segunda-feira, 21 de março de 2011

Oi Lázaro. Você pode dizer algo sobre 2 situações: de um lado, temos algumas substâncias (como a chakrona e o cipó), permitem à alguns acessos ao TODO; e do outro tem linhas espirituais que precisam de anos de sadhana para poderem permitir o mesmo acesso.

A questão é bastante complexa, mas do modo que você coloca, parece tratar-se de uma iluminação fast food via substância. Do modo que você fala, parece que disciplina espiritual e auto-desenvolvimento é uma espécie de desconforto, pedágio, algo que atrapalha nossa urgência ansiosa de atingirmos logo os "resultados", a tal "iluminação". Dá o que pensar.

E não, não se trata do mesmo acesso. Até porque, espiritualidade é o caminho, e não o destino. A morte coloca todo mundo em contato com o "todo", mas suicídio não é espiritualidade.

Para continuar, o acesso instantâneo não é "ao todo", mas a algo. Algo que pode ter muito de espiritual, mas também pode ter muito de psíquico, mas também pode ter muito de patológico. Não é culpa do daime, nem da espiritualidade. Se alguém arrebenta - de uma vez só - as pilastras que sustentam nosso teto, o que estiver em cima vai desabar. Abrindo mão do ego - via morte, via loucura, via alucinógenos ou via qualquer outro modo - evidentemente vamos adentrar conteúdos do inconsciente pessoal e coletivo, INCLUINDO aí o dito "espiritual" (entre aspas, porque espiritualidade não é necessariamente ou tão somente "ver o invisível"), mas INCLUINDO também muitas outras coisas.

Quanto a acessos instantâneos e "sem esforço" ao que julgam ser o todo, não sou totalmente contra, especialmente para quem tiver bastante condições de lidar com isso. Ou seja, para os que tiveram - olha só a ironia - algum tipo de sadhana, disciplina, reforma íntima, auto-desenvolvimento, terapia ou recurso do gênero.

RESUMINDO, quem "precisa" tomar daime para atingir a "iluminação", em geral não tem condições internas de tomar. E quem tem condições internas de tomar, em geral não "precisa" tomar. Mas, claro, admito a possibilidade de EXCESSÕES, o que é o CONTRÁRIO de "generalizações".

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