domingo, 20 de fevereiro de 2011

Vc ja trabalhou com médiuns em consultório? Me parece que médiuns estão em constante alteração de sintonia é normal dizerem não saber se certos comportamentos são seus mesmo, quando inexperientes. Poderia o analista tratar a entidade ao invés do

A maior parte de meus pacientes me procura devido a questões espiritualistas. Eu trabalho fenomenologicamente ENTRE o psíquico e o dito espiritual. O analista NÃO TEM que tratar a "entidade", uma vez que não nos compete julgar o que EU, em minha crença (que pode ser diferente da dele) acho que causou o efeito psíquico no paciente, mas sim compreender o efeito psíquico, o que ele tem a dizer, quais efeitos, qual a atitude necessária a partir daí. E por não julgar digo não acreditar mas também não desacreditar. Se você notar bem, tanto faz o paciente acreditar que a causa de seu problema é um obsessor, ou a sombra de Jung, ou o demônio do evangélico, ou o inconsciente recalcado de Freud - observe que as quatro "explicações" no fundo atuam do mesmo jeito, dão o mesmo tipo de recado, e pedem mais ou menos o mesmo tipo de providência para modificar a sintonia. Então podemos tratar disso de modo TRANSPESSOAL e ao mesmo tempo ESTRUTURAL, fenomenológico, lidando com as dinâmicas, e não fazendo conversão do paciente às minhas crenças.

Se isso fica bem compreendido, dá para perceber também porque eu NÂO concordo com terapeuta ALGUM tratando de espírito em sessão clínica, e porque isso jamais tem como ser sério, nem como psicoterapia (que pede outros métodos), nem como espiritualidade autêntica (que pede outro cenário e não depende desta distorção). Nada pessoal com as boas pessoas que praticam isso com boa intenção, mas perceba que ao fazer isso, eu contaminei o setting terapêutico com as MINHAS crenças pessoais, o que de algum modo sobrepuja as do paciente, e o que infelizmente me fará fazer inferências MINHAS sobre "o que" pode estar causando o problema do paciente. Isso seria um absurdo em termos analíticos e transferenciais, uma vez que, ao dizer o que EU acho que seja, estou perdendo a oportunidade de garimpar o simbolismo interno do paciente, além de adentrar em um terreno transferencial praticamente inevitavel. E transferência é sempre uma via de duas mãos, portanto há um risco da sessão se tornar palco lamentável para carências mútuas, projeções psíquicas poderosas e até paixões e ódios (afinal, um dos dois está em um papel de pseudo-saber), ou seja, dependência - no caso bem remunerada. Acho TEMERÁRIO. Para entender melhor o porque, recomendo a leitura dos Artigos Sobre Técnicas de Freud, em especial em relação à transferência. Deveriam ser lidos por terapeutas de QUALQUER abordagem, mesmo se não adotarem os conceitos psicanalíticos. Talvez até mesmo professores de idiomas pudessem se beneficiar dessa compreensão desses mecanismos transferenciais.

Fala que eu te escuto... Pergunte-me qualquer coisa:

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