segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O que fazer quando mesmo com psicanálise o sofrimento continua muito grande e percebemos que, mesmo depois de anos, continuamos sofrendo com as mesmas coisas? Chega uma hora que tanto sofrimento e energia gasta tentando superá-los cansa tanto!

A psicanálise é uma boa TÉCNICA. Não a única, mas um auxílio, e como tal tem seus limites, parte deles dado pela própria pessoa. Costumo lembrar aos pacientes que nada muda se você não mudar. Não é o desejo do analista que faz diferença, a psicoterapia é um constructo a dois. Eu não tenho a ilusão ou pressão de ter que resolver a vida do paciente, ele mesmo a construiu, e é ele quem a viverá fora de minha sala, onde passou poucos 45 minutos de sua existência. ENTRETANTO, procuro sempre lhe dar algo, mesmo que eu não possa intervir no passado dele, nem viver seu futuro. Pego as pessoas em um estado, dou consciência e as levo a outro. Estou em uma transição, somos ponte, bastante significativa, e ainda por cima móvel (se ele caminhar, estarei como ponte em outro lugar). Mas não tenho dúvidas de que a caminhada é individual, e sei de muitos pacientes que, embora já tenham consciência de suas questões, no fundo ainda repetem reações, pessoas e padrões. E sofrem com essa repetição. Não acho isso necessariamente "errado", cada um tem seu tempo, e creio fortemente que essa fase em que se sofre por notar que ainda comente os erros que já conhece não deixa de ser uma EVOLUÇÃO. Antes, sequer havia consciência! Agora já conseguem se autocriticar, ainda que uns dias depois! Em breve - e espero que seja breve mesmo - conseguirão enfim ter a voz do Self em tempo real. E certamente alguns vão errar mesmo assim. No próximo passo, terão crítica e não farão; e, posteriormente, quem sabe, sequer adentrarão a situação, compreendendo ENFIM que somos nós quem atraimos. Nada muda se você não mudar, e se as atitudes ainda são as mesmas, as mesmas pessoas e situações se repetirão.

Eu respeito todos os tempos que as pessoas pedem para si mesmas, mas costumo lembrar que 3 dias é muito pouco para se esquecer um grande amor, 3 semanas não farão muita diferença profunda ainda, mas 30 anos já é tempo demais. Quanto cada um precisa? 3 anos? 3 horas? 3 meses? 3 estações? Eu respeito qualquer timing, cada um é que sabe de sua dor, o quanto precisa repetir o mesmo sofrimento para aprender algo com isso em um nível profundo e reorganizador da própria existência. Mas sempre lembro que tempo de menos gera equívocos e dores maiores, e tempo demais pode significar sofrimento desnecessário e atraso existencial.

E você, quanto tempo ainda precisa permanecer na vivência do mesmo padrão - do qual parece já ser consciente - para perceber enfim que é preciso mudanças não só no outro, mas nas coisas mais simples e complexas de você? O que mais é preciso para você compreenda que podemos reescrever nosso passado a partir do futuro, e vice-versa? Eu respeito qualquer tempo, como eu disse, mas às vezes 3 dias é muito pouco, e 30 anos tempo demais. ;-)

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

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