente aquela em que o paciente saiu mal, chorando ou incomodado por uma semana, DESDE QUE isso ao invés de reforçar seus traumas lhe permita começar a se conscientizar e mudar.

Já nas terapias alienantes (behaveorismo, cognitivo-comportamental, terapeutas "alternativos" conselheiros, PNL, uso apenas de medicamentos, etc) temos um foco no "resultado", na descrição de sintomas, no aspecto CONSCIENTE das questões, uma vez que (às vezes, ou por método) não se encara a RAIZ dos problemas, a verdadeira CAUSA da queixa, mas sim tenta-se mudar o comportamento, o pensamento ou o sintoma desconfortável GERADO pela raiz da qual se alienou. Essas técnicas são em geral mais rápidas e mais caras que as conscientizantes, pois em poucas sessões o paciente tem a sensação de ter alívios ou até "curas". Entretanto, na minha visão pessoal, se a verdadeira causa não é tratada em suas nuances mais incômodas, inconscientes, antigas e psicodinâmicas, FATALMENTE a energia psíquica equivalente se manifestará depois de algum tempo de modo (a meu ver) bem pior, uma vez que a neurose anterior era a MELHOR forma que o inconsciente da pessoa havia conseguido construir para se compensar. Tirando a válvula de escape sem tratar o motivo do incêndio e vazamento, a explosão futura pode ser bem pior.

Por outro lado, reconheço que técnicas rápidas sejam úteis e necessárias em ALGUNS problemas específicos. Eu uso recursos cognitivo comportamentais em casos de dependência química severa, síndrome de pânico e transtornos graves de ansiedade. Isso porque, caso contrário, será um desconforto (ou uma impossibilidade) chegar ao consultório, não havendo tempo para uma investigação psicanalítica mais aprofundada. Mas enquanto uso os recursos cognitivo-comportamentais, não deixo de investigar as origens, o inconsciente, os sonhos, a psicodinâmica, as relações familiares, a árvore sistêmica genealógica, os padrões... Sem isso, eu estaria apenas alienando o paciente, afastando-o de suas verdadeiras causas. Não creio que a psique de alguém seja uma "doença", e não concebo terapias que reduza alguém a sintomas e comportamentos, afastando-o do Si Mesmo.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Nenhum comentário:

Postar um comentário