terça-feira, 28 de dezembro de 2010

É possível aprender a escrever bem, tão bem como você? É algo que se possa treinar? Como?

Não sei se escrevo bem, mas certamente (boa) leitura é fundamental.
Na graduação em filosofia conheci pessoas que escreviam mal, no começo, e o coordenador dizia que certamente progridiriam ao longo do curso. Duvidei um pouco, mas no final do 1º ano podíamos ver os resultados, os argumentos e períodos melhoraram significativament a partir do que liam(os). No final do último ano, não pareciam as mesmas pessoas. E não eram mesmo, haviam crescido junto com seus textos. E sem aulas de português, redação ou técnicas; apenas muita leitura e debate todos os dias, incluindo aí trechos das melhores e mais profundas obras já escritas na história da humanidade.
Hoje não tenho dúvidas, porque testemunhei milagres: quer escrever melhor, especialmente em termos de argumentação? Então estude filosofia.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Nos meus sonhos eu sou sempre foda. Quando tem um problema, eu resolvo, tem ameaça eu mato ou escapo numa boa, consigo convencer as pessoas, gostam de mim. Na vida real eu sou normal e querida, mas na média. Significa?

Sempre que há "sempre" significa. :-)
O que significa, depende de te conhecer melhor. E a seus sonhos, reais e metafóricos.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

domingo, 26 de dezembro de 2010

Ultimamente tenho observado constantemente coincidências significativas e que tem mudado o rumo da minha vida, literalmente. Há seis meses, sonho constantemente com um rapaz, (eu ainda não o conheço) ele é uma pessoa pública e trabalha junto com um

Se você ainda não o conhece, não é especificamente uma "coincidência significativa". Não sei dos detalhes, mas PODE SER (dentre outras possibilidades) uma representação de seu próprio ânimus, inconsciente masculino da mulher. Sugiro que leia SHE, ou O CAMINHO DOS SONHOS, ou MULHERES QUE CORREM COM LOBOS. Devem lhe ajudar neste período.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Quais livros o senhor recomenda para um conhecimento basico da piscologia e Psicanálise ?

RESUMO:
- Freud Vida e Obra (resumo de bolso)
- Jung Vida e Obra (Nise da Silveira)
VIVÊNCIAS:
- Vivências de um Psicanalista (D. Zimmerman)
- Cartas a um Jovem Terapeuta (Calligaris)
CONCEITOS:
- Curso de Psicanálise (Mark André Keppe)
- Psicanálise em Perguntas e Respostas (Zimmermann)
- Coleção CONCEITOS DA PSICANÁLISE, livrinhos de bolso, editora Duetto
- Coleção MEMÓRIA DA PSICANÁLISE, revistas, editora Duetto

Como falamos de algo BÁSICO, assistir à série de TV "In Treatment" (Em Terapia) tambem pode ajudar. O 2º ano é melhor. As revistas VIVER MENTE & CÉREBRO e PSIQUÊ também trazem boas contribuições em linguagem popular.

Para conceitos mais específicos de Psicologia e Psicopatologia, recomendo os livros gerais adotados em universidades, como o do Barlow. Você os encontra nas grandes livrarias com exatamente esse título: "Psicopatologia" e "Psicologia". Dão uma boa visão geral, sem se fixar em uma linha só.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

O que você pensa a respeito dos romances distópicos Admirável Mundo Novo e 1984 ?

Eu os li na adolescência, ambos em 1980, 1º ano técnico, eu tinha novas idéias para o mundo e era líder estudantil secundarista, ainda trotskista. Na época, gostei um pouco do primeiro, e muito do segundo. Achei Orwell um visionário, um esquadista como eu, e mal percebia eu que na verdade ele CRITICAVA o totalitarismo a que minhas filiações políticas clandestinas da época conduziam....

Eu os recomendaria a todos os adolescentes. Pelo menos aos daquela época... Afinal, como disse alguém, "aos 18, se não somos um pouco utópicos e comunistas, é porque não temos coração. Agora aos 40, se AINDA somos um tanto utópicos e comunistas, é porque não temos cérebro." hehehe. Eu li aos 15 e hoje tenho 46... Gostei, tendo aquela idade: Cada geração parece ter seus próprios Harry Potters. ;-)

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O que você acha de terapias baseadas em hipnose? Em que casos podem ser indicadas?

Tenho ressalvas. A hipnose acessa sim o inconsciente. Freud a usou no começo, e todo psicanalista tem formação ou pelo menos noções de hipnose. Foi o PRIMEIRO módulo de minha formação. Mas foi demonstrado, já no começo da psicanálise, que a Associação Livre e interpretação de sonhos e transferências é uma técnica mais eficiente, segura e produtiva.

Mas a questão é que há muitas limitações. A psicanálise abandonou a hipnose como técnica por causa delas, não compensa:

1) É demorado e impreciso. Em alguns casos, perde-se muito tempo na indução do estado. Ficaria inviável em sessões curtas. Acaba sendo, muitas vezes, amador.

2) Nem todas as pessoas são hipnotizáveis. A maioria são, mas nem todas. Não dá para trabalhar com algo que não funciona em 10 a 20% das pessoas. Como atender 40 pessoas por semana com tanto furo e imprecisão?

3) O maior problema é que a linguagem do inconsciente é OUTRA. Uma pessoa hipnotizada para falar de seus processos internos usará linguagem SIMBÓLICA. Por exemplo, num sonho um cigarro pode ser um falo, uma simbologia de prazer, e por extensão até mesmo uma alusão ao pai, ao masculino (associado simbolicamente ao fálico). Na hipnose, a pessoa está em um acesso INCONSCIENTE, portanto, como nos sonhos, as referências ao que é simbólico e ao que é literal ficam muito tênues. Assim, quando dizemos a alguém hipnotizado que ela deve CORTAR O CIGARRO, por exemplo, para ajudá-la a parar de fumar, há riscos de (se der certo) ela não só parar de fumar, como também se tornar estranhamente impotente. Afinal, a frase poderia ser aceitar (até mais facilmente) em níveis mais profundos do inconsciente, onde o cilíndrico é muito mais o prazer e o fálico do que um mero enroladinho de tabaco. É imprevisível!!!

4) Infelizmente, a maior parte dos hipnotizadores de cunho "terapêutico" trabalha mais com técnicas cognitivas, truques, sugestões diretas, tentativas de "cura". Como sempre digo aqui, a psicanálise até respeita, mas vê com muitas ressalvas essas pretensões de "cura" da psique alheia, como se determinados comportamentos (ou mesmo neurores) fossem apenas "problemas" exteriores (que precisam ser "curados" e suprimidos via "terapia", como se o sujeito fosse um "paciente" e sua organização interna uma "doença") - e não a faceta exterior de uma causa inconsciente e psicodinâmica muito mais profunda. Nada contra a hipnose, já que psicanalistas são também hipnotizadores, mas cabe aí a mesma crítica que fazemos sempre aqui à psicologia coginitivo-comportamental, à PNL, às técnicas de catarse e mais ainda às técnicas de "terapia" alternativa ou "resolvedora de problemas". As pessoas querem curar um tique, e não investigar os seus porôes psíquicos que estão VAZANDO em um comportamento estranho à sociedade. QUerem SAIR da depressão a qualquer preço, mas raramente querem ver seus próprios padrões que a levam invariavelmente ao mesmo lugar, ou ao mesmo tipo de pessoa. Corremos o risco de curar um sintoma e piorar MUITO a pessoa, já que a causa não foi mexida, e sem a saída NORMAL da neurose que tinha, o inconsciente terá mais tarde que arrumar uma outra forma até mais grave para compensar e se reequilibrar. Por isso dizemos que essas técnicas mágicas e rápidas são muito boas e rentáveis... para os terapeutas: Curam a depressão, e meses depois tem de volta uma síndrome do pânico. Ajudam a abandonar uma pessoa ou situação que incomoda, e já já tem o freguês de volta, piorado, repetindo o mesmo padrão.

Poderíamos exercer a hipnose sem cair no ítem 4. Alguns raros hipnotizadores talvez tenham essa competência. Psicanalistas também. Mas os psicanalistas não fazem por causa do explicado no ítem 3, e porque a ASSOCIAÇÂO LIVRE (técnica psicanalítica) é mais eficiente e prática, não temos necessidade. O problema da hipnose é que, quando funciona, funciona muito, e por isso mesmo exige uma pessoa exageradamente responsável e preparada para lidar. Bons hipnotizadores muitas vezes são só excelentes hipnotizadores, e não necessariamente excelentes psicólogos ou psicanalistas para lidar com o estado que atingem. Portanto, tenho ressalvas.

Respeito muito os poucos que fazem isso verdadeiramente a sério, mas para nós é algo arriscado e desnecessário, uma vez que temos ferramentas melhores e mais seguras para atingirmos a mesma coisa, em psicanálise.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Se você fosse recomendar leituras espiritualistas, o que recomendaria hoje? Autores, títulos, que considera importantes?

Depende muito da preferência, do tipo de estudos que se deseja. Mas em termos de ESPIRITUALISMO, algumas coisas me parecem básicas e obrigatórias, se não leu ainda, nunca é tarde:

- Obras de Osho. Todas, qualquer uma. Bom senso no aqui agora.
- Autobiografia de um Yogue. Yogananda. Pra ter uma idéia da espiritualidade hindu de fato, e não da aulinha de yoga da academia ou dos deuses indianos da banquinha de incenso da esquina.
- Teoria dos Chacras, Horishi Motoyama. Para ter uma noção séria de meridianos, chacras e bioenergias, que ajudará DEMAIS a perceber os (inúmeros) equívocos de várias outras abordagens esquisotéricas.

Também acho bom, em termos de espiritualismo, ter uma noçãozinha básica de filosofia. Tem muito mais a ver do que a maioria pensa. E ajuda a conhecer o resto do caminho. Recomendo o simplezinho "Fique Por Dentro da Filosofia", pra ter pelo menos uma idéia do mapa. Verão que muitas das coisas que pintam de espiritualismo são conceitos de lá, e que tem um ótimo tratamento filosófico. Também gosto, para principiantes, do "Guia Ilustrado Zahar de FILOSOFIA". Trata bem da questão da metafísica, da filosofia da religiãoda teoria do conhecimento e das falácias - quatro campos IMPORTANTÍSSIMOS para qualquer estudo religioso mais sério.

Pra quem quer o acréscimo psicológico, acho importante também "Jung e os fenônemos psíquicos". Faz uma interface entre a espiritualidade, mediunidade e os conceitos junguianos. Especialmente para quem é mais espiritualista e não leu o "Memórias, Sonhos e Reflexões", do Jung. Ler um desses dois é quase obrigatório, a meu ver.

A partir daí, vai depender do interesse de cada um. Há boas obras para quem quer mais sobre curas e passes (Mãos de Luz, por exemplo), outros para quem é mais espírita, ou mais orientalista, ou mais hinduista, etc. Depende. Mas damos muitas sugestões lá na voadores.

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sábado, 18 de dezembro de 2010

O que você pensa a respeito do Hedonismo ?

É meu tema de trabalho em filosofia: Hedonismo Epicurista (o original) versus o Hedonismo NeoNarcisista (atual). Difícil explicar toda a tese aqui. Vou para o mestrado com ela. Mas adianto que há uma distorção do conceito do hedonismo, de Epicuro e da filosofia do Jardim. O que chamam hoje equivocadamente de hedonismo é praticamente o contrário.

Bem, isso quem estudou Phi antiga até sabe. Mas resta então compreender o que é que temos nos tempos atuais, e porque é chamado ou confundido com o "hedonismo". Que tipo de ideal ou justificativa é essa? Constitui ou não uma filosofia? Para falar disso, lanço mão da Psicanálise da Sociedade Contemporânea, de Erich Fromm, suas críticas ao hedonismo capitalista do Ter X Ser, e agrego as contribuições recentes de Baumann sobre a Modernidade Líquida. Retomo a idéia pouco difundida de Freud de tratar a sociedade, e não o indivíduo, aproveitando para isso as leituras feitas pela Escola de Frankfurt.

Aí dá para voltarmos a falar de hedonismo, o original e o atual, para tentarmos chegar em alguma conclusão. Posso adiantar que sou simpático ao hedonismo, o de Epicuro, e vejo nele algo de espiritual. Naturalmente, o que a maioria chama de hedonismo é outra coisa, que em alguns casos pode até mesmo ser patológico, seja do ponto de vista individual, seja no da análise da sociedade. Mas é um longo papo, que precisaria ser melhor demonstrado.

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Todo fenômeno mediúnico tem participação anímica?

A meu ver, sim.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Antidepressivo causa disfunção erétil ?

Hummmm... Em termos, isso é muito relativo.

1) Se está falando de Inibidores Seletivos da Recaptura da Serotonina, alguns deles podem reduzir as compulsões que temos como artifício para lidar com a baixa serotonina. Quaisquer compulsões, ou seja, alimentares, sexuais, tiques, atos ritualizados... Portanto, podem diminuir a parte COMPULSIVA do sexo, não necessariamente a libido normal. Acontece que todos reclamam de comer em excesso, brigar em excesso, ter manias em excesso, mas acham saudável e até feliz os seus feitos e exageros sexuais.

2) Por outro lado, esses mesmos medicamentos são ótimos para ejaculação precoce. São uma das indicações. Há uma tendência de menor excitação exagerada, além de uma maior tranquilidade. Dependendo da dinâmica sexual da pessoa, e até da idade, isso pode ser bom ou ruim. Se a pessoa normalmente tem boa ereção e grande desejo, pode ser que o "antidepressivo" (nome muito genérico) até melhore em muito a qualidade de sua vida sexual. Já para uma pessoa que tem dificuldades de ereção e pouco desejo, pode atrapalhar. Cada caso é um caso.

3) Há alguns Inibidores da Recaptura da Serotonina que são menos indicados para quem tem suspeita de transtorno bipolar, por poderem induzir manias (excessos) em quem tenha tendência, desenvolvida ou não - por exemplo a fluoxetina e a sertralina. Outros, como a paroxetina e o escitalopram, parecem (na minha clínica) gerar menos queixas de virada maníaca, tendo mais efeito serotoninérgico sem riscos de compulsão. Pois bem, na minha (pequena) amostragem clínica, me PARECE que os da segunda categoria geram mais queixas de perda de "performance" sexual, mas por outro lado não tem o risco de virada maníaca.

Por fim, note que diminuir a libido, especialmente a compulsiva, não é o mesmo que "causar disfunção erétil". E evidentemente, em se tratando de medicamentos que só são vendidos com prescrição médica, de preferência o especializado (psiquiatra), o mesmo deve ser consultado, para avaliar (em conjunto com o psicanalista, se houver um) quais as medicações mais adequadas para a pessoa de modo a não haver riscos físicos e psíqucis, mas também não os prejuizos afetivos e sociais.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Se as religiões cristãs estão certas, e existe Deus, Jesus e todas as coisas diretamente ligadas ao conceito, o Budismo, Taoísmo e demais religiões ao redor do mundo que tem sua base em outras coisas estão erradas?

Talvez todos esses sejam mitos humanos tentando adaptar algo maior ainda, incompreensível, às referências culturais de cada povo, tempo e região. Não creio que seja coisa de "certo" ou "errado".

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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Concorda com a Escala Evolutiva das Consciências apresentada pelo Waldo Vieira? Consréu transmigrada, Isca inconsciente, Serenão, etc... Você acredita que isso possa ser dividido dessa forma? Parabéns pelo seu trabalho!

Consréu, Isca e Serenão? Hahahaha. A embalagem é engraçada e pouco atrativa para quem não é da seita. Se isso puder ser dividido de forma absoluta, o que é muito relativo e pouco provável (as divisões são didáticas e atender sempre a direção traçada por uma ideologia); e se puder ser dividida DESSA forma, vamos combinar que poderiamos usar outros nomes, né? hehehe.

Olha, se for para fazermos divisões evolutivas para o espírito absoluto, ainda fico com a do sistema dialético de Hegel. Me parece que o "Serenão" está longe de chegar perto disso, ao contrário: a visão conscienciológica não observa o ser como parte deste UM absoluto, ainda me parece um pouco esfacelada e hierárquica, pouco verossímel, parecendo mais uma evolução (ou variação) dos diversos sistemas religiosos já existentes. A teologia conscienciológica me parece um pouco dependente demais do paradigma evolutivo, vejo pouco monismo e consciência do UM ali.

Se for para escolher uma divisão mais religiosa, prefiro a do Samkhya e do Vedanta. Se for para adotar alguma neo-filosófico-esotérica desses diversos tipos de neoespiritismo e pósespiritismo (onde, me parece, a conscienciologia se encaixa), me parece que a da Teosofia é um bom ponto de partida (embora complexo e subdividido demais). Portanto, com todo respeito, penso que essas criações mais estranhas do Waldo sejam ótimas para o sistema interno do Waldo, e de pouca praticidade para o mundo externo aos seus grupos.

Fica a dica para conhecer melhor o sistema de Hegel. Não para concordar, mas pelo menos para ter o parâmetro do que vem a ser uma divisão de fato mais estudada. É preciso mais do que rebatizar divisões simplistas com novas crenças.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

É favor da legalização da maconha?

A questão é complexa. Sou mais a favor da descriminalização do que de uma "liberação" irrestrita. Pelo menos no 1º momento.

Mas tendo a pensar que seria menos pior não deixá-la nas mãos de traficantes. A ilegalidade força usuários desta substância, relativamente leve, a terem que alimentar o narcotráfico e colaborarem (in?)diretamente com crimes e drogas mais pesadas.

Por outro lado, a experiência dos países que institucionaram maconha e prostituição infelizmente demonstrou o óbvio: o consumo e a prostituição não diminuiu, aumentou. Quanto mais maconha, mais maconha. O que exigiria outro tipo de controle e educação, já que trata-se inclusive de saúde publica. E, convenhamos, educação e saúde pública estão longe de ser o forte do Brasil.

Pessoalmente penso que já há várias drogas no Brasil que nem são ilegais nem podem ser vendidas indiscriminadamente. Anfetaminas, por exemplo. Estão na farmácia. Precisam de algum controle. E não dão lucro direto aos traficantes. Acho incoerente a maconha e o Daime não terem controle semelhante. Mesmo o álcool tem algum controle e impostos. Não é vendido em qualquer lugar. O uso antes de dirigir pode dar cadeia. Há grupos de apoio a usuários, que são vistos mais como doentes do que como criminosos. Não há motivo para haver tanta diferença com a maconha (indevidamente criminosa) e com a ayahuaska / Daime (indiscriminadamente liberada, apesar de bem mais potente e nociva que um simples baseado).

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

Como trabalhar a auto-estima para evitarmos delírios auto-referentes?! Como desenvolvê-la de modo equilibrado?! Tem alguma leitura sobre este assunto?

Bem, delírios e alucinações recorrentes não são sintomas de baixa-auto-estima, e podem indicar questões mais sérias.

Se a própria pessoa reconhece ter baixa-auto-estima a ponto até de sujeitá-la à possibilidade de delírios, me parece que é hora de considerar a possibilidade de algum tipo de psicoterapia ou análise.

Livros específicos tem suas limitações, inúmeras, e não passariam de auto-ajuda. Pode até ser que haja algo "específico" para essa situação genérica, mas dificilmente teria como considerar as particularidades de sua vida. No fundo o problema desses livros é o mesmo de certas "terapias", em particular as "alternativas" e "esotéricas": Acabam sendo "conselhos", ou seja, a projeção inconsciente do autor ou terapeuta. O que jamais será a sua vida, ou a solução de SEU inconsciente.

Psicanálise é outra coisa, quase o CONTRÁRIO de "terapia". Afinal, se eu der a MINHA solução para o seu "problema", ou a de minha "intuição" ou mesmo mentor (ao invés de me abster de julgar e ajudar a encontrar a SUA solução interna e pessoal), então não terei tirado você de SEU padrão, não terei trazido compreensão pessoal, e você CERTAMENTE repetirá o padrão com outras pessoas, depois.

Essa é minha ressalva contra livros de autoajuda, conselheiros, terapeutas "alternativos", substâncias curadoras externas (sejam alternativas ou farmacológicas) e psicoterapeutas cognitivo-comportamentais. Tudo isso pode ser muito útil em alguns momentos, SE aliado à compreensão das causas e ANÁLISE dos motivos inconscientes mais profundos. Isolados, podem ser mera panacéia, placebo, mudança superficial - ou, em alguns casos, serem até nocivos ou perigosos, por sujeitarem a pessoa que sofre a uma eterna repetição de padrões - sem mudar de fato a causa.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Como posso identificar sincronicidades no campo amoroso? Quando temos certeza de que algo vai acontecer isso é uma sincronicidade?

Para Jung, sincronicidades são coincidências SIGNIFICATIVAS, de teor simbólico. Coincidências cujo conteúdo não tenha grande importância ou impacto dificilmente são sincronicidades, como tratadas por Jung. É pouco provável que o universo se movimente inteiro apenas para mostrar alguma curiosidade irrelevante em relação à pessoa que amamos. É mais provável que, nesse caso, estejamos inconscientemente atentos a "sinais" menores, e propensos a darmos excessivo valor aos mesmos, por motivos óbvios inerentes à paixão.

É importante também termos discernimento para não acharmos que tudo no universo - até a placa de carro 1234 à nossa frente - seja um recado direto do Criador para nós. Isso costuma ser mais típico do delírio auto-referente, uma compensação psíquica de uma baixa-auto-estima ou sensação de inferioridade: (se o universo inteiro fala comigo, se as horas do relógio me dão recado, se os carros se alinham na avenida para que EU, o centro, observe a sequência de suas placas e coincidências numéricas, então EU devo ser muito importante...). Sincronicidade é outra coisa, uma série de eventos SIGNIFICATIVOS e acausais.

Não, uma convicção íntima - verdadeira ou não - não constitui uma sincronicidade, ou seja, uma série de coincidências significativas com interpretação simbólica no molde das que são possíveis em terapia, inconsciente e sonhos. Se sua convicção era improvável, e mesmo assim você "viu o futuro", pode ter sido outras coisas: premonição, dedução, idealização... No caso do amor, até mesmo um planejamento que lhe fez perseverar na busca de seu objetivo.

Quando conheci minha atual esposa, tive certeza íntima de que viveriamos alguma coisa mais adiante. Praticamente vi uma vida possível, e ainda não tinha motivos para isso. Não se tratou de sincronicidade, porém. Alguns poderiam chamar de premonição, mas eu prefiro chamar de "saudades do futuro". Eu sabia naquele momento que havia uma vida (possível) adiante. Mas isso não (necessariamente) teve nada de mágico, nem dispensou o meu (nosso) trabalho para que o relacionamento fosse possível.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Depois que você começou a estudar filosofia e psicanálise, como ficou sua relação com a espiritualidade, as bioenergias,a assistência energética e a projeção astral? Você ainda dá atenção para isso, e busca aperfeiçoar-se nestas áreas, ou

São coisas cada vez mais naturais em minha vida - e, portanto, menos "religiosas". A última projeção astral foi ontem, na clinica. A ultima palestra em centro espírita foi domingo, no Arujá, em uma casa que recebe até 300 pessoas por sessão. A ultima "assistência" foi hoje, em clinica social que pratico em meio aos meus atendimentos. Não preciso mais fazer propaganda, doutrina ou venda de curso disso, pelo menos nesse momento, por terem se tornado coisas naturais, imanentes, e não mais uma bandeira ou causa ou denominação religiosa. Posso entrar em sintonia na capela cristã da faculdade, ou no templo budista, ou em lugar algum. Vejo o tudo no nada e vice-versa, e isso é tão importante que chega a ter importância nenhuma, ou o contrário.

Dou risada - hoje silenciosa - de quem separa essas coisas, ou de colegas meus que acreditam que, por eu ter me tornado (também) filosofo e ou psicanalista eu de algum modo "deixei de dar atenção" as tais "essas coisas", como se a graduação ou o discernimento lhe transformasse em uma espécie de herege por, como Zaratustra, amar a vida aqui agora e não mais "lá depois", como se quem largasse a fantasia tivesse imediatamente desaparecido em uma curva da estrada, como se a vida só pudesse se dar na infância e ilusão, como se a ausência dessas fosse um certo ateísmo. Lembro imediatamente da saída da adolescência, e penso, compreeensivo, que tudo e todos tem seu tempo.

Psicanálise e Transpessoal tratam de inconsciente, terreno onde ocorre também o fenômeno do "inexplicável". Não é uma negação, ao contrário, dizer "inconsciente" é exatamente sair da discussão das supostas causas e teologias rrealizandonuma certa epoché fenomenológica, suspendendo temporariamente o juízo para mais ouvir o que as vozes e sonhos tem a dizer do que se perder na discussão do que ou quem as teriam causado. Na minha visão, junguiana, winnicottiana e wilberiana, aproximar-se da psique (alma em latim) de modo algum afasta de uma possível "espiritualidade". Ao contrário, talvez ela se expresse melhor com menos fantasias.

Quanto à filosofia, cito uma frase neoplatônica por demais verdadeira, quem tem ouvidos e vivencia para ouví-la, que ouça: "Um pouco de filosofia leva ao ateísmo. Muita filosofia nos reconduz a Deus". Quem já se viu diante da nadificação sem sentido do nada escutou no silêncio o tudo de Deus. E este, em geral, se calou. Não sem sorrir sem ninguém perceber.

Tanto faz, muitos antes passaram por aqui, e nao faz diferença o que eu achava deles antes de entender. Vale o mesmo sobre mim. Está tudo certo, e o vazio está pleno de Deus. Se um de nossos instrumentos se calar, tudo é música ainda assim.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa: